Por que a Amazon decidiu entrar no mercado de farmácias

“Conheça a Farmácia da Amazon (NASDAQ: AMZN) . O médico prescreve, a gente entrega”. Foi com esse curto tweet, publicado na última terça-feira (18), que a gigante varejista fundada por Jeff Bezos anunciou ao mundo sua entrada no rico mercado das farmácias.

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Dois anos após a aquisição da PillPack, empresa especializada no atendimento a clientes com doenças crónicas, a Amazon continua sua estratégia de expansão contínua lançando um serviço de entrega de remédios nos Estados Unidos.

O desafio foi lançado aos protagonistas tradicionais do mercado farmacêutico, mas também aos atacadistas de remédios e até Walmart.

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A revolução americana do varejo iniciada em 1994 vendendo livros online, continuou com a venda de produtos eletrônico, joias, streaming e agora nas farmácias.

Não é por acaso que esses grandes grupos, como as grandes redes CVS, Walgreens e Rite Aid, viram suas ações cair imediatamente em Wall Street. O mercado percebeu o tamanho do perigo.

A CVS, ao final da sessão de terça-feira, havia perdido 8% de seu valor. A Walgreens, cerca de 9%. Pior as ações da Rite Aid, que caíram 16%.

E o efeito se estende muito além dos concorrentes diretos. Por exemplo, a popular empresa de cupons de descontos farmacêuticos GoodRx caiu mais de 22%.

Sob pressão estão os atacadistas de remédios, aqueles que ligam fabricantes e redes de farmácias como Cardinal Health e McKesson, que temem que suas margens de lucros sejam atropeladas pela Amazon.

Assim como as redes de lojas locais e de menor dimensão poderiam sofrer fortes repercussões.

Mas o principal desafio já foi lançado para o gigante rival: o Walmart. A empresa californiana se tornou a rainha das farmácias nos últimos anos.

Mas com a chegada da Amazon, a batalha vai se entender em todas as frentes do varejo. E o mercado percebeu isso, já que as ações perderam mais de 2%.

Um mercado de 330 bilhões de dólares

O confronto tem um prêmio gigantesco. O mercado de medicamentos sob prescrição dos EUA vale mais de US$ 330 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) por ano.

É uma realidade complexa seja por causa dos produtos comercializados que pelo serviço que administra.

Mas também um mercado que conhece há muito tempo uma competição acirrada.

Até agora, essas barreiras impediram que a Amazon entrasse de vez no mercado. Entretanto, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), esse mercado está mais do que nunca aberto a compras online. Seja para simplificar o acesso, seja para reduzir o custo dos medicamentos.

Os remédios controlados enviados pelo correio, por exemplo, aumentaram 21% desde março passado, conquistando 5,8% de participação no mercado.

Uma porcentagem que parece continuar a crescer. Um terreno perfeito para as empresas que saberão atender da forma mais eficiente à demanda.

Amazon entrega rápida de remédios

A Amazon parece estar convencida que poderá fazer um bom trabalho. Especialmente graças a sua capitalização de US$ 1,5 bilhões e sua presença maciça no varejo.

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Isso também graças a herança da PillPack, que já atuava em 49 estados, e que se tornou a espinha dorsal de sua nova ofensiva. A empresa trouxe uma infraestrutura composta por softwares, centros de distribuição de medicamentos e relações com planos de saúde já em funcionamento e sobre os quais construir a Farmácia da Amazon.

Segundo a gigante varejista, seu serviço permitirá encomendar medicamentos de marca ou genéricos pela internet recebendo-os em casa em poucos dias.

Entre eles estão produtos de alta demanda, como insulina, medicamentos para pressão arterial, inaladores para asma e anticoncepcionais.

Obviamente, a entrega será gratuita para os assinantes da Amazon Prime. E terão descontos para assinantes, 40% para remédios de marca e 80% para genéricos.

Somente boa parte dos opioides, classificados como entorpecentes, será excluída.

E, melhor de tudo para os clientes dos EUA, a Farmácia da Amazon aceitará a maioria dos planos de saúde.

Em um primeiro momento a Amazon conseguirá cobrir 45 estados, deixando de fora o Havaí, Illinois, Kentucky, Louisiana e Minnesota.

O médico poderá enviar a receita diretamente para a Farmácia Amazon ou o consumidor poderá fazer a transferência de outra farmácia.

Um sistema de segurança verificará se a receita é autêntica para evitar irregularidades e fraudes.

E funcionários formados em farmácia estarão disponíveis para responder às dúvidas e preocupações dos consumidores.

Se o modelo é aproveitar as crescentes compras pela Internet, um boom que deve se tornar permanente mesmo após a pandemia, a Amazon não descarta adicionar a presença de farmácias físicas em sua oferta.

Por exemplo, usando seus supermercados Whole Foods e lojas Amazon Fresh.

Mas o império da Amazon poderia estar se tornando grande demais. E, junto com outros gigantes tecnológicos, atrair a atenção do antitruste dos EUA por seu excesso de poder e suas práticas anti-competitivas.

Uma preocupação que, aparentemente, não tirou ainda o sono de Bezos, fundador, presidente-executivo e homem mais rico do mundo, com um patrimônio que, graças à estratégia de expansão sem fim da Amazon, chega a quase US$ 200 bilhões.

Carlo Cauti

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