Dólar rompe barreira de R$ 5,70 e especialistas veem moeda a R$ 6 em breve
O dólar avança durante a tarde desta terça-feira (2), pressionado pela situação política brasileira. Por volta das 12h40, a moeda norte-americana rompeu a barreira dos R$ 5,70, subindo 2% e negociada a R$ 5,73. Agora, às 15h, o dólar varia a 1,48%, cotado a R$ 5,69.
O dólar reverteu a queda do começo do ano, quando era negociado a R$ 5,44, devido às últimas movimentações políticas e econômicas. Com isso, a moeda segue uma tendência de alta, com expectativa de atingir R$ 5,92 no médio prazo.
Na análise do diretor dos serviços financeiros da IBC Consulting, Leandro Araújo, se o Banco Central (BC) não intervier, os brasileiros poderão ver a moeda ser cotada próxima dos R$ 6,00.
“O dólar segue uma tendência de alta, que reverteu o começo do ano, e a nossa perspectiva é que a médio o prazo o dólar chegue a R$ 5,80, caso não haja intervenção do BC, ele pode ir para R$ 5,92”.
As últimas movimentações, como intervenção na Petrobras (PETR4), e agora, taxação do bancos e declarações do ministro da Economia, pressionam a moeda norte-americana. Para tentar ‘combater’ a subida do dólar é necessário que o BC suba a taxa básica de juros do Brasil (Selic).
“O que o Bolsonaro está fazendo de sobretaxar os bancos, é uma medida populista que não resolve nada no longo prazo, só prejudica o país para dar satisfação para sua base eleitoral. A situação política está enfraquecendo bastante a moeda, enquanto o BC não subir as taxas de juros a tendência do dólar é ir se fortalecendo em comparação com o real”, analisou Araújo.
O governo brasileiro irá aumentar o imposto cobrado sobre os bancos para zerar o PIS/Cofins sobre o diesel. Ainda com o mesmo objetivo, o governo decidiu interromper as renúncias tributárias para o setor petroquímico, e reduzir a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis para pessoas com deficiência.
Brasil corre risco de virar Venezuela, diz Guedes
Além das movimentações políticas, os investidores estão atentos à fala de que o Brasil pode se tornar uma Venezuela vinda do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes.
Durante o podcast do Primo Rico, o ministro disse que para o País virar uma Argentina bastam seis meses e para chegar a uma Venezuela apenas um ano e meio.
Depois confessou que exagerou um pouco, e que precisaria, na verdade de uns três anos para virar a Argentina e uns cinco ou seis anos para chegar à Venezuela. Mas isso, se o governo junto com o Congresso Nacional não seguir pelo lado das reformas e da responsabilidade fiscal.
As falas de Guedes repercutem diretamente no mercado, segundo a análise de Araújo. “Essa declaração vindo de um ministro da Economia que está forçando para manter as taxas de juros artificialmente baixas, com certeza da uma chacoalhada no mercado”.
Já o âmbito externo está tranquilo, com destaque para vendas no varejo na Alemanha, principal economia da Europa. As vendas no varejo sofreram considerável queda de 4,5% em janeiro ante dezembro em meio a restrições motivadas por uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus.
Última cotação do dólar
Na última sessão, segunda-feira (2), o dólar encerrou o pregão em queda de 0,087%, negociado a R$ 5,60.