J&F suspende na Justiça transferência da Eldorado para a Paper Excellence
A J&F conseguiu neste domingo (21) na 2ª Vara Empresaria e De Conflitos Relacionados à Arbitragem de São Paulo a suspenção da transferência do controle da Eldorado Brasil Celulose, até então sob seu poder, para a Paper Excellence.
De acordo com o fato relevante publicado pela J&F, a Justiça optou por suspender todo o procedimento de transferência da empresa de celulose para a companhia da Indonésia, pertencente à família Widjaja, para analisar o pedido de anulação da arbitragem.
A Paper Excellence ganhou em fevereiro, após mais de três anos de discussões, o processo de arbitragem em questão contra a J&F. Este definiu que a transmissão do restante do capital ainda em posse da holding brasileira dos irmãos Batista para a companhia indonésia devia ser finalizada. A PE ganhou o direito de concluir os procedimentos acertados na venda da Eldorado, em 2017.
Agora, a J&F pediu a anulação total do processo de arbitragem, afirmando ter sido prejudicada por uma invasão aos seus computadores, que alega possivelmente ser ligada à Paper Excellence. Nesta, segundo a holding, e-mails de executivos e advogados que lidam com o assunto foram invadidos. A companhia também argumenta que um dos árbitros do processo omitiu sua ligação com a PE.
PE argumenta que J&F se arrependeu da venda
Com a suspensão da arbitragem, a Paper Excellence pausa, ao menos momentaneamente, o pagamento antecipado de dívidas da Eldorado perante o BNDES, o Banco do Brasil e o Banco de Lage Landen, inclusas no contrato de compra. As quantias somam mais de R$ 10 bilhões, dos R$ 15 bilhões negociados inicialmente pela totalidade das ações da Eldorado, e já foram depositadas em juízo.
Estas dívidas foram o cerne do problema envolvendo as duas empresas. Em 2017, a companhia da Indonésia adquiriu sua fatia atual na empresa, de 49,41% por R$ 3,8 bilhões. Posteriormente, com o pagamento dos déficits, a empresa assumiria 100% de participação na Eldorado.
Os Batistas, porém, interromperam a negociação alegando que a Paper Excellence não liberou garantias através de sua holding para acertar as dívidas. A PE, por outro lado, afirma que a própria J&F criou barreiras para o pagamento dos déficits. A empresa da indonésia afirma que a J&F se arrependeu da venda por conta da valorização da celulose após o fechamento do contrato.
A J&F é a holding dos irmão Batistas, que possuem, entre outros ativos, a JBS (JBSS3), o Banco Original e o PicPay. Ela é dona, atualmente, de 50,59% do capital da Eldorado, segunda maior produtora de celulose do país, atrás apenas da Suzano (SUZB3).