Banco Pan (BPAN4) dispara 16% após compra do BTG; digitalização agrada
O BTG Pactual (BPAC11) anunciou, nesta madrugada, a compra da participação da Caixa no Banco Pan (BPAN4). Especulada há anos, a compra representa o desejo do banco de André Esteves em utilizar a base digitalizada da instituição para atingir novos públicos — e pagando R$ 3,7 bilhões por isso.
O negócio agradou o mercado. Por volta das 13h10 desta terça, os papéis preferenciais do Banco Pan subiam mais de 16%, ultrapassando os R$ 13. O Pan preenche lacunas na proposta de valor do BTG. Atingindo diversas frente do setor bancário, ele é um banco múltiplo, com uma plataforma própria de investimentos e banco digital para o varejo de baixa renda.
O antigo banco de Silvio Santos migrou para um modelo digital — já reportando lucros — após começar como uma financeira voltada ao consumo. No ano passado, a companhia lucrou R$ 656 milhões, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que impactou as classes C e D, as quais o banco conversa.
Por outro lado, a aquisição não deve pesar sobre o balanço do BTG. Desde o início do ano passado, a companhia captou R$ 5 bilhões no mercado, e escolheu o ex-Panamericano para alocar sua liquidez, adquirindo a totalidade do capital votante da instituição.
BTG já havia demonstrado interesse em ações do Banco Pan
O banco de investimento já havia demonstrado interesse em adquirir os papéis na oferta secundária que a Caixa faria com sua participação, anunciada no mês passado. Contudo, o banco preferiu fazer uma proposta direta, e que acabou sendo solucionada de forma rápida. Assim, a instituição pública evitou a volatilidade da Bolsa e ainda deu andamento à agenda de desinvestimentos do governo federal.
Em relatório divulgado há pouco, a XP vê o negócio com bons olhos. “Parte da carteira de crédito consignado do Pan era cedida à Caixa, o que poderia ser um ponto de atenção. No entanto, enxergamos a carteira como de fácil securitização, o que não deveria representar riscos para o banco.”
A corretora, na figura da analista Camilla Dolle, disse que os possíveis riscos da transação estão mitigados, mesmo com um depósito de R$ 8 bilhões de titularidade da Caixa no Pan, “que é possível de equalizar, considerando o bom acesso do Pan a plataformas de captação”.
Enquanto o Banco Pan disparava, sendo uma das maiores altas da Bolsa no dia, as ações do BTG Pactual subiam pouco mais de 3%, demonstrando como o mercado entendeu o negócio como via de mão única — e positiva.