Perdas robustas, medo e instabilidade: relembre os 10 piores dias do Ibovespa em 2021
O Ibovespa passou por maus bocados nos últimos dois anos. Com o agravamento da pandemia de Covid-19 no primeiro semestre até uma série de incertezas, que vão de risco fiscal do governo à instabilidade política, o principal índice da bolsa de valores brasileira não teve sossego — especialmente em dez pregões deste ano.
A volatilidade aumentou consideravelmente por causa do cenário político-fiscal, inflação acelerada e variantes do coronavírus. Mas alguns dias, claro, trouxeram mais prejuízos do que outros, com números que afligiram o mercado.
Confira os 10 piores dias para o Ibovespa em 2021:
10º lugar: 21 de outubro
Em décimo lugar, o pregão do dia 21 de outubro foi o dia em que o Ibovespa recuou 2,75%, aos 107.735 pontos, em meio a temores sobre a situação fiscal do País, assunto recorrente em 2021.
A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, no dia anterior, sobre um pedido de perdão temporário em relação ao teto de gastos para custear o substituto do Bolsa Família, o Auxílio Brasil, não caiu bem entre os investidores. As possibilidades de um auxílio a caminhoneiros e de um remanejamento nas regras do teto de gastos completaram a tempestade durante o dia.
9º lugar: 25 de fevereiro
Próximo ao fim de fevereiro, o Ibovespa caiu 2,95%, aos 112.256 pontos. Naquele dia, a pontuação foi considerada a pior do ano.
O mercado avaliava cuidadosamente o cenário político e fiscal no período, também de olho nos resultados de balanços corporativos do quarto trimestre de 2020. Especificamente, os da Petrobras (PETR4), que havia registrado uma queda de 82% no lucro líquido de 2020. A companhia tinha causado oscilações fortes nos dias anteriores por causa de mudanças na governança da estatal.
8º lugar: 28 de setembro
Próximo ao final de setembro, o Ibovespa passou novamente por um abalo e um tombo, fechando o dia com queda de 3,05%, aos 110.124 pontos. O índice foi pressionado para baixo com rumores de redução de estímulos à economia dos Estados Unidos, além da redução das projeções de crescimento da China e indicação de alta mais intensa dos juros no Brasil para combater a inflação. Ou seja, políticas fiscais mais duras dominaram o dia 28 de setembro.
7º lugar: 30 de julho
O mês de julho foi complicado para a bolsa de valores. No dia 30, o Ibovespa fechou em forte queda de 3,08%, aos 121.800 pontos. As ações da Vale (VALE3) desabaram quase 6%, após uma queda expressiva do minério de ferro na China, arrastando a bolsa para baixo. Outro foco do dia foi a realização de lucros. Em julho, a bolsa registrou recuo de 3,94%, marcando a primeira perda mensal desde fevereiro.
Naquele dia, os investidores reagiram negativamente ainda às falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a uma eventual manutenção do auxílio emergencial e o aumento do Bolsa Família, temendo que o governo assumisse um viés mais populista.
6º lugar: 29 de janeiro
No último pregão de janeiro de 2021, o Ibovespa fechou em queda de 3,21%, a 115.067 pontos. No período, as bolsas de Wall Street sofreram com grandes perdas. Além disso, os dados divulgados na época sobre a eficácia da vacina contra Covid-19 da Johnson & Johnson não animaram o mercado.
No cenário doméstico, a participação de Paulo Guedes, ministro da Economia, no Fórum Econômico Mundial, marcado para aquele dia, foi cancelada em cima da hora, o que gerou rumores no mercado que incluíam até a demissão do titular da Pasta.
5º lugar: 19 de outubro
Um do principais temas de 2021 no cenário macroeconômico foram as questões fiscais. No dia 19 de outubro, o Ibovespa cedeu 3,28%, aos 110.672,76 pontos, com a possibilidade de flexibilização do limite de gastos, com a solução “extra-teto” para acomodar parte do volume de recursos destinados ao Auxílio Brasil.
Ironicamente, pouco tempo depois, o mercado passaria depois a comemorar qualquer movimentação positiva a respeito da PEC dos Precatórios, que abriu espaço no teto de gastos para viabilizar o programa seocial Auxílio Brasil. A mudança de pensamento dos investidores ocorreu como consequência de uma escolha “menos pior” em relação ao teto. Foi para o Senado e, aprovada, acabou recebida como alívio.
4º lugar: 26 de novembro
O dia 26 de novembro foi marcado por pânico global. O Ibovespa terminou o pregão em queda forte de 3,39%, aos 102.224,26 pontos, após encostar na mínima do ano no intradia.
A notícia sobre a nova variante do coronavírus (Covid-19), identificada na África do Sul e batizada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como “Ômicron“, apavorou investidores do mundo inteiro. No dia, além do medo sobre a variante em si, houve preocupações a respeito de novos lockdowns e a volta de medidas de distanciamento social. Alguns países da Europa decretaram restrições naquele mesmo dia.
3º lugar: 8 de setembro
Exatamente seis meses após a segunda maior queda do ano, o Ibovespaengatou a terceira. Em 8 de setembro, a bolsa de valores fechou em forte queda de 3,78%, aos 113.413 pontos.
O resultado veio no dia seguinte ao feriado da Independência, quando mais de 400 mil apoiadores do presidente se reuniram nas ruas das principais cidades do país. Durante os atos, Jair Bolsonaro atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além de fazer ameaças ao presidente da Corte, ministro Luiz Fux.
A resposta do mercado na época foi a contaminação das ações da Petrobras e da Vale (VALE3). A forte queda levou o índice para baixo. Com as bolsas e índices de Wall Street em instabilidade com a disseminação da variante Delta do coronavírus, o Ibovespa não teve para onde correr.
2º lugar: 8 de março
Em março, no dia 8, uma segunda-feira, a bolsa de valores fechou com uma queda de 3,98%, aos 110.611 pontos, com forte movimento de realização de lucros. Outro agravante do dia foi o cenário preocupante de Covid-19 no Brasil, num momento em que a campanha de vacinação andava devagar.
Mas a cereja do bolo do dia foi a reação do mercado após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anular todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. A partir daquele momento, o ex-presidente Lula recuperou os direitos políticos e deixou de ser inelegível.
Na sexta-feira anterior daquela semana, o Ibovespa havia subido 2,23%, aos 115 mil pontos. Já naquele ponto, o índice acumulava queda de 7,04% no ano.
1º lugar: 22 de fevereiro – Ibovespa recua quase 5%
O pior dia do ano para o Ibovespa foi, definitivamente, 22 de fevereiro. Com uma queda de 4,87%, o índice perdeu algo próximo de 5.700 pontos, retornando ao patamar de 112 mil pontos no dia. Na mínima, chegou a bater 111.650 pontos.
Era uma segunda-feira. Dois dias antes, na sexta, o presidente Jair Bolsonaro havia anunciado que faria a indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras (PETR4). O mercado entendeu o movimento como um grande risco de ingerência governamental para a companhia, assim como para as outras estatais — o que refletiu no Ibovespa.