Carrefour (CRFB3) esclarece à CVM oscilações atípicas de ações
Em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Carrefour (CRFB3) esclareceu que as movimentações atípica de ações está relacionada com a reação dos investidores aos desdobramentos da morte de João Alberto Silveira Freitas.
Segundo o fato relevante do Carrefour, na última segunda-feira (23), quatro dias após a morte de Freitas, os papéis encerraram o pregão com queda de 6,96%, negociados a R$ 18,97. Dez dias antes, dia 13, as ações haviam encerrado em alta de 2,10%, cotadas a R$ 19,41.
“Desde o dia 19 passado, a companhia vem se posicionando publicamente acerca desse lamentável episódio e acompanhando a reação do mercado, não tendo sido detectada qualquer oscilação atípica no pregão do dia 20″, informou o documento.
“No entanto , em função das repercussões verificadas e da oscilação atípica observada ao longo do pregão de 23 de novembro, a companhia decidiu divulgar um fato relevante, dando ampla divulgação e disseminação no mercado de seu posicionamento oficial, acerca do ocorrido”, completou.
Na noite da última quinta-feira (19), João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, foi espancado e morto por dois homens brancos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em uma unidade do supermercado Carrefour. Segundo o G1, Freitas, de 40 anos, teria se desentendido com uma funcionária do supermercado, que fica na Zona Norte da capital gaúcha.
Os dois suspeitos, de 24 e 30 anos, foram presos em flagrante. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em uma unidade da Polícia Civil. De acordo com o site, a vítima teria ameaçado agredir a funcionária, que chamou a segurança do Carrefour. As imagens da agressão foram gravadas e circulam nas redes sociais.
Houve uma tentativa do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de reanimar o homem, mas ele acabou morrendo no local.
A Brigada Militar informou, por meio de nota, que o PM envolvido na agressão é temporário e estava fora do seu horário de trabalho. O caso está sendo tratado na investigação como homicídio qualificado.
Procon-SP notifica Carrefour após mais um caso de violência e discriminação
O Procon-SP notificou o hipermercado Carrefour para que explique sobre o episódio do último dia 19 em que um homem negro foi morto por funcionários da empresa em Porto Alegre. A resposta deverá ser apresentada em 72 horas a contar da última terça-feira (23).
“O Carrefour precisa explicar como está selecionando as empresas que fazem a segurança de seus estabelecimentos, quais os critérios e o treinamento. Queremos saber por que casos de violência têm se repetido em suas lojas”, afirma Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.
A empresa deverá explicar quais procedimentos administrativos foram adotados após o episódio; responder se o serviço de segurança é próprio ou terceirizado; se for terceirizado, quais empresas prestam serviços no Estado de São Paulo e quais os critérios de contratação. Deverá ainda informar qual a política interna de treinamento de funcionários e prestadores de serviço quanto aos direitos e garantias do consumidor.
O caso, que aconteceu na véspera do Dia da Consciência Negra (20), gerou grande repercussão com manifestações por todo o país. Essa não é a primeira vez em que o fornecedor envolveu-se em situações de violência e discriminação.
Em 2009, no estacionamento de uma loja em Osasco, um cliente do hipermercado foi agredido por funcionários do Carrefour acusado de roubar o próprio carro. Em 2018, em unidade de São Bernardo do Campo, outro homem sofreu violência física de representantes da empresa, ficando, inclusive, com sequelas. Nesse dois episódios, as vítimas eram negras.
No mês de agosto deste ano, um promotor de vendas de uma unidade no Recife morreu enquanto trabalhava, seu corpo foi coberto com guarda-sóis e a loja seguiu funcionando. Há também o caso da cadela Manchinha, de 2018, envenenada e espancada por um representante do Carrefour.