JPMorgan rebaixa recomendação do BB (BBAS3) após Bolsonaro falar em necessidade de “lado social”
O JPMorgan (NYSE: JPM) rebaixou hoje a recomendação do Banco do Brasil (BBAS3) de compra para neutra e fixou o preço-alvo em R$ 40, ante R$ 55 anteriormente. A decisão seria motivada, principalmente, pelas recentes declarações do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Os analistas Domingo Falavina, Yuri Fernandes, Guilherme Grespan e Marion Medina pontuaram que a declaração feita por Bolsonaro no sábado (30) de que o Banco do Brasil tem deveres sociais sugere um desempenho pior da instituição. Os analistas reforçaram pessimismo com as margens e com os menores lucros por ação no caso da não-realização das reformas administrativas.
Para os profissionais do JPMorgan, o setor bancário deve sofrer pressões significativas sobre seus lucros no futuro próximo, com as instituições da área tendo a necessidade de, por isso, entregar corte de custos. Se o Banco do Brasil for impedidor de tomar medidas nessa linha, a pressão deve ser ainda maior para ele.
Todo o barulho político em volta do BB pode ser utilizado para aumentar as medidas anticíclicas. O fluxo de notícias, para o JPMorgan, pressiona os múltiplos, principalmente depois do rali que ocorreu recentemente.
Entre os pontos positivos, o JPMorgan pontua que o Banco do Brasil tem exposição menor do que os bancos privados à região Sudeste, que vem sendo mais castigada com a covid-19 e com as restrições. A participação da instituição no crédito rural também seria um plus. E, além disso, os analistas lembram que os bancos brasileiros, mesmo o BB, ainda tem um bom custo-benefício na comparação as empresas do setor no restante da América Latina.
A avaliação com preço-alvo de cada ação ordinária fixado em R$ 40 leva em contra que o Banco do Brasil irá negociar a 0,9 vezes os lucros e o valor de mercado, levando em contra um retorno sobre patrimônio investido (ROE) de longo-prazo em 14%, um custo de capital de 15,9% e uma taxa de crescimento de 6%.
Entre os riscos para o Banco do Brasil, além do já mencionado detrimento da lucratividade pela política, o JPMorgan aponta uma possível performance pior do que a esperada dos ativos, as margens sofrendo mais com a taxa de Selic e a posição do capital da empresa permanecer sobre pressão.