Nos últimos anos, o mundo vem se preocupando, cada vez mais, com o ambiente, responsabilidade social e com governança corporativa. E no mercado de capitais não é diferente. A ascensão das práticas ESG nas companhias é o maior indício disso.
Nesse sentido, destaca-se que o ESG foi desenvolvido justamente para selecionar, acompanhar e valorizar as organizações que reconhecem e que adotam essas práticas. Por isso, é fundamental que todo investidor conheça bem essa sigla e quais os seus impactos sobre o universo dos investimentos.
O ESG, é uma sigla em inglês para: Environmental, Social and Corporate Governance, (ambiente, social e governança corporativa). Portanto, esta sigla representa um conjunto de políticas utilizadas para orientar empresas, investimentos e escolhas de consumo focadas em sustentabilidade.
Como o próprio nome diz, a agenda ESG procura selecionar agentes do mercado que:
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Buscam o desenvolvimento sustentável, em harmonia com o meio ambiente;
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Desenvolvem a relação com o meio social, junto de colaboradores e consumidores;
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Garantem os direitos dos acionistas, com regras de compliance e de governança.
Os três pilares do ESG possuem uma extrema importância no mercado financeiro e prometem ganhar ainda mais espaço no mundo corporativo futuro. Isso porque o termo foi criado no mercado financeiro para representar uma série de padrões que, se adotados corretamente, podem alavancar a atração de investidores e, consequentemente, de capital.
Afinal, cada dia mais as atitudes voltadas para o âmbito social e ambiental têm sido valorizadas. Portanto, a bolsa de valores, além de ser um espaço onde o capital é investido com maior rentabilidade, pode ser também um mecanismo de investimento em empresas que, além de lucrativas, também contribuem com um desenvolvimento social e, consequentemente, com o aumento do bem-estar social.
Obviamente, isso é ainda mais relevante quando observado pela ótica de agentes do mercado mais atentos e alinhados com pautas sociais e ambientais.
No entanto, é preciso reconhecer que frequentemente o ESG também tem sido utilizado por critério de seleção para aqueles que se preocupam exclusivamente com o resultado das empresas.
Isso porque, apesar de a adoção dessas práticas ser capaz de acarretar uma redução de receitas e um aumento de custos e despesas; de outro lado, elas também podem contribuir com a redução de multas ambientais, do custo de capital próprio e de terceiros, de intervenções regulatórias, além de outras despesas.
Apesar de ser mais disseminado no final da última década, o ESG surgiu em 2005, sendo citado, naquele ano, em um artigo em inglês chamado “Who Cares Wins”, do autor Ivo Knoepfel. Sendo que a tradução seria algo como “Ganha quem cuida” ou “Ganha quem se importa”.
Com o aumento da relevância e da popularidade da sigla para Environmental, Social and Corporate Governance, muitos investidores têm se perguntado quando surgiu o ESG. Afinal de contas, há pouco tempo atrás esse termo sequer era propagado no mercado.
O relatório produzido pelo autor foi resultado de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de integrar grandes corporações no Pacto Global da organização, amparado em pilares ambientais, sociais e de governança.
A linha argumentativa do material produzido mostrava que as empresas que se preocupavam com a conservação do meio ambiente, que se envolviam em causas sociais e que garantiam boas práticas de governança tinham melhores resultados. Em outras palavras, como o próprio nome do artigo diz, ganha quem se importa com essas práticas.
Após entender o que significa ESG e quando ele surgiu, é importante compreender quais são as suas principais características.
Após entender como surgiu, o próximo passo é, talvez, o mais importante, para quem pretende estudar mais sobre o ESG. Afinal de contas, não há como falar sobre ele sem conhecer quais são as principais características do ESG.
O critério ESG é focado em três grandes pilares, representados por cada letra da sigla:
- Ambiente (Environmental);
- Social (Social);
- Governança corporativa (Governance).
Alinhado a eles, é possível verificar se determinada empresa é social e ambientalmente consciente, além de financeiramente saudável e lucrativa.
