Petrobras (PETR4): ação sobe 3%, mas analistas alertam para efeitos não recorrentes

Após a Petrobras (PETR4) divulgar nesta quarta-feira (24) seu balanço do quarto-trimestre de 2020, com um lucro líquido surpreendente de R$ 59,9 bilhões, muito maior do que as estimativas do mercado, as casas de análise começaram a comentar os números. Em comum, um alerta: atenção para os efeitos não recorrentes.

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“Apesar de tal número de lucro ser o que figura normalmente nas manchetes dos jornais, recomendamos novamente cuidado com tal resultado, tendo em vista o impacto positivo de diversos itens sem efeito caixa”, diz o relatório da XP Investimentos. Já o BTG Pactual afirma que o conjunto dos resultados foi confuso, apresentando vários “impactos únicos”.

Para chegar ao lucro líquido apresentado no seu balanço trimestral, a Petrobras somou uma reversão de baixa de ativos de R$ 30 bilhões e uma reversão de despesas incorridas com planos de saúde no passado de R$ 13 bilhões. Ao total, foram R$ 48 bilhões de efeitos não recorrentes.

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Ebitda da Petrobras veio em linha com o consenso

Fora efeitos não recorrentes, a Petrobras apresentou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 35 bilhões, em linha com o esperado pela XP e pelo BTG. Para o Goldman Sachs, esse número veio melhor do que o esperado, superando em 24% as projeções.

Na geração de caixa, o BTG e o Goldman Sachs afirmaram surpresa. A XP pontuou que, apesar de saudável, os R$ 19,4 bilhões angariados representam uma queda de 29% na comparação com o terceiro trimestre de 2020. A redução da dívida líquida, que caiu 2,2% na comparação trimestral, e da alavancagem, que foi de 2,3 vezes para 2,2 vezes no mesmo período, foi considera como positiva pelas três casas.

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Questão política agora é principal foco

O Goldman Sachs pontua que viu o balanço da Petrobras como bom, que acredita que o desempenho no setor de óleo e gás foi melhor do que o esperado e declarou ver melhora no Ebitda do setor de refino. O BTG, no sentido contrário, viu o segmento de refino pior do que as expectativas.

O Goldman Sachs defende que os investidores agora esperam o desenrolar das notícias recentes da companhia, mas o banco recomendou a compra e fixou o preço-alvo dos ADRs em US$ 15,20 e das ações preferenciais em R$ 37,30.

O BTG manteve a recomendação em neutra, com o preço-alvo do ADR em US$ 11 e afirmou que “ações falam mais que palavras”: os analistas também acreditam que as próximas ações da companhia é que ditarão o futuro.

Para a XP, a recomendação é de venda com o preço-alvo para a ação preferencial da Petrobras em R$ 24. Segundo os analistas da corretora, os resultados do quarto trimestre, com os acontecimentos recentes, não refletem mais as atuais condições da companhia, com os preços do diesel vendidos pela estatal defasados e com os riscos políticos mais altos.

Às 10h30, as ações preferenciais da Petrobras avançavam 3,20%, vendidas a R$ 25,19. Os ADRs subiam, 2,95%, negociados a US$ 8,72.

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Vitor Azevedo

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