Small Caps: Confira as 5 que tiveram pior desempenho em novembro
Small Caps são empresas que têm maior potencial de crescimento na bolsa, mas ao mesmo tempo apresentam maior volatilidade.
Além de possuírem menor valor de mercado, são ações com liquidez mais baixa. Desta forma, a variação dos preços é mais intensa. Em novembro, algumas Small Caps se destacaram negativamente, como a Camil, que caiu quase 8%.
Confira as Small Caps que tiveram o pior desempenho em novembro:
- Camil (CAML3): queda de 7,86%
- Duratex (DTEX3): queda de 2,03%
- M.Dias Branco (MDIA3): alta de 0,03%
- Grendene (GRND3): alta de 3,62%
- Banco BMG (BMGB4): alta de 5,66%
O SUNO Notícias conversou com especialistas para entender o que provocou as variações de preço destas small caps.
Vale destacar que esta não é uma recomendação de investimentos, e que investimentos em ações só devem ser feitos quando o investidor já possui uma reserva de emergência.
Confira as explicações:
Camil teve mais queda entre small caps
A empresa de alimentos Camil foi uma das empresas que se beneficiaram com a crise, considerando o câmbio favorável e, principalmente, a alta do preço de seus produtos.
Além disso, a empresa atua num segmento essencial, o que permitiu não interromper suas operações.
A receita líquida cresceu 56,3% na comparação anual, impulsionada pelos fatores acima, aliado ao aumento dos volumes.
“Isso permitiu maior diluição de custos, o que elevou o lucro por ação de R$ 0,10 no segundo trimestre de 2020, para R$ 0,67″, destacou o analista de Small Caps da SUNO Research, Rodrigo Wainberg.
Com esta melhora significativa nos resultados, as ações desta small cap subiram muito ao longo do ano, e agora sofreram realização.”É natural que haja uma correção“, diz o especialista.
Duratex sofreu correção
Assim como a Camil, a Duratex também foi uma small cap beneficiada durante a pandemia, devido ao aumento da demanda por materiais para reformas residenciais.
“A forma com que as pessoas se relacionam com as suas casas mudou, impulsionando o setor da construção civil“, afirmou a diretoria no resultado trimestral.
As ações da empresa tiveram uma forte recuperação desde o início da pandemia, passando da casa dos R$ 8 em abril para mais de R$ 20 em novembro. Mesmo assim, a correção ocorrida em novembro resultou em uma queda de 2,03% no mês.
O analista da Suno destacou que as vendas da empresa no mercado interno e externo cresceram 31,5% e 59,4%, respectivamente, no terceiro trimestre, frente ao segundo trimestre de 2020.
Os insumos dolarizados impactaram o Custo dos Produtos Vendidos (CPV), que teve alta de 29,2% no trimestre ante o trimestre anterior.
“A posição de caixa é confortável, e é suficiente para honrar com as amortizações até meados de 2022″, destacou Wainberg.
M.Dias Branco ficou praticamente estável
Diferente da Camil e da Duratex, a M.Dias Branco não caiu. Mesmo assim, teve um dos piores desempenhos do mês entre as small Caps, ficando praticamente estável no mês.
Embora a empresa tenha mostrado resultados trimestrais positivos, houve uma forte pressão sobre os custos. Isso porque seus insumos são muito sensíveis em relação à variação do dólar – principalmente o trigo.
Além disso, o mercado está esperando um comportamento um pouco mais fraco da indústria alimentícia para janeiro de 2021, com o fim do auxílio emergencial, segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
“Além de massas, a M.Dias produz biscoitos, e este tipo de produto pode ser cortado pelas famílias em uma situação de menor renda”, afirma.
Ele relembra que a ação da M.Dias Branco costuma ter picos quando a empresa anuncia aquisições, o que não tem ocorrido. “Historicamente são as aquisições que fazem este papel disparar”, diz Cruz.
No terceiro trimestre, a empresa mostrou números bastante positivos, com aumento de 27% dos volumes de vendas totais frente ao terceiro trimestre de 2019.
“A companhia segue como um player dominante do mercado, com um market share de 33,9% nos biscoitos e 33,8% nas massas”, destaca o analista da Suno.
Segundo ele, a alta nos preços dos arroz causaram um aumento na demanda por massas. Além disso, a receita bruta da empresa com exportações para Estados Unidos e América do Sul tem apresentado um crescimento intenso.
Grendene sofre com momento negativo do setor
A fabricante de calçados Grendene subiu 3,62% em novembro, e mesmo assim foi uma das piores small caps do mês. A companhia tem enfrentado um momento desafiador para o setor calçadista, em meio à crise da economia e o isolamento social.
Além disso, Wainberg destaca que as baixas taxas de juros continuam combalindo o resultado financeiro da companhia.
Isso é relevante considerando que a Grendene dispõe de R$ 1,31 bilhão em aplicações financeiras, em boa parte, fruto de uma isenção fiscal do Estado do Ceará.
No segundo semestre de 2020, a Grendene vem apresentando recuperação nos volumes de pares exportados, se beneficiando com um real fraco. “As vendas no mercado interno devem ter certa retomada com a reabertura do comércio”, avalia o analista da Suno.
BMG teve quinto pior resultado entre Small Caps
O Banco BMG esteve centro de um noticiário negativo no final de outubro, quando foi alvo de duas operações simultâneas em processos tocados pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
A investigação apura os crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
No início de novembro, o banco anunciou que criou um comitê extraordiário para analisar o processo criminal que levou a Polícia Federal e a Receita a realizarem operação de busca e apreensão na sede da companhia.
Mesmo assim, do ponto de vista operacional, o banco tem trazido bons números. Com isso, embora seja o quinto pior resultado entre as small caps, suas ações subiram 5,66% no mês.
O banco apresentou um ROAE de 9,9%, e um índice de eficiência de 52,3%. O lucro líquido nos nove primeiros meses de 2020 foi de R$ 253 milhões, alta de 23,3% ante o mesmo período de 2019.
O Índice de Basileia tem crescido nos últimos períodos e atingiu 19,2% no terceiro trimestre de 2020, o que é alto comparado a outros bancos, mas adequado ao ser perfil de risco, considerando que sua carteira de crédito é menos conservadora que a de bancos como o Banrisul (BRSR6), por exemplo.
“A carteira de crédito tem apresentado expansão, com bastante representatividade do varejo”, destacou Wainberg, especialista em small caps.