Assim, caso uma companhia seja bem avaliada nos 3 critérios, pode-se dizer que ela é aprovada no critério ESG e representa uma maior segurança para a sociedade e para o capital de seus investidores. Por isso, é interessante conhecer bem cada um dos pilares do ESG, os quais serão descritos a seguir.
Critério ambiental do ESG
Ao analisar o critério ambiental do ESG, a letra E (Environmental), é o primeiro abordado. Como o próprio nome diz, ele avalia a performance da empresa como responsável pelo meio ambiente e pela garantia da sustentabilidade nas suas operações. Portanto, a sustentabilidade ESG é aquela que qualifica o uso e a relação das companhias com recursos naturais.
Entre os aspectos observados neste critério está, por exemplo, o posicionamento da organização em relação à geração de resíduos sólidos em suas operações. E mais do que isto, atentando também à reciclagem desses materiais.
Além disso, há também a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Neste aspecto, a atenção estaria para o impacto da atividade da companhia na mudança climática (aquecimento global). Carbono zero, créditos de carbono e outras abordagens são extremamente importantes nesse sentido.
Critério social do ESG
O segundo critério, referente a letra S, é o critério social do ESG. Basicamente, o critério social do ESG analisa como a organização gerencia e promove o seu relacionamento com alguns dos stakeholders. Entre eles, colaboradores, fornecedores, clientes e toda a comunidade em que opera.
Na relação com os colaboradores, por exemplo, avalia-se o posicionamento da companhia em garantir a segurança no trabalho, os treinamentos e diversidade nos diferentes níveis hierárquicos. Já com os consumidores, a atenção fica na responsabilidade com o oferecimento de produtos adequados, que não representam riscos.
Por fim, na relação com a comunidade, valoriza-se no critério social do ESG a prática de ações que visam promover as comunidades que envolvem a atividade da empresa. Por exemplo, a realização de eventos beneficentes e a doação para grupos desamparados.
Critério de governança do ESG
Por fim, descrito pela letra G, está o critério de governança do ESG. Basicamente, como o próprio nome diz, ele avalia como a empresa está posicionada em relação à adoção de boas práticas de governança corporativa.
Em outras palavras, esse pilar da agenda observa se a empresa respeita os códigos de ética e de conduta e se garante a equidade, a prestação de contas e a transparência, sobretudo com seus investidores minoritários.
A governança transparente e ética é o que baliza todos os critérios necessários para que uma empresa seja listada no Novo Mercado da B3.
Apesar desse segmento não ser internacional, ele possui a exigência de diversas práticas de boa governança que são incluídas e que representam bem o ESG, como:
- Garantia de voto para todas as ações da companhia;
- Manutenção de comitês de auditoria e de compliance empresarial;
- Divulgação das políticas de remuneração e de indicação da diretoria;
- Contemplação de conselheiros independentes no conselho de administração;
- Divulgação de metodologias de avaliação e de gerenciamento de risco.
Conhecendo os seus critérios, muitos investidores podem acreditar que a pauta ESG não é positiva ou atrativa para as organizações, sobretudo para aquelas que possuem ações negociadas em bolsa.
No entanto, verifica-se que isso é justamente o contrário. Ou seja, as companhias de capital aberto são aquelas que mais estão se preocupando com a adoção dessa agenda. Abaixo, um pouco do por que as empresas estão adotando o ESG:
1. Atrair investimentos
A atração de investimentos é um dos pontos que mais influência as empresas a adotar o ESG. Isso porque, devido aos seus pontos positivos, investidores têm preferido alocar capital em organizações que já internalizaram essa agenda ambiental, social e de governança.
2. Reduzir riscos
A redução de riscos e, consequentemente, do custo de capital, é outro motivo das empresas estarem buscando cada vez mais o alinhamento com as práticas ESG. Sendo que isto é derivado do fato dessa agenda reduzir o risco legal e regulatório. Por exemplo, ao adotar práticas ESG, a empresa terá menos chances de receber sanções estatais e multas ambientais.
Além disso, os critérios ESG também fazem com que os colaboradores das companhias sejam mais valorizados e, por consequência, tenham uma melhor relação com a companhia. Por isso, há como esperar também uma redução marginal de risco de processos trabalhistas.
