O leilão do 5G acontece nesta quinta-feira (4) e acende expectativas em relação ao avanço tecnológico da internet no Brasil. A licitação recebeu 15 propostas de companhias e consórcios interessados e será até o momento a maior do setor de telecomunicações no País.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o 5G é um padrão tecnológico para serviços móveis, cujas características de altas taxas de transmissão de dados e baixa latência oferecem uma gama de possibilidades a serem exploradas.
Tendo em conta o desenvolvimento das plataformas digitais e do processo de algoritmização a partir do 4G, espera-se que a quinta geração da internet mude o cenário no qual vivemos. Com a baixa latência, elevada densidade de conexão e alta capacidade de tráfego, a expectativa é de concretização da Internet das Coisas (IoT, do inglês).
Na prática, a internet mais rápida e o delay menor permitirão a aprendizagem de máquina e transmissão de dados em tempo real — permitindo, por exemplo, a existência de automóveis autônomos e casas inteligentes.
Relatório produzido pela IDC a pedido do Instituto IT Mídia estimou que o 5G movimentará no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões no segmento B2B até o ano de 2025, com o impulso de tecnologias, além da IoT, como: Inteligência Artificial, Big Data & Analytics, Cloud, Sergurança, AR/VR e Robotics.
Leilão do 5G pode movimentar R$ 49,7 bilhões
Atrasado em quase um ano e meio devido à crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o leilão do 5G no Brasil está previsto para começar às 10h (horário de Brasília).
Em 27 de outubro, a Anatel recebeu 15 propostas de empresas e consórcios interessados em participar do evento. Caso todos os lotes seja arrematados, o leilão pode movimentar R$ 49,7 bilhões.
Segundo o secretário de Telecomunicações do Ministério da Comunicação, Artur Coimbra, os envelopes com as propostas serão abertos sequencialmente no auditório principal da agência reguladora, com transmissão em tempo real pelo canal no YouTube. O processo todo pode se prolongar por até três dias, disse o secretário.
Para não conflitar com os demais sinais, a quinta geração de internet demandará frequências de rádio exclusivas, que serão leiloadas em quatro blocos:
- 700 MHz, usada para ampliação do 4G e atendimento de cidades ainda não cobertas pela tecnologia;
- 2,3 GHz, com alta capacidade para áreas densamente povoadas e também inicialmente dividida com o 4G;
- 3,5 GHz, rede exclusiva de 5G com capacidade de transmissão de altíssima velocidade;
- 26 GHz, rede pura de 5G onde deve ocorrer a transmissão de dados da economia em larga escala, como automação industrial e no agronegócio.
Eduardo Tude, presidente da empresa consultoria Teleco, explicou que, para o usuário realmente utilizar o 5G, smartphones teriam de estar na faixa de de 3,5 GHz. Por esta razão, ela deverá ser a mais cobiçada, com Tim (TIMS3), Telefônica Brasil (VIVT3) e Claro na disputa.
Players menores devem atacar os blocos de 700 MHz e, embora tenham futuro na sua utilização, o de 2,3 GHz, serve como estratégia de complementar o oferecimento do 4G. A faixa de 26 GHz atrairá aquelas empresas com planos de uso do 5G em altas densidades.
Confira as 15 interessadas no leilão
- Algar Telecom S.A.;
- Brasil Digital Telecomunicações LTDA;
- Brisanet Serviços de Telecomunicações S.A.;
- Claro SA.;
- Cloud2U Indústria e Comércio de Equipamentos Eletrônicos LTDA;
- Consórcio 5G Sul;
- Fly Link LTDA;
- Mega Net Provedor de Internet e Comércio de Informática LTDA;
- Neko Serviços de Comunicações, Entretenimento e Educação LTDA;
- NK 108 Empreendimentos e Participações S.A.;
- Sercomtel Telecomunicações S.A.;
- Telefônica Brasil S.A.;
- TIM S.A.;
- VDF Tecnologia da Informação LTDA;
- Winity II Telecom LTDA.
Entre as contrapartidas, a licitação definiu metas para os investimentos na expansão da infraestrutura de fibra óptica, a expansão da cobertura com sinal de internet para todas as rodovias federais e para mais de 9.600 localidades onde a internet móvel ainda não chegou. Também fazem parte dos compromissos a estruturação da rede privativa de comunicação e a entrega de kits de televisão para famílias de baixa renda.
Quinta geração de internet deve ganhar tração a partir de 2023
O edital possui metas fixadas, com as primeiras vencendo em julho de 2022, quando as capitais do Brasil devem ter acesso à cobertura. O plano é que todos municípios recebam gradualmente a cobertura 5G até 2028.
Na avaliação de Eduardo Tude, o País conviverá simultaneamente com as redes 5G e 4G. A massificação da nova tecnologia deve ter início a partir de 2023, quando as principais cidades brasileiras terão acesso. A previsão do especialista é de que começarão a surgir mais aceleradamente aplicações com a IoT e a indústria 4.0.