Prisão de Daniel Silveira pode balançar agenda econômica
O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) foi preso na noite da última terça-feira (16) após divulgar um vídeo com ofensas aos ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, movimentou a Câmara dos Deputados e pode atrapalhar a agenda econômica do País.
A crise instaurada pelo Poder Legislativo e o Judiciário ocorre em um momento em que os congressistas avaliam renovar o auxílio emergencial. As discussões, nesta quarta-feira (17), foram paralisadas para discutir o futuro de Daniel Silveira, deputado bolsonarista.
Em fala à coluna Radar Econômico, da revista Veja, um importante membro da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro disse que “parece até sabotagem”. Segundo o colunista Machado da Costa, o entendimento dos parlamentares é que a prisão ocorreu na pior hora possível, e que pode representar uma tentativa de minar a continuidade do governo de Bolsonaro.
E equipe econômica, no entanto, procura manter sua agenda intacta, mesmo em meio ao momento de tensão em Brasília. Nesta tarde, o ministro Paulo Guedes se encontrou com o senador Marcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC do Pacto Federativo e responsável por incluir a cláusula de calamidade, que restabelecerá o auxílio emergencial.
Segundo a coluna, Guedes recebeu com “produnda tristeza” a notícia da prisão de Silveira, e que isso pode atrapalhar, novamente, a retomada da economia do País.
Auxílio emergencial não deve ser afetado
Para Conrado Gamalhães, especialista em política da corretora Guide, consultado pelo SUNO Notícias, as discussões sobre o auxílio emergencial não devem ser impactados pelo novo assunto que corre os corredores do Congresso.
Para ele, Arthur Lira, do Senado, e Rodrigo Pacheco, da Câmara, assumir a liderança das Casas com a prioridade de acertar a questão do coronavoucher e ressucitar essa política assistencialista e fomento à economia em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Quanto às reformas, o especialista disse que elas, por si só, ainda carecem de um consenso entre os parlamentares, então não é a “chegada de um novo item em caráter emergencial, que acaba furando a fila, que irá atrasar ainda mais as reformas”.
Além disso, também deve ser mantido sob radar a manifestação, ou não, de Bolsonaro sobre o caso. Até o momento, o mandatário não tomou posição sobre a prisão de Silveira. Caso “entre na briga”, será um teste para a estabilidade alcançada após os apoiados Lira e Pacheco assumirem a presidência das Casas Legislativas.
STF mantém prisão de Daniel Silveira
O STF decidiu por unanimidade, nesta tarde, manter a prisão de Silveira. A prisão foi feita em flagrante e é inafiançável.
A prisão foi decretada ontem à noite, após Silveira divulgar um vídeo onde faz ofensas aos ministros do Supremo. Silveira, em determinado momento, diz que o STF é o arcabouço do crime, logo antes de fazer uma apologia ao AI-5, instrumento de repressão da ditadura militar.
O vídeo de Silveira veio à público em resposta a fala do ministro Edson Fachin, na última segunda-feira (15). Fachin, ao comentar postagens do ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, disse que qualquer pressão fora da normalidade jurídica sobre o poder Judiciário é “intolerável” e “inaceitável”.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, “atentar contra as instituições, contra o STF, contra o Poder Judiciário, contra a democracia, contra o estado de direito não configura exercício da função parlamentar a invocar a imunidade constitucional”.
“As manifestações de Daniel Silveira relevam-se gravíssimas, não somente do ponto de vista pessoal, mas principalmente do ponto de vista institucional e do estado democrático de direito”, afirmou o ministro à TV Justiça.