Por fim, há ainda a questão da governança apurada nas organizações alinhadas com essa agenda. Assim, por causa dos mecanismos de auditoria externa e interna e de compliance, também é possível esperar uma redução de desvios de capital, de suborno e de corrupção dentro dessas companhias.
3. Aumentar a rentabilidade
Por fim, outro motivo pelo qual as empresas estão adotando o ESG é a busca pelo aumento da rentabilidade de seus negócios. Isso porque, como essa agenda demanda um maior controle financeiro, há como esperar uma maior performance pela companhia neste âmbito.
Não é à toa que foi possível observar nos últimos anos, dentro da bolsa de valores, um maior desempenho das companhias que adotam as práticas ESG. Sendo que isso corrobora com o fato de que essas empresas estão melhor posicionadas para atingir rentabilidades maiores.
Como uma empresa se torna ESG?
Uma das formas de uma empresa se tornar ESG é quando ela passa a fazer parte de algum índice ESG. Para isso, primeiramente é necessário que ela esteja listada em Bolsa de Valores.
Alguns dos principais índices ESG da Bolsa de Valores Brasileira (B3) são:
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)
- Índice de Governança Corporativa (IGCT)
- Índice S&P/B3 Brasil ESG
- Índice Carbono Eficiente (ICO2)
Assim, cada índice tem seus próprios critérios ESG. Desse modo, em sua pontuação, medida por agências, será considerado o quanto as práticas das empresas no dia-a-dia concordam com essas diretrizes.
Para essa avaliação, serão utilizados dados e informações a respeito da companhia. Além disso, será feita uma análise das práticas que estão sendo adotadas pela empresa nas atividades que compõem o funcionamento do negócio.
Sendo assim, as atividades de uma empresa ESG devem considerar a resolução de problemas de caráter socioambiental e de governança.
Quais as vantagens de uma empresa ser ESG?
Ser uma empresa ESG gera diversas vantagens competitivas para a companhia. Não é atoa que esta é uma das características que os empresários buscam alcançar em seus negócios.
Uma dessas vantagens é a diminuição de custos. Isso acontece porque as empresas ESG geralmente buscam ter maior eficiência no uso de recursos, além de possuírem uma melhor administração de suas operações.
Outro benefício de uma empresa ser ESG é que ela se torna mais bem vista pelos seus consumidores e por seus potenciais investidores.
Desse modo, adotar práticas pensadas em questões ambientais, sociais e de governança é vantajoso para gerar uma boa reputação para a companhia, o que também ajuda a fidelizar clientes e atrair novos investidores.
Além disso, por adotar políticas preocupadas com uma boa governança, as empresas ESG costumam ter mais transparência e sustentabilidade nas suas atividades e operações.
Assim, acabam sendo melhor vistas pelo mercado e conseguem linhas de crédito especiais em bancos e instituições financeiras.
Como identificar se uma empresa é ESG?
Uma empresa ESG pode ser identificada como tal quando ela é uma signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse pacto foi criado ela ONU com o objetivo de incentivar as empresas a aderirem práticas mais sustentáveis.
Outra maneira de identificar se uma empresa é ESG é verificar se ela faz parte de algum índice voltado a essa temática. Além dos índices da B3 que já foram citados anteriormente, as companhias também podem fazer parte do Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e do índice FTSE4Good, por exemplo.
Do mesmo modo, é possível conferir se a empresa adota práticas ESG, por meio do relatório anual da companhia ou através do seu próprio site.
Após compreender suas características e depois de conhecer alguns dos índices ESG existentes na bolsa, o próximo passo é saber, de fato, quais as vantagens e desvantagens da adoção de princípios ESG. Afinal, não há como negar que essa agenda possui tanto pontos positivos quanto negativos.
Vantagens do ESG
Por conta do aumento de sua popularidade, seria possível inferir que existem diversas vantagens do ESG. E, realmente, essa agenda ligada ao âmbito ambiental, social e de governança possui diversos pontos positivos.
Nesse sentido, entre as vantagens do ESG estão:
- Maior atração de investidores;
- Competitividade de longo prazo;
- Menor potencial de risco para o investidor;
- Potencial incremento do valuation.
