IPOs 2020: As 5 ações que mais caíram depois de estrear na bolsa

O ano de 2020 foi marcado tanto por um boom no número de ofertas iniciais de ações (IPOs) na B3 quanto pelo cancelamento desses processos. Em meio à pandemia, a queda nas bolsas afugentou companhias que estavam prestes a abrir capital, mas ficaram receosas de afundarem com o restante do mercado. Algumas resolveram encarar o processo, mas a maioria delas realmente se viram desvalorizadas.

Dos 24 IPOs realizados até agora neste ano, 14 acumulam queda até o fechamento do pregão do dia 19 de novembro. Moura Dubeux, D1000, Mitre, Lavvi e Planoeplano são os cinco destaques negativos entre as estreias deste ano segundo dados da Economatica, que levaram em conta as oscilações que os papéis acumularam desde suas datas de estreia até o fechamento do pregão da última quinta (19).

Confira as cinco empresas que enfrentam maior desvalorização nas ações desde o IPO:

1 – Moura Dubeux (MDNE3) – queda de 43,95%

A maior queda entre os IPOs é da construtora Moura Dubeux (MDNE3) . Desde sua estreia, no dia 12 de fevereiro, as ações ordinárias da companhia amargam uma queda de 43,95%. A empresa conseguiu, antes da pandemia, precificar sua ação em R$ 19, no meio da faixa indicativa, que ia de R$ 17 a R$ 21. No final do pregão desta quinta-feira, as ações ordinárias eram negociadas a R$ 10,49.

A Moura Dubeux é tradicional no Nordeste e abriu capital para saldar o valor de sua dívida. A companhia levantou R$ 1,25 bilhão em IPO e 90% do valor foi direcionado a quitar débitos. No fim do primeiro semestre, entretanto, a companhia registrou prejuízo mais do que duas vezes maior do que no mesmo período de 2019. No balanço divulgando em setembro, a companhia mostrou um lucro líquido R$ 15 milhões. Em relatório da TradeMap, a analista Sandra Peres afirma, falando sobre o setor de construtoras, que “por conta da pandemia, a liquidez é fundamental. Assim, as empresas que têm maior caixa podem sair muito na frente das demais”.

Setor Imobiliário se destaca entre piores IPOs

O IMOB, índice que conglomera as companhias do setor imobiliário da B3, acumula ainda, no geral, ainda está descontando em relação ao seu preço pré-pandemia. No final de janeiro, o índice estava por volta dos 1500 pontos. Nesta quinta, fechou em 989.

Ainda segundo o relatório do TradeMap,  o setor é impactado diretamente pela covid-19: muitos stands de vendas foram fechados, fazendo com que os lançamentos fossem postergados. Não é à toa que quatro das cinco maiores quedas desde o IPO pertencem ao setor.

Dos 24 IPOs realizados em 2020, seis foram de construtoras e ainda houve cinco cancelamentos: One Innovation, Patrimar Engenharia, You INC, Riva 9 e Canopus Holding.

2 – D1000 (DMVF3) – queda de 37,41% desde IPO

A D1000 (DMVF3) é a única companhia entre as cinco principais quedas que não é do setor de construção. A rede de drogarias lançou seu IPO na B3 no dia 10 de agosto e, desde o começo, amargou quedas. Apenas nos seus dois primeiros dias as ações contabilizaram queda de 12%, isso após terem seu preço definido no piso da faixa indicativa, a R$ 17. No final do pregão de quinta-feira, elas eram negociadas a R$ 10,62.

No final de setembro a companhia ensaiou uma recuperação, valorizando em dois dias 30% após a XP Investimentos iniciar a cobertura do papel, recomendar a compra e colocar o preço-alvo em R$ 20,50. Mas, após isso, a companhia voltou a ter uma sequência de quedas. Entre os riscos ao papel a XP vê dificuldade na execução do plano de crescimento das unidades (a D1000 levantou R$ 400 milhões no IPO e parte da quantia será destinada a abertura de novas unidades), o crescimento da concorrência e a liquidez baixa das ações.

No final de outubro, a Guide Investimentos começou a cobrir a companhia com recomendação neutra e preço-alvo em R$ 14,00. Apesar de enxergar potencial no braço de varejo do grupo Profarma, a corretora afirmou ver riscos no fato da operação ser relativamente nova no mercado. Além disso, pelo fato de que a grande maioria das lojas serem localizadas em shopping centers, viu a companhia sofrendo por conta das restrições causadas pelo coronavírus.

3 – Mitre (MTRE3): queda de 26,94%

A construtora Mitre (MTRE3) também começou a ser negociada na B3 antes da pandemia do coronavírus estourar. Em seu primeiro dia de negociação, cinco de fevereiro, as ações chegaram a disparar 8%, isso já após ter sido precificada no topo da faixa indicativa, que ia de R$ 14,30 a R$ 19,30. No final do pregão do dia 19 de novembro, a companhia era negociada a R$ 14,10, acumulando queda de 26,94% desde o seu IPO.

A Mitre, entretanto, tem uma dívida bruta de R$ 53.326 e um caixa de R$ 816,4 milhões, configurando boa liquidez para realizar novos investimentos. Para a analista Sandra Peres, porém, na comparação do preço atual da ação com o lucro projetado para 2021 as ações da construtora estão um pouco mais caras do que outras do setor.

4 – Lavvi (LAVV3): queda de 21,05%

A construtora Lavvi (LAVV3) teve seu primeiro dia de negociação no dia 1 de setembro e, desde então, acumula queda de 21,05%. Ela também é uma subsidiária da Cyrela e precificou suas ações a R$ 9,50, preço já abaixo da faixa indicativa, que ia de R$ 11 a R$ 14,50. Ela terminou o pregão do dia 19 de novembro sendo negociada a R$ 7,55, com uma queda acumulada de 21,05%.

Em relatório, a Guide Investimentos apontou para o fato da companhia ser muito nova, com a penas quatro anos. Além disso, o número de lançamentos projetados para 2021 está muito alto em relação ao que a companhia apresentou nos anos anteriores. “Preferimos aguardar os primeiros lançamentos da companhia para recomendar a compra da ação”, afirma o analista Luis Sales. Além disso, a análise pontua para a concorrência no setor, motivada pelos recentes IPOs: muitas companhias com caixa torna a disputa mais acirrada.

5 – Plano e Plano (PLPL3): queda de 18,94% desde IPO

A companhia Plano e Plano (PLPL3) estreou na B3 no meio de setembro e, até agora, cai 18,94%. As ações da incorporadora e construtora, também controlada pela Cyrela (CYRE3), chegaram a estrear em alta, mas, posteriormente, acumularam queda. E a companhia em seu IPO ainda aceitou um valor abaixo da faixa indicativa: o preço da ação saiu inicialmente por R$ 9,40, sendo que o esperado pelos ofertantes era algo entre o intervalo de R$ 11,75 e R$ 15,25. No final do pregão desta quinta, as ações ordinárias eram negociadas por R$ 7,60%, quinta maior baixa entre os IPOs realizados em 2020.

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Vitor Azevedo

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