Por que novembro foi o melhor mês da história para as Bolsas de Valores

As vacinas contra o novo coronavírus (covid-19) ainda precisam chegar até a população do mundo, mas parece que já foram injetadas com sucesso nas Bolsas de Valores.

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Isso pois as vacinas já fizeram o milagre de “ressuscitar” os indicadores e transformar novembro no melhor mês para as Bolsas de Valores de boa parte do planeta.

E a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) não fez exceção: o Ibovespa fechou novembro com 108.893,32 pontos, uma alta de 15,9% acumulada ao longo do mês.

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Um resultado que não se via desde 1999, e que permitiu reverter a queda acumulada do ano de 45,03%, registrada no dia 23 de março, para uma lata de 5,84%.

Mas o recorde foi de muitas Bolsas de Valores mundo afora. O MSCI World, índice que reúne as Bolsas de todos os países do mundo, subiu 12,8%. O S&P 500 fechou em alta de 10,8%, o Dow Jones subiu 11,9%, e o Nasdaq 11,8%.

Na Europa, o EuroStoxx 50 subiu 14,4%, com o mercado financeiro de Madri (IBEX 35) que registrou a maior alta, 25,6% no mês, seguida por Milão (FTSE MIB), que registrou uma alta de 23,3%.

Milagre de novembro nas Bolsas de Valores

Novembro produziu um pequeno “milagre” aos olhos dos investidores: não só eliminou a incerteza sobre que seria o próximo inquilino da Casa Branca, mas as eleições entregaram o melhor resultado possível para os mercados: Joe Biden na Presidência e o Congresso ainda controlado pelos Republicanos. Algo que vai impedir a aprovação das propostas mais extremistas de seu programa de governo.

Mas, acima de tudo, o penúltimo mês do ano deu a esperança de que a vacina contra o coronavírus, mais cedo ou mais tarde, levará de novo a normalidade para o mundo.

Para os mercados não é importante saber com precisão quando a vacina será distribuída de forma capilar. O que importa é saber que mais cedo ou mais tarde chegará e será eficaz.

Isso pois, a médio e longo prazo, permite reavaliar os lucros das empresas e dos setores que mais sofreram com o coronavírus e as quarentenas.

O otimismo também é impulsionado pela chegada de 2021, que deveria ter, pelo menos no papel, um conjunto de fatores potencialmente positivos: não apenas a vacina, mas também a continuação das políticas monetárias e fiscais ainda ultra-expansionistas por parte das principais economias do planeta.

Em suma, o raciocínio nos mercados é muito linear. Não importa se a tão esperada normalidade chegará em meados de 2021 ou mesmo depois, o que importa é saber que chegará, mais cedo ou mais tarde.

Isso é o suficiente para prever que, antes ou depois, os setores duramente penalizados pelas quarentenas e lockdowns, como o de viagens, poderão erguer a cabeça.

Investidores de volta às compras

A alta das Bolsas de Valores mostra também que os investidores voltaram a olhar para o futuro, e estão comprando novamente ações de empresas que estavam descontando em seu preço uma quarentena permanente. A chegada da vacina mudou esse cenário.

Os investidores começaram a caçar ações desvalorizadas no mercado e muitos bancos de investimento começaram a revisar suas previsões de lucros e avaliações de preços: o Morgan Stanley, por exemplo, espera que os lucros aumentem, em média, de 25-30% em 2021.

As notícias positivas sobre as vacinas (a estreia da Pfizer foi no dia 9 de novembro) chegaram justamente na época do ano em que todos os bancos e casas de análises de investimento fazem suas projeções para o ano seguinte.

Dessa forma, as perspectivas de repente ficaram positivas.

Em seu relatório sobre 2021, divulgado no dia 23 de novembro, o banco de investimento dos Estados Unidos, Goldman Sachs, recomendou “comprar ativos de riscos financeiros em 2021”, esperando que “a rotação cíclica entre os ativos continue”.

“Embora as avaliações de ações estejam elevadas após as recentes altas nos mercados, elas permanecem atraentes em comparação com as avaliações de títulos da dívida”, escreveu Goldman Sachs no documento, chamado de “Global inoculation“.

Morgan Stanley chegou a ser ainda mais enfática. “Mantenha sua fé na recuperação”, foi o título do documento.

“Acreditamos que a recuperação global será sustentável, sincronizada e apoiada por políticas fiscais e monetárias”, escreveu o banco de investimentos norte-americano, que aconselhou “sobreponderar” as ações.

Por sua vez, o Bank of America também espera que as ações subam mais do que 5% até o final de 2021, embora reconheça que a recuperação de novembro já consumiu grande parte do espaço para crescimento.

Esse otimismo produziu um forte fluxo de capital para ativos de risco em novembro. O Bank of America observou que nas últimas três semanas os fundos de ações alcançaram US$ 89 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões). Um recorde desde 2005, ano em que o banco norte-americano começou a registrar esses dados.

O mesmo vale para os US$ 28 bilhões que fluíram para fundos dedicados a países emergentes, também o maior resultado já registrado.

Palavra-chave para 2021: rotatividade

E para 2021 a palavra-chave deverá ser “rotatividade”.

Se durante as quarentenas e os lockdowns as ações mais populares foram as das empresas que se beneficiaram com as pessoas fechadas em casa, Amazon (Nasdaq: AMZN) em primeiro lugar, agora os investidores procuram outros setores.

Por isso o ano que vem deverá ver um benefício para as ações que vão se beneficiar com a volta à normalidade: viagens, petróleo, mídia entre outros.

A ver se essa volta à normalidade não se transforme e um momento de euforia coletiva nas Bolsas de Valores do mundo inteiro.

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Carlo Cauti

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