Maior atração de investidores
Sem dúvida, uma das maiores vantagens do ESG é a maior atração de investimentos. Isso porque, como foi colocado, as pautas sociais e ambientais têm tomado cada vez mais relevância no mercado. Além disso, as pressões regulatórias e fiscais também vêm aumentando muito para empresas que não adotam essas agendas.
Por isso, investidores atentos a essa mudança ficam, cada dia mais, interessados por companhias alinhadas com as práticas ESG. Com isso, há uma maior demanda por investimento neste tipo de companhia.
Competitividade de longo prazo
Outra vantagem de adotar o ESG é o aumento da competitividade de longo prazo das companhias. Dois pontos justificam essa vantagem. O primeiro é a sustentabilidade do negócio. Negócios que investem na sustentabilidade criam ecossistemas onde o lucro é recorrente, remunerando bem seus funcionários, empoderando comunidades e preservando recursos.
O segundo é a mudança do comportamento dos consumidores, os quais também estão valorizando mais o consumo de serviços e produtos de empresas que adotam as práticas de ESG. Principalmente aquelas ligadas à preservação do meio ambiente e à garantia de diversidade dos colaboradores.
Dessa forma, organizações que já possuem uma agenda pautada nessas práticas tendem a garantir uma maior competitividade de longo prazo. Afinal, suas concorrentes podem estar mais atrasadas na adoção e divulgação das ações ESG.
Menor potencial de risco para o investidor
A terceira vantagem da adoção da agenda ESG é o oferecimento de menor potencial de risco para o investidor. Isto porque as companhias que estão alinhadas com essas práticas sofrem menos com intervenções estatais e com mudanças legais repentinas. Assim, há uma expectativa de redução, por exemplo, de multas ambientais e trabalhistas.
Potencial incremento do valuation
Derivada da última vantagem, referente ao menor risco para o investidor, está o ponto positivo do ESG de oferecer um potencial incremento do valuation da companhia. Afinal de contas, uma das variáveis da valoração de um ativo é justamente o risco que ele oferece ao investidor.
Sendo assim, a redução do risco de determinada empresa que adota as práticas ESG tende a gerar um aumento marginal do seu valor de mercado. Sendo que isso representa um ganho financeiro para aqueles investidores que possuem ações da companhia.
Desvantagens do ESG
Além das vantagens apresentadas, não há como negar que o ESG possui, sim, alguns pontos negativos. Sendo que é fundamental que os investidores conheçam quais são essas desvantagens ao estudar mais sobre a agenda.
Abaixo, portanto, duas das principais desvantagens do ESG:
- Maiores despesas pelas empresas;
- Menor flexibilidade pelas empresas.
Maiores despesas pelas empresas
Uma das desvantagens do ESG são as maiores despesas das empresas, sobretudo das despesas administrativas. Isso porque, para garantir o cumprimento de todos os requisitos da agenda, as companhias precisam investir consideravelmente em novos profissionais, departamentos e tecnologias.
Neste sentido, é necessário, por exemplo, contratar mais auditores fiscais, criar departamentos de compliance e desenvolver melhores mecanismos de comunicação com investidores, como aplicativos e sites de RI (Relação com Investidores).
Em alguns casos, em busca do ESG, muitas empresas consideram ainda alterar o segmento de listagem de suas ações, buscando o alinhamento com o Novo Mercado. Quando isto ocorre, o aumento das despesas é ainda maior, pela necessidade de adequação aos requisitos desse segmento da bolsa.
Menor flexibilidade pelas empresas
Além do aumento das despesas, não há como deixar de citar a menor flexibilidade pelas empresas como uma desvantagem do ESG. Afinal, como essa agenda do mercado requer maior transparência e processos de governança, a administração de uma organização alinhada com o “Environmental, Social and Governance” fica mais engessada.
Em outras palavras, há uma menor flexibilidade para tomada de decisão, sobretudo aquelas que devem ser tomadas em cima da hora, sem consulta aos investidores, ou aquelas em que os caminhos são alternativos e sem previsão estatutária.
Com isso, pode-se dizer que a administração e a tomada de decisão de uma empresa ESG acabam sendo marginalmente afetadas de forma negativa. Já que os processos serão mais lentos e, de modo geral, mais inflexíveis e burocráticos.
