Caso de Flávio Bolsonaro suscita cautela em Planalto

O Palácio do Planalto iniciou estratégia para evitar que a intensificação das suspeitas no caso do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) torne-se uma crise de governo. O filho do presidente da República tem movimentações atípicas no histórico de sua conta bancária.

A equipe ministerial recebeu orientação para evitar comentar os eventos relacionados à Flávio Bolsonaro em público, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”.

Os ministros devem tratar o assunto como uma questão particular do filho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Desta forma, o intuito da estratégia escolhida é proteger a gestão federal das suspeitas. Minimizando os risco da desconfiança sobre Flávio Bolsonaro contaminar a imagem do presidente.

A equipe do Planalto sugere que o senador eleito esteja aberto ao diálogo com a Imprensa, concedendo novas entrevistas. Nestas, o senador eleito teria oportunidade de explicar o episódio.

Assim, os aliados do governo teriam repertório de argumentos para defender o filho do presidente a fim de evitar uma crise de governo.

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As suspeitas sobre Flávio Bolsonaro

Um fragmento do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontou movimentação atípica na conta bancária de Flávio Bolsonaro.

Sem identificação da fonte, foram 48 depósitos feitos entre junho e julho de 2017. Cada um deles no valor de R$ 2 mil, totalizando R$ 96 mil.

O documento afirma que o fato das transferência total ter sido fracionada levanta suspeita de ocultação da origem do dinheiro.

Confira abaixo as datas e as quantidades dos depósitos, às quais o “Jornal Nacional” obteve acesso:

  • 10 depósitos no intervalo de 5 minutos, entre 11h02 e 11h07 do dia 9 de junho de 2017;
  • 5 depósitos, feitos em 2 minutos, das 16h58 às 17h do dia 15 de junho de 2017;
  • 10 depósitos, em 3 minutos, das 12h21 às 12h24 do dia 27 de junho de 2017;
  • 8 depósitos, em 4 minutos, entre 10h52 e 10h56 do dia 28 de junho de 2017;
  • 15 depósitos, em 6 minutos no dia 13 de julho de 2017.

Os depósitos foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).

Opinião dos parlamentares no caso do filho do presidente

Luciano Bivar, o presidente do PSL defendeu Flávio neste sábado (19). Bivar afirmou ter “absoluta convicção” da integridade do senador eleito.

“Pelo o que eu conheço, ele (Flávio) é uma pessoa decente. O Jair teve sorte de ter três filhos que se fizeram pelas próprias competências”, alegou o presidente do partido.

Todavia, a avaliação geral entre os parlamentares do partido é de que o relatório do COAF apenas eleve o desgaste do episódio, segundo a “Folha de S. Paulo”.

Somado à isso, o relatório também enfraquece a argumentação de Flávio. O principal recurso que o senador eleito possuía era o de que as movimentações atípicas eram problemas restritos a seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, aos quais apenas Queiroz poderia dar explicações.

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Reservadamente, parlamentares avaliam que a gestão do caso de Flávio Bolsonaro, por ele mesmo, não estancou o prejuízo para o governo.

A avaliação, no curto prazo, é de que o político estará fragilizado para o início do seu mandato como senador.

“Você tem um problema agora que já merece dele (Flávio) explicações claras. Ele vai ter que se explicar”, opinou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM). Cavalcante faz parte de uma parcela de aliados que cobram explicações do filho do presidente.

“Agora, também tem que ser justo. Se houver ilícito, não é nenhum ilícito da prática de senador [seria anterior ao mandato]. Ele vai ter que responder como deputado estadual no exercício da função”, acrescentou o deputado.

Conforme Cavalcante, o caso deveria ser apurado pela Justiça estadual.

Todavia, o político do DEM acredita que a intensificação das suspeitas sobre o senador eleito não pode ser utilizada para atingir o presidente.

“Também não acho justo imputar um erro do filho ao pai, ou vice-versa. Cada um responde por si, cada um tem o seu CPF”, declarou.

Na última sexta-feira (18), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, alegou que o episódio envolvendo Flávio Bolsonaro é uma tentativa de minar o governo federal por meio do que ele classifica como um terceiro turno das eleições presidenciais. A fala do ministro ocorreu antes do relatório do COAF vir a público.

Amanda Gushiken

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