IPCA, covid e Fed: confira os principais eventos da próxima semana
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) será o grande destaque econômico desta semana relativamente fraca do calendário de eventos que mexem com o mercado financeiro. Além do índice, os investidores ficarão de olho na divulgação das atas das reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, além de acompanhar o imbróglio do orçamento federal e os números da covid-19 no Brasil, que podem levar a mais instabilidade política e novas restrições ao comércio e serviços.
A divulgação do IPCA na sexta-feira será acompanhada de perto pelos investidores, que buscarão identificar se há sinais de redução na escalada inflacionária ou se os núcleos seguirão pressionados nas margens.
A expectativa do mercado é de um número feio, na casa de 1% de alta em março, o que levaria o IPCA em 12 meses acima dos 6%. Entre os componentes que formam o índice, deverão ter destaque as altas na gasolina, gás natural, carnes e veículos, superando quedas em passagens aéreas e educação.
Antes do número da inflação oficial, será publicado o IGP-DI de março na quarta-feira, que deverá mostrar uma inflação de 12 meses acima dos 30%. O índice deverá refletir a alta no atacado do preço dos combustíveis, do minério de ferro, que compensaram as quedas em carnes.
Após anos de relativa tranquilidade, a inflação voltou a frequentar as discussões econômicas do país em meio a um repique no índice oficial desde o final do ano passado. Há meses, o IGP-M, conhecido como o índice que reajusta os aluguéis, já mostrava números de dois dígitos com a força da inflação no atacado.
No fim do ano, o IPCA começou a dar sinais claros de fortalecimento levando a discussões se o BC tinha perdido a mão ao manter a Selic baixa em 2% durante tanto tempo. A possível desancoragem da inflação no final de 2021 e 2022 levou o Copom a acelerar a alta dos juros ao elevar em 0,75 p.p. a Selic em março, acima das previsões de aumento de 0,5 p.p.
Ainda no Brasil, a indústria de automóveis deverá mostrar números de produção e venda de veículos em março. A expectativa é que a Anfavea e a Fenabrave mostrem queda no mês passado, refletindo o fechamento de indústria e comércio por falta de peças e por proteção contra o avanço da covid-19.
O andamento da doença no Brasil seguirá no radar. Com o país sustentando uma média diária de mortes acima de 3 mil e os hospitais funcionando perto de sua capacidade máxima, o debate sobre um estado de calamidade — com impacto fiscal negativo — volta à tona e um novo aumento de dívida fora do teto de gastos preocupa os investidores. No curto prazo, a escalada da covid-19 pode provocar mais fechamentos e restrições à movimentação, indústria, comércio e serviços.
No radar dos investidores também estão as discussões sobre o Orçamento de 2021, aprovado pelo Congresso, mas considerado inexequível pelo Executivo. Diversos analistas, inclusive a Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI), mostraram reduções artificiais em gastos obrigatórios, o que poderá levar a crime de responsabilidade se o presidente Jair Bolsonaro sancionar o texto.
Atas de política monetária e Powell nos EUA
No exterior, quarta-feira e quinta-feira deverão ser os dias mais interessantes para aqueles que acompanham o mercado. Nesses dias serão divulgados, respectivamente, a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve e a do Banco Central Europeu.
Os investidores ficam sempre de olho em sinais que os diretores dos bancos podem dar sobre como estão vendo as restrições, inflação e a recuperação da economia após a covid-19.
Na quinta0-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, deverá fazer um discurso público às 13h.
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