Capitalismo de stakeholder e ESG
Com o intuito de adotar um sistema capitalista mais consciente e voltado à criação de valor no longo prazo, surgiu o conceito de capitalismo de stakeholder. Ele atribui compromissos que vão além da geração de lucro e questões financeiras, mas também propõe contribuição ao desenvolvimento social e qualidade de vida da sociedade.
No intuito de gerar valor para a comunidade como um todo e não atender apenas aos interesses empresariais, o capitalismo de stakeholder também associa pilares fundamentais do capitalismo aos conceitos ESG nas empresas. Preocupando-se com princípios de governança corporativa, medidas de interesse social e ambiental.
Pilares do ESG
Os pilares de ESG compõem uma série de práticas adotadas pelas empresas para ter seu funcionamento mais sustentável. Isso inclui fatores sociais, ambientais e de governança.
Assim, as empresas buscam ter uma melhor atuação, aprimorar suas metas e práticas, além de adquirir boas políticas de governança e transparência. A partir disso, a credibilidade das companhias na elaboração de negócios lucrativos é favorecida.
Melhorar atuação
A busca de melhorar sua atuação frente a comunidade inclui medidas adotadas em diferentes âmbitos.
Nas questões ambientais, por exemplo, essa atuação é voltada à conservação do meio ambiente, combate à poluição, ao aquecimento global e ao desmatamento. Além disso, propõe uma maior eficiência energética e melhor aproveitamento dos recursos naturais.
Nas questões sociais, as preocupações estão em torno de buscar melhores relações de trabalho, direitos humanos, proteção de dados e boas avaliações dos clientes.
Melhorar metas e práticas da empresa
Para seguir o conceito ESG, as empresas podem praticar uma série de ações, começando pelas metas. Para isso, é essencial ter um maior cuidado com o ambiente de trabalho, tornando a experiência de seus funcionários mais proveitosa. Ou seja, com um caráter mais humanista.
Nesse caso, as tratativas no cotidiano do trabalho devem ser as melhores possíveis com seus colaboradores, prezando por condições profissionais adequadas e despertando as qualidades de possíveis talentos na empresa.
Assim, os funcionários também devem estar alinhados com o propósito ESG da companhia, que pode adotar treinamentos e preparações das equipes. Além disso, propor a diversidade e inclusão na composição do time de colaboradores é uma prática que beneficia não apenas a empresa, mas também auxilia no desenvolvimento socioeconômico.
Políticas de governança e transparência
No que se refere a política de governança, as principais medidas adotadas visam ter melhores condutas dos entes corporativos, pautadas na ética, transparência e uma boa estruturação dos que compõem a administração de uma companhia.
A transparência de uma empresa pode ser aprimorada com a criação de canais de denúncias, por exemplo. Além de outros mecanismos que ajudam a companhia a ter um melhor comportamento dos profissionais que ocupam cargos executivos.
Relacionamento com clientes
Aprimorar o relacionamento com os clientes é essencial, tanto para refletir o comprometimento da companhia com práticas ESG, como para gerar uma melhor experiência dos usuários. Com isso, a imagem da empresa perante o mercado se torna mais sólida.
Nesse sentido, a criação de canais de feedbacks, reclamações e de soluções mais ágeis aos problemas dos clientes se tornam fundamentais. Para isso, as companhias podem focar ainda mais em setores da empresa que tratam do âmbito pessoal, além de adotar um atendimento mais humanizado.
Pelo fato de várias empresas terem adotado e colocado em primeira página as suas práticas ambientais, sociais e de governança, o mercado sentiu a necessidade, com o tempo, de criar os índices ESG. Isto é, referências para filtrar as companhias que, de fato, adotam as melhores práticas dessa corrente.
Em outras palavras, os índices ESG da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) são criados para conseguir selecionar apenas determinado grupo de companhias que estão verdadeiramente adotando as melhores práticas de sustentabilidade, de posicionamento social e de governança corporativa.
