Condições do mercado fazem Agrogalaxy suspender IPO, diz jornal
A Agrogalaxy, varejista de insumos agrícolas, suspendeu sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) por conta das condições do mercado nas últimas semanas. A informação foi revelada pelo jornal Valor Econômico.
A precificação das ações da Agrogalaxy no âmbito da oferta estava marcada para esta quarta-feira (10), mas na tarde de ontem os investidores interessados na companhia foram comunicados de que a empresa aguardará outra janela oportuna para estrear na Bolsa. Possivelmente, segundo o jornal, isso acontecerá no fim do ano.
O mercado brasileiro passa por um período de forte turbulência. Nos últimos 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro interviu na Petrobras (PETR4), a alíquota de impostos foi elevada para os bancos, dúvidas sobre o fatiamento da PEC Emergencial e a anualação das condenações do ex-presidente Lula fizeram com que os investidores ficassem com um pé atrás.
Especialistas consultados pelo SUNO Notícias já haviam apontado que, embora diversas ofertas estejam na fila da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), algumas poderiam não sair do papel por conta da piora no cenário.
Desde o início desta semana, investidores que cogitavam aportar recursos na Agrogalaxy foram sondados sobre o interesse na operação caso houvesse um desconto entre 20% e 30% sobre a faixa de preço indicada inicialmente. Com o aperto do risco sistemático brasileiro, a oferta acabou ruindo.
Agrogalaxy pretendia reforçar giro e estrutura de capital
A faixa de preço indicativa para as ações da empresa ligada ao agronegócio ia de R$ 15 a R$ 20. Considerando o meio do intervalo, de R$ 17,50, a operação poderia levantar R$ 1,4 bilhão, sem considerar os lotes extras. A Agrogalary visava utilizar os recursos da oferta primária da seguinte forma:
- Investimento em capital de giro;
- Reforço da estrutura de capital;
- Crescimento orgânico e inorgânico;
- Modernização das unidades de produção.
Em relatório, os analistas da SUNO Reserach apontam que além de a Agrogalary estar em um setor com perspectivas de crescimento, suas lojas estão posicionadas em locais estratégicos para o agronegócio, como as regiões Centro-Oeste e Sudeste.
No entanto, o grau de alavancagem financeira da empresa preocupa. “A AgroGalaxy apresenta níveis de endividamento muito mais altos do que acreditamos ser saudáveis. Nos primeiros dez meses de 2020, o indicador dívida líquida ajustada pro forma/Ebitda ajustado pro forma foi de 5,3 vezes”, dizem os analistas da casa.