Ibovespa cai mais de 1%, mesmo com recuperação do bancos; Via Varejo (VVAR3) puxa quedas
O Ibovespa opera em queda no início da tarde terça-feira (2), mesmo com a recuperação dos bancos. As instituições financeiras puxaram o indíce para baixo no último pregão, com o receito dos investidores em meio ao aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). A Via Varejo (VVAR3) cai quase 7% antes da divulgação dos resultados.
Por volta das 14h, o Ibovespa recuava 1,36%, para 108.839 pontos. Para a XP Investimentos, a reação com os bancos ontem foi exagerada. Segundo a corretora, mesmo com a falta de visibilidade sobre as novas medidas propostas pelo presidente Jair Bolsonaro, os bancos caíram em média 2,7%.
“Acreditamos que a reação foi exagerada, uma vez que o imposto só deve entrar em vigor a partir de julho, a medida só é válida para 2021 e o Congresso ainda tem que aprovar a proposta”, disse o analista Marcel Campos. Para ele, os lucros e o valuation dos bancos deve cair aproximadamente 3,7% com um aumento permanente de 5% na CSLL.
Essa é a mesma visão de Luis Sales, analista da corretora Guide. “Vejo um impacto pequeno nos bancos. Obviamente, isso será repassado a empresas e consumidores, pois o custo de crédito será elevado. Isso trouxe estresse para o mercado.”
Ações ligadas ao turismo, transportes e shopping centers também operam em queda. A Azul (AZUL4), CVC (CVCB3), EcoRodovias (ECOR3) e Iguatemi (IGTA3), por exemplo, sofrem com a perspectivas de novas medidas de isolamento social, fechamento do comércio e implementação de lockdowns, dada a demora na vacinação no País.
“O impasse entre Bolsonaro e os governadores, em meio ao pior momento da pandemia no País, acentua a preocupação e a cautela do mercado. Acredito que o Brasil seja um dos únicos países que está em pior situação neste ano do que no ano passado”, afirmou Sales, salientando o impacto no dólar e na curva de juros.
Lá fora, após os mercados demonstrarem força no último pregão — o mais positivo desde junho –, os principais índices acionários norte-americanos operam em queda. Mesmo com a espera pelo novo pacote de estímulos do presidente Joe Biden e o recuo dos Treasuries, o dia é de realização.
Permanece no radar dos invetidores a agenda de resultados corporativos da semana.
O que sobe e o que cai no Ibovespa
- Itaú (ITUB4) sobe 2,18% após queda de 3% no último pregão. Aumento da CSLL pode impactar lucro líquido.
- Bradesco (BBDC4) avança 1,62%, na esteira da recuperação dos bancos. XP Investimento reitera compra.
- Usiminas (USIM5) opera em alta de 1,72%, acentuando o bom momento para empresas do setor siderúrgico.
- Bradespar (BRAP4) sobe 1,33%, com a alta de 1,24% do minério de ferro negociado na China.
- Via Varejo (VVAR3) cai 6,44% antes da divulgação do resultado após o fechamento do mercado. Ação caiu 40% nos últimos quatro meses.
- Intermédica (GNDI3) recua 5,49%, mostrando uma realização dos ganhos dos últimos pregões após a confirmação da fusão com a Hapvida (HAPV3).
Também chama atenção o alto número de emendas inclusas na MP da privatização da Eletrobras (ELET3). Em dois dias, foram apresentadas 570 emendas, o que dá mais de uma por parlamentar na Câmara dos Deputados.
Dentre as emendas, foi proposta a realização de um referendo nacional sobre o futuro da companhia (proposta por partidos oposicionistas) e a retirada da golden share da privatização (ideia do Novo).
“Já tínhamos uma visão cética sobre a MP da privatização da Eletrobras. Estamos começando a ver os resultados da ideia a partir disto: muitas emendas e falta de discussão e alinhamento”, disse o analista da Guide. “O foco é totalmente desviado, nem cabe uma análise mais profunda sobre isso.”
Última cotação
De forma distinta ao Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última segunda-feira com uma alta de 0,27%, a 110.334,84 pontos.