Com o acesso à composição desses índices, os investidores conseguem encontrar com mais facilidades às empresas ESG, além de poderem também acompanhar a performance das ações desse conjunto de companhias na bolsa de valores. No caso, as empresas de capital aberto.
Além disso, com os índices ESG da bolsa, os investidores conseguem, inclusive, investir em fundos ESG passivos, os ETFs (Exchange Traded Funds) que alocam capital exclusivamente em companhias alinhadas com boas práticas ambientais, sociais e de governança.
A seguir confira, os principais índices ESG do mercado:
Índice S&P/B3 Brasil ESG
Lançado mais recentemente, em 2020, o Índice S&P/B3 Brasil ESG é o responsável por representar as empresas que fazem parte do S&P Brazil BMI (Broad Market Index). Para fazer parte dele, as empresas podem ser small, mid ou large caps e devem estar elegíveis legalmente para o investimento de estrangeiros.
Existe a regra, no entanto, de deixar de fora as companhias que não aderiram ao Pacto Global, da ONU (Organização das Nações Unidas) ou aquelas que atuam no setor de armas, carvão e tabaco. Então, depois de fazer este filtro, há o critério de ponderação na carteira teórica do Índice S&P/B3 Brasil ESG.
Nesse sentido, destaca a existência do seu critério de pontuação ESG da S&PDJI. Este critério avalia as empresas no âmbito de sustentabilidade, de posicionamento social e de governança corporativa. Então, quanto maior a nota recebida, maior a participação no índice, sendo que aquelas com pontuação insuficiente sequer entram na carteira.
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
Outro índice ESG é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Como seu próprio nome diz, esse indicador de mercado da B3 é responsável por selecionar e acompanhar a performance das companhias de capital aberto na bolsa brasileira com as melhores práticas de sustentabilidade empresarial.
Sendo criado em 2005 e se posicionando como o quarto índice de sustentabilidade empresarial criado no mercado de capitais mundial, o ISE engloba as ações de empresas que possuem, como a própria B3 afirma, “sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa”.
Para se enquadrar nesses pilares e para fazer parte do ISE, as empresas devem:
- Garantir o desenvolvimento sustentável;
- Ter transparência com seus stakeholders;
- Adotar a equidade em seus processos;
- Oferecer um produto com alta qualidade e com origens naturais sustentáveis;
- Desenvolver práticas empresariais nos âmbito social e ambiental.
Após preencher uma série de formulários e de responder questionários a respeito das três dimensões do ESG, as companhias passam por um processo de avaliação pelo Conselho Deliberativo do ISE. Sendo este o responsável por construir e selecionar as empresas do índice.
ICO2 (Índice Carbono Eficiente)
O terceiro índice considerado ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) da B3 é o ICO2 (Índice Carbono Eficiente). Criado em 2010, a sua metodologia de seleção leva mais em conta aspectos ligados à sustentabilidade climática, sendo um instrumento de promoção das discussões relacionadas à mudança de clima no país.
Para que uma empresa se torne elegível no ICO2, ela deve possuir o comprometimento com pelo menos um pilar do ESG. Isto é, o aspecto ambiental. Nesse sentido, deve comprovar o seu comprometimento com a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e com a alternância para o mercado de baixo carbono.
De acordo com a metodologia desse índice, existem alguns princípios que devem ser seguidos pelas empresas da carteira do ICO2 (Índice Carbono Eficiente), que são: relevância, integralidade, consistência e transparência.
Após passar pelos critérios de seleção amparados em questões ambientais e de emissão de GEE, as companhias elegíveis passam a fazer parte do ICO2. Assim, também passam a fazer parte da carteira do ETF ECOO11, negociado em bolsa e que investe de maneira passiva nos ativos do Índice Carbono Eficiente.
Índice de Ações com Governança Corporativa Trade (IGCT)
Além do índice ESG voltado para o pilar ambiental, existem também aqueles que são direcionados para outros pilares dessa agenda. Entre eles, o Índice de Ações com Governança Corporativa Trade (IGCT), que foi criado para selecionar as companhias que adotam as melhores práticas de governança no mercado.
