Ipea aumenta expectativa pela inflação de 2020, de 2,3% para 3,5%
A aceleração da inflação no Brasil, entre setembro e outubro, fez o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aumentar sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. A nova expectativa, apresentada nesta quinta-feira (19), passou de 2,3% para 3,5%, próximo da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
De acordo com o instituto, a alta recente da inflação foi estimulada pelo encarecimento dos alimentos, assim como pela recuperação dos preços dos demais bens de consumo e dos serviços livres.
“O relaxamento das medidas de isolamento social e, por conseguinte, a retomada mais forte da atividade econômica e a melhora, ainda que modesta, da ocupação vêm gerando uma expansão do consumo das famílias, abrindo espaço para uma recomposição mais rápida dos preços livres”, disse o Ipea na Carta de Conjuntura sobre inflação.
A nova estimativa considera as pressões sobre os preços impostas pela retomada do consumo de bens, pela desvalorização do real ante o dólar e pela alta recente nos preços internacionais de commodities.
“Apesar dessa alta, o cenário inflacionário segue benigno: a taxa projetada ainda se encontra compatível com a meta de inflação estipulada para 2020 (4,0%)”, afirmaram os técnicos Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes, responsáveis pelo relatório do Ipea.
Alimentação em casa deve pressionar inflação
O órgão espera que os alimentos consumidos no domicílio tenham uma alta de preços de 16,2% neste ano, frente a uma projeção anterior de 11% reportada em setembro. O repasse da alta da divisa norte-americana e a manutenção dos preços internacionais de commodities em patamares altos devem manter o movimento inflacionário sobre a alimentação domiciliar, responsável por mais de 60% do IPCA em 2020, estima o Ipea.
A estimativa para os demais bens de consumo ao fim deste ano também foi revista de um aumento de 1,0% para 2,5%. Os serviços livres, com exceção da educação, tiveram a previsão revista de uma elevação de preços de 0,7% para 1,5%, em função de um dinamismo maior da demanda e ao relaxamento das medidas de isolamento social de combate à disseminação do novo coronavírus (Covid-19).
“De fato, com o início deste processo de ‘volta à normalidade’, vários serviços interrompidos durante a pandemia começam a apresentar sinais de recuperação mais forte que os projetados anteriormente, dissipando, mais rapidamente, o alívio sobre o IPCA vindo das deflações registradas no segundo trimestre do ano”, ressaltou o órgão.
Por outro lado, os preços administrados devem avançar 0,8% em 2020, em comparação à previsão anterior de alta de 1,0%, feita em setembro.
“Por certo, a postergação de alguns reajustes importantes, como medicamentos e plano de saúde, aliada ao bom comportamento dos preços da energia e das tarifas de transporte público, como ônibus, trem e metrô, contribuirá para uma inflação em 2020 bem abaixo da observada nos anos anteriores”, completou o instituto.
Com informações do Estadão Conteúdo.