Fundos imobiliários de hotéis e lajes têm cenário mais incerto, diz gestor da XP
Com as mudanças impostas pela covid-19, alguns setores de fundos imobiliários se saíram melhor do que outros. O setores de hotéis e de lajes corporativas, assim como o de shoppings, por exemplo, foram alguns dos que sofreram. Para Pedro Carraz, sócio e gestor da XP Asset, que possui o XPHT11, de hotéis, e o XPPR11, de lajes, o cenário para esses ainda é turvo.
Os fundos imobiliários de hotéis, como o XPHT11, possuem mais barreiras pela frente. “A recuperação não é certa. Irá depender de como será o desenrolar da atual crise econômica e da pandemia. Enxergamos, por enquanto, uma recuperação em apenas dois ou três anos”, afirma Carraz.
“O turismo e a retomada das viagens tem muito a ver com a retomada do produto interno bruto (PIB). Neste ano, o primeiro semestre, para nós, já está comprometido, com a economia, provavelmente, regredindo. 2021 já está parcialmente perdido”, explica.
O XPHT11, por conta das restrições causadas pela pandemia da covid-10 e da crise econômica, interrompeu a sua distribuição de dividendos há quase um ano.
Em setembro de 2020, o fundo voltou a operar com 100% de suas unidades. Em fevereiro, três hotéis localizados na região Sul do país tiveram resultado operacional positivo pelo terceiro mês consecutivo, o que, segundo documento emitido pela XP, permitiria a distribuição de rendimentos em março – que foi cancelada, porém, por conta da piora da pandemia no mês.
Os valores, de acordo com a gestão do XPHT11 no último relatório, ainda não são materiais e estão distantes dos auferidos antes da pandemia.
Para Carraz, pode haver um pequeno boom do setor quando os casos de covid-19 voltarem a diminuir e a campanha de vacinação avançar, mas tudo ainda é incerto. “O turismo doméstico de lazer pode valorizar. É possível que exista uma demanda represada. Os brasileiros estão com menos poder monetário para viajar para o exterior e as pessoas estão cansadas de ficar em casa”, afirma.
O setor bussines, muito importante para os hotéis, porém, deve sofrer: “Boa parte das pessoas que viajavam a trabalho, agora pensarão duas vezes. A pandemia da covid-19 mostrou que as reuniões podem ser feitas de forma online.
“Não sei qual será o número de viagens a trabalho que serão mantidas. 70%, 80%? Precisamos esperar mais dois anos para obter essa resposta”, afirma.
Fundos imobiliários de lajes também têm futuro incerto
É nesse mesmo sentido que vai o comentário de Carraz sobre os fundos imobiliários de lajes corporativas, na qual a XP é presente, por exemplo, com o XPPR11, ou XP Properties, que viu a sua vacância avançar de 9% em maio de 2020 para 38% em março de 2021.
“Acredito em modelos híbridos. O desempenho dependerá muito da empresa e da área em que atua. Não sabemos ainda como será a ocupação. Escritórios não vão sumir, mas também não acredito em uma ocupação tão rápida. Qual a porcentagem de um time irá precisar ir para um escritório? Com qual frequência? É difícil responder” finaliza.
Tanto para os fundos imobiliários de hotéis quanto de lajes, então, é necessário esperar como será o desenrolar da pandemia para fazer mais afirmações.