Para filtrar essas companhias comprometidas com a transparência, equidade, prestação de contas e com o alinhamento de interesses, o Índice de Ações com Governança Corporativa Trade (IGCT) abrange as companhias da B3 listadas no segmento de listagem do Novo Mercado, ou nos Níveis 1 ou 2.
Dessa forma, o índice cria, pelo menos em sua teoria de concepção, uma carteira teórica de companhias com as melhores práticas de governança. Então, surge a oportunidade de fundos passivos replicarem a carteira, como foi o caso do GOVE11 (IT Now IGCT Fundo de Índice).
Após observar como a cultura ESG tem sido abordada no mercado, muitos investidores se questionam por que o ESG é tão importante para a economia e o mundo. Afinal, será que tal cultura, é realmente tão fundamental nesses dois âmbitos?
Para entender melhor essa questão, é importante conhecer quais são os impactos de uma agenda pautada no meio ambiente, no social e na governança, tanto no espectro da economia quanto do mundo.
Impacto do ESG no mundo
O impacto do ESG no mundo, apesar de parecer irrisório, é muito grande. Isso porque, com a valorização das companhias que defendem essas pautas, as empresas que antes não se preocupavam com questões ambientais, sociais e de governança, passarão a dar mais importância para essas áreas.
Assim, espera-se, por exemplo, um maior alinhamento das companhias para a redução dos impactos ambientais de seus produtos. Além disso, também é possível esperar que as empresas deem mais atenção para questões sociais do seu dia a dia, com a maior valorização de seus colaboradores e das sociedades as quais a circundam.
Obviamente, esses eventos acontecendo isoladamente em cada empresa pode parecer pouco relevante. No entanto, quando analisado em escala, ao redor do globo, podemos perceber melhor o impacto do ESG no mundo.
Impacto do ESG na economia
Além do âmbito mundial, o impacto do ESG na economia também é relevante. E isso não poderia ser diferente, já que a agenda ESG é amplamente comentada dentro do mercado financeiro.
Essa questão pode ser atribuída ao fato de que organizações que adotam essa agenda tendem a ser mais valorizadas entre os investidores. Já que, conforme foi colocado, o ESG tende a reduzir os riscos e alinhar os interesses entre administradores de empresas, investidores minoritários e majoritários.
Dessa forma, o impacto do ESG na economia poderá ser observado de vários lados. Por exemplo, na valorização dos ativos, no aumento da liquidez no mercado e até na redução de crises financeiras. Principalmente por aquelas causadas por indícios de fraudes e corrupção, como a crise de 2008 (crise do subprime).
Impacto do ESG nos investimentos
Por fim, grande parte dos investidores se questiona qual o impacto do ESG nos investimentos. Neste sentido, já é possível, após conhecer mais sobre essa agenda, inferir quais seriam alguns dos seus impactos para os investidores. Dentre esses impactos, temos:
- Potencial valorização das ações de empresas;
- Redução dos riscos de investir nessas companhias;
- Aumento da transparência nas relações entre os stakeholders;
- Maior competitividade de longo prazo;
- Maior valorização da marca.
Investimentos ESG: O que são?
Investimentos ESG são opções de ativos que tenham certa relação com boas práticas de governança corporativa ou que financiam a resolução de problemas de caráter socioambientais.
Nesse caso, alguns exemplos de investimentos ESG são ações de empresas que adotam essas práticas, ou fundos de investimento que aplicam recursos em ativos desse tipo.
Outra opção é representada pelos Fundos de Índice, os conhecidos ETFs, cuja composição tenha companhias e ativos ESG.
Na renda fixa, títulos emitidos por empresas com o propósito de financiar projetos sustentáveis também podem ser considerados como investimentos ESG.
Por fim, depois de conhecer os impactos nos investimentos, os quais podem ser considerados muito mais positivos do que negativos, chega-se à seguinte questão: como investir em ESG?
Neste ponto, verifica-se duas principais formas: investir em ETFs de ESG ou então comprar ações de empresas que valorizam e que passaram a incorporar a agenda. Abaixo, um pouco mais sobre essas duas formas de investimento em ESG.
