Via Varejo (VVAR3) elege temas-chave para avançar na agenda ESG, diz CEO
Quando a nova direção da Via Varejo (VVAR3) tomou as rédeas da companhia em meados de 2019, o foco era o turnaround necessário para a sobrevivência da empresa. Agora, com um recorde de receita bruta no ano passado, outras prioridades passam a chamar atenção, e uma delas é avançar na agenda ESG – sigla para os temas meio ambiente, social e governança.
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A preocupação da Via Varejo se justifica. Em todo o mundo, o tema ESG tem ganhando cada vez mais relevância, levando algumas empresas a serem excluídas por investidores preocupados com a pauta ambiental e de governança. A BlackRock, por exemplo, informou em 2020 que vai desinvestir em ativos com alto risco de sustentabilidade, como carvão para térmicas, além de endereçar as questões de governança e tratamento da força de trabalho.
Em entrevista exclusiva ao SUNO Notícias, o CEO Roberto Fulcherberguer reconhece que cada vez mais grandes investidores têm olhado para as premissas ambientais, sociais e de governança, e que iniciativas neste caminho impactam o resultado das empresas.
No Brasil, algumas empresas importantes estão ficando para trás nesta corrida. A Vale e a Eletrobras recentemente foram excluídas do portfólio do Fundo Soberano da Noruega por questões ambientais.
A Via Varejo, uma das queridinhas do mercado com uma valorização de 111% nos últimos 12 meses, que se antecipar nesta frente.
Em busca de ampliar seu escopo no tema, a empresa anunciou que irá colocar veículos elétricos na rua para realizar suas entregas e que, até 2025, 80% de toda a energia utilizada será renovável. Já neste ano, mais de 130 lojas (pouco mais de 10% do total) serão abastecidas exclusivamente por energia solar.
“As mudanças ocorridas desde 2019 em governança, com novas políticas e códigos de ética, foram revolucionárias no mercado”, diz o executivo. “Agora, nós estamos ‘empoderando’ as áreas de diversidade e sustentabilidade, que já continham boas iniciativas. Nesse sentido, a maior iniciativa que pudemos fazer foi colocar duas executivas em nosso comitê para serem embaixadoras da Via Varejo.”
Empresa tem duas executivas liderando as áreas
A companhia escolheu Amanda Ferreira como embaixadora de Diversidade, e Vanessa Romero, de Sustentabilidade.
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As executivas destacam a mudança de cultura na empresa desde que a nova direção assumiu o controle há um ano e meio. Antes, as áreas de diversidade e sustentabilidade ficavam dentro do RH de forma protocolar; agora isso está intrínseco aos segmentos da companhia.
Romero salienta que a empresa já tinha um trabalho em curso com resíduos há mais de 10 anos. “Em 2018, a Via Varejo colocou em prática um programa de coleta de resíduos que é o maior do varejo brasileiro”, diz a embaixadora.
No ano passado, foram administradas 5 mil toneladas de resíduos que deixaram de ir para aterro.
A empresa possui um trabalho de logística reversa, com o número de coletores de eletroeletrônicos que são descartados nas lojas da Via Varejo triplicando em 2020, chegando a um total de 400 unidades no ano.
No fim das contas, todos esses processos são implementados por pessoas, o que faz com que a diversidade na empresa seja grande. “O nosso desafio é adequar toda a grande estrutura da empresa, com mais de 47 mil funcionários, com inclusão. Temos a consciência que diversidade é boa para o negócio em si, não somente porque somos bonzinhos”, disse Ferreira, da Diversidade, na entrevista.
O objetivo da empresa neste sentido é trazer para dentro de sua concepção de negócio a pluralidade do território nacional. “A Via Varejo conversa com 87 milhões de pessoas no Brasil. A empresa entende que os produtos e serviços precisam ser adequados à amplitude do que o País representa.”
Fulcherberguer se diz “apaixonado” pela agenda ESG, e quer acompanhar de perto os avanços da empresa. “A partir deste ano, com o novo posicionamento da companhia e a aproximação do CEO, nosso objetivo de mais diversidade e inclusão na estrutura da Via Varejo serão mais palpáveis”, diz Ferreira.
“Somos uma empresa de gente que se relaciona com gente. Esse é o nosso core. Mesmo com um processo de venda cada vez mais digital, mais frio, nós conseguimos ganhar market share no ano passado — com um modelo híbrido, um on-line assistido, onde é possível proporcionar um mesmo atendimento carinho que existe na loja”, diz o CEO.
Via Varejo precisa gerar lucro, mas também tem um papel na sociedade, diz presidente
As premissas do ESG têm sido destaque do mercado nos últimos anos — não somente como um complemento às operações. Frente às práticas de degradação do meio ambiente, corrupção e desigualdade intensificada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), as empresas, enquanto organismos vivos essenciais para a sociedade, têm sido vistas com olhos mais críticos por todos os stakeholders.
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Fulcherberguer diz que essa mudança de postura da empresa frente ao mercado já tem sido observada pela sociedade. “Em nosso programa de trainee, recebemos 50 mil inscrições — número maior do que todo nosso quadro de funcionários. Acabamos com aquela tradição de escolher os formados nas melhores universidades, com MBA e fluente em línguas. O brasileiro não é isso.”
“Temos, sim, que gerar lucros aos acionistas, mas não adianta a companhia andar totalmente descolada da sociedade. No final do dia, são as pessoas que vão fazer a Via Varejo.”
Em setembro de 2020, chegou à B3 o índice ESG da Standard & Poor’s, com a participação da Via Varejo. A carteira teórica elenca as 96 empresas brasileiras que mais se destacaram no quesito em 2020.
Ano passado, inclusive, a Fundação Casas Bahia registrou o maior investimento da sua história, com um valor 74% superior ao do ano anterior, buscando atender as necessidades emergenciais das comunidades frente à pandemia.
Em termos financeiros, o retorno também já foi observado pela companhia. Segundo Fulcherberguer, a inserção de clientes de classes A e B no ano passado era inimaginável anos anteriores, quando a Casa Bahia conversava majoritariamente com as classes C e D.
“Além do crescimento acelerado em digitalização, isso mostra o quanto as pessoas gostam de se relacionar com a Via Varejo. Isso mostra o quanto a companhia é democrática”, diz o presidente da empresa.
“Entendemos que ainda há muito a ser feito, se trata uma jornada. Existem desafios pela frente. Mas com certeza temos o brilho nos olhos e o compromisso de estar cada vez mais melhorando”, diz a responsável pela diversidade na Via Varejo.