Ao se estudar os números de uma companhia, é muito importante saber mais sobre o grau de endividamento e alavancagem da empresa. E assim, por consequência, a sua dívida bruta.
Mesmo assim, muitos investidores negligenciam esse importante fator de uma análise fundamentalista e acabam por deixar de lado a avaliação da dívida bruta em um balanço patrimonial.
O que é a dívida bruta?
A dívida bruta representa nada menos que o somatório de todos os compromissos financeiros. Ou seja, o saldo devedor de todas as dívidas contraídas por uma empresa, que ainda se encontram em aberto para serem honrados. Tanto no curto prazo (prazo de pagamento de até um ano), quanto no longo prazo (período para quitação superior a um ano).
Adicionalmente, essa definição pode ser considerada também como as obrigações financeiras que as empresas tomam para algum fim. Seja ele financiar o capital de giro do seu negócio ou crescer e expandir as suas operações.
Pode-se entender, assim, que avaliar a qualidade e o montante desses compromissos é extremamente importante em um processo de formulação de uma tese de investimentos.
Entretanto, é importante mencionar, ainda nesse contexto de endividamento, que existe uma dúvida bastante recorrente por parte dos investidores, principalmente dos principiantes. Essa dúvida está associada a diferença existente entre os conceitos de dívida bruta e dívida líquida.
Dívida bruta e dívida líquida
A principal diferença entre dívida bruta e dívida líquida se faz através do seguinte fato.
Enquanto a primeira, conforme mencionado anteriormente, representa o montante total de compromissos financeiros para serem pagos por uma empresa. A segunda trata-se desse mesmo montante, porém descontando-se o caixa líquido que a empresa possui naquele momento.
A título de ilustração, observemos, abaixo, um exemplo prático para tratar desse assunto.
Os dados são da Ecorodovias, e foram extraídos do portal Fundamentus no dia 27 de julho de 2018.
De acordo com os dados da época, a companhia possuía, no total, o somatório de aproximadamente R$ 6,74 bilhões em obrigações financeiras para serem acertados com seus credores.
No mesmo período, a Ecorodovias possuía em caixa (representado abaixo através do termo “Disponibilidades”) aproximadamente cerca de R$ 2,11 bilhões.
Com isso, de acordo com o que é possível ver abaixo, a sua dívida líquida (resultado da subtração de R$ 6,74 bilhões por R$ 2,11 bilhões) foi de R$ 4,63 bilhões no período.
Dívida Bruta menor que o Caixa
Existe, ainda, o caso em que a quantidade de dinheiro que a companhia possui em caixa, naquele momento, mostra-se superior à sua dívida bruta.
Em ocasiões como essa, diz-se que a empresa em questão possui uma dívida líquida negativa.
Isto representa, em termos práticos, que a saúde financeira daquela companhia se encontra em um patamar bastante saudável e confortável.
A Senior Solution se enquadra nesse quesito, e esse enredo pode ser observado na imagem abaixo, também retirada do portal Fundamentus.
Acima, percebe-se claramente que a dívida líquida da Senior Solution era negativa em R$ 5,6 milhões, devido aos argumentos citados anteriormente.
Não devo investir em empresas endividadas?
A primeira vista, o endividamento de uma empresa é um sinal negativo. E realmente, a dívida deve ser considerada ruim à primeira vista. Porém, como mencionamos anteriormente, a composição da dívida, além da operação da firma, é que vai ditar a interpretação sobre o endividamento em si.
Ou seja, ao avistar uma companhia com um endividamento muito alto, cujas disponibilidades não conseguem financiar a dívida bruta, o investidor precisa ficar em alerta. Porque, uma companhia que possui tal grau de endividamento, e não tem perspectivas de melhora, e não conta, com uma operação que justifique o grau de endividamento, provavelmente está em apuros.
Em resumo, a dívida bruta é um importante indicador para análise fundamentalista de um ativo. Porém, sozinho, o indicador não vai lhe trazer informações suficientes para basear o seu investimento, ou não. Assim, é sempre bom analisar mais indicadores, de forma que a análise faça sentido e justifique a decisão de investir, ou não.
Pode-se concluir, de acordo com o exposto, que avaliar o montante total de endividamento de uma companhia é de extrema importância para uma análise fundamentalista de investimentos.
Neste sentido, compreender as nuances e a qualidade da dívida bruta do negócio é essencialmente relevante.
Como avaliar a dívida de uma empresa?
Para conduzir uma análise referente à dívida de uma empresa, o investidor deverá encontrar os valores que compõem a dívida da companhia. Normalmente, esses valores estão no Balanço Patrimonial, no Passivo. Dentro do Passivo, o investidor deverá verificar, tanto as contas do circulante (curto prazo), quanto as do não circulante (longo prazo). A partir desses valores, será possível fazer análises, comparando a dívida, junto às disponibilidades, patrimônio líquido, e demais contas.
O que é dívida financeira?
A dívida financeira, nada mais é do que os recursos que uma pessoa física, ou jurídica, captou junto a uma outra entidade. Esses recursos que foram captados, ou emprestados, se transformam em uma dívida financeira.
O que é dívida no balanço patrimonial?
No Balanço Patrimonial, a dívida está compreendida em uma série de contas. Por exemplo, dentro do Passivo Circulante, podemos encontrar valores referentes à dívida da empresa nas contas de Empréstimos e Financiamentos. Já no Passivo Não Circulante, provavelmente há uma conta com o mesmo nome, de Empréstimos e Financiamentos, onde haverá mais valores. Ao somar as quantias apresentadas nessas contas, a pessoa terá uma dimensão do total da dívida contida no Balanço Patrimonial.