Investir em ETFs de ESG
Investir em ETFs de ESG é a primeira, e também mais fácil, maneira de se expor a companhias que adotam essas práticas. A facilidade vem do fato de que o investidor de um Exchange Traded Fund compra uma cota do fundo e passa a estar diversificado em dezenas de empresas com o mesmo critério.
No caso, ao adquirir a cota de um ETF de ESG, como do ESGB11 (BTG Pactual ESG FI S&P/B3 Brazil ESG) o investidor está, em outras palavras, expondo seu capital a uma série de organizações que já são consideradas praticantes da agenda. Assim, não há necessidade de analisar e procurar quais são as companhias que adotam o ESG.
Investir em empresas ESG
Por fim, outros investidores, ao invés de alocar recursos em fundos passivos ETFs, preferem investir diretamente em empresas ESG. Isto é, selecionando quais são as companhias que adotam essas práticas e, dentre estas, as melhores oportunidades para investimento.
Neste caso, o investidor deve se atentar a escolher quais são, de fato, as ações de empresas ESG do mercado. Sendo que uma alternativa para isso é conferir quais papéis fazem parte da carteira do ETF ESGB11.
Depois disso, o próximo passo é avaliar quais dessas ações são oportunidades de investimento. Sendo que uma forma de realizar essa análise é verificando quais empresas são negociadas na bolsa a um preço abaixo do seu verdadeiro valor.
Qual a importância dos investimentos ESG?
Por meio dos investimentos ESG, os investidores têm a oportunidade de alcançar uma boa rentabilidade na aplicação de seus recursos. Além disso, também podem ajudar a financiar projetos sustentáveis e que influenciam de forma positiva a sociedade e o meio ambiente.
Assim, os investimentos ESG representam uma forma de arrecadar recursos e destiná-los à resolução de problemas que envolvem a diversidade, inclusão, governança, ética empresarial, qualidade de vida e as mudanças climáticas.
E então, conseguiu entender mais sobre o que é e quais são os critérios do ESG? Deixe abaixo suas dúvidas e comentários sobre essa agenda.
O que é uma empresa ESG?
Uma empresa ESG é aquela que se alinha e que se compromete a desenvolver e adotar melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Estes três pilares vem da sigla ESG, que significa Environmental, Social and Governance.
Como surgiu o ESG?
O ESG surgiu em 2005 em um artigo chamado “Who Cares Wins”, do autor Ivo Knoepfel. Nele, Ivo defendia que “ganha quem se importa”. Isto é, as organizações que adotavam práticas alinhadas com o meio ambiente, com o social e com a governança tinham resultados superiores.
O que são investimentos ESG?
Os investimentos ESG são aqueles que focam nas empresas que adotam critérios dessa agenda. Isto é, investimentos que são realizados em ativos ou em empresas que estejam alinhados com as melhores práticas no aspecto ambiental, social e de governança corporativa.
Como investir em ESG?
Para investir em ESG o investidor pode comprar cotas de ETFs que investem passivamente nessas empresas ou então investir diretamente em ações de companhias que adotam práticas ESG. Para isso, o investidor deve conferir se o ativo escolhido adota as práticas de interesse ambiental, social e de governança corporativa.
Como filtrar empresas ESG?
Para filtrar empresas ESG, o indivíduo deve avaliar se a companhia está, de fato, adotando as melhores práticas dos seus três pilares: o ambiental, social e a governança corporativa. E para reduzir esse trabalho, uma forma de realizar o filtro é verificar quais empresas fazem parte da carteira de investimento de fundos ETFs de ESG.
O que é o conceito ESG?
O ESG, é uma sigla em inglês para “Environmental, Social and Corporate Governance“, (ambiente, social e governança corporativa). Ou seja, é um conjunto de políticas utilizadas para orientar empresas, investimentos e escolhas de consumo focadas em sustentabilidade.
Quais são os pilares do ESG?
Os pilares de ESG compõem uma série de práticas adotadas pelas empresas que buscam ter seu funcionamento mais sustentável. Isso inclui fatores sociais, ambientais e de governança. Assim, as empresas procuram ter uma melhor atuação, aprimorando suas metas e práticas. Além de adquirir boas políticas de governança e transparência. A partir disso, a credibilidade das companhias na elaboração de negócios lucrativos é favorecida.