Imóveis: incorporadoras podem crescer sem “repetir os erros do passado”

Existe uma diferença importante entre o ciclo atual de recuperação do mercado de imóveis e o ciclo anterior do setor, uma década atrás, de acordo com analistas ouvidos pelo jornal ‘O Estado de São Paulo’. De acordo com eles, no atual ciclo, as incorporadoras têm chance de crescer de maneira mais organizada, com melhor endividamento e sem “repetir os erros do passado”.

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Vale destacar que no ciclo anterior do setor de imóveis, as empresas atraíram bilhões de reais através de oferta de ações em Bolsa de Valores, e assim, começaram uma corrida para lançar projetos. Esse movimento acabou levando a uma falta de materiais de construção, atrasos de obras, estouros de orçamentos e cancelamentos de vendas, e consequentemente, prejuízo nos trimestres que seguiram.

Nesse sentido, o analista de construção civil do BTG Pactual, Gustavo Cambauva, aponta que “as empresas aprenderam muito com os erros do ciclo passado”. O analista ainda aponta que as incorporadoras não terceirizam mais a gestão dos empreendimentos. “Hoje, são as próprias empresas que estão à frente da engenharia e das vendas”, aponta.

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Além disso, Cambauva aponta que as empresas compraram novos terrenos de forma gradual nos últimos anos e, atualmente, têm estoque suficiente para abastecer lançamentos de curto a médio prazo. Nesse sentido, o analista aponta que “isso dá mais seletividade. Não vão comprar terrenos em qualquer lugar a qualquer custo”

Outro ponto importante destacado por são os balanços das incorporadoras que reportaram queda do endividamento. Vale salientar que a dívida líquida consolidada das 14 maiores companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) era de R$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre de 2019 e foi revertida para um caixa líquido de R$ 1,2 bilhão no mesmo período deste ano.

Em contrapartida, alguns analistas citam alguns “pontos de alerta”, como por exemplo  o aumento nos custos dos materiais de construção, por conta do desequilíbrio entre oferta e demanda em meio à pandemia, no curto prazo.

No entanto, grande parte dos empresários, bem como analistas, projetam que esse efeito deve ser breve e concentrado na cidade de São Paulo. Nesse sentido, o analista Daniel Gasparete, do Credit Suisse, projeta que haja uma normalização na capacidade da indústria de materiais, embora isso ainda deva levar alguns meses.

Reajustes no preços dos imóveis

“Os investimentos feitos para aumentar a capacidade podem não ser rápidos o bastante para atender à demanda crescente das incorporadoras no próximo ano”, explica, apontando que frente a isso, as empresas terão de lidar com reajustes no preços dos imóveis aos consumidores ou perda de margem de lucro.

Em relação ao setor de imobiliário após o fim do auxílio emergencial, apelidado de coronavoucher, e das medidas de preservação de empregos, Raul Grego, da Eleven, salienta que “se tem algo que traz relativa insegurança ao setor, é a taxa de desemprego, que pode subir no ano que vem e reduzir o número de compradores de imóveis. Por isso, é preciso manter a cautela”.

Com informações do Estadão Conteúdo.

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Laura Moutinho

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