Um milhão de investidores na Bolsa: o que isso significa?

Número de investidores ativos na B3 dispara e o sonho de Edemir Pinto, ex-presidente da empresa, volta à memória dos amantes da renda variável.

 

Já fazem quase dez anos que Edemir Pinto, então presidente da BM&FBovespa, lançou a meta de atingir 5 milhões de investidores ativos em cinco anos. Na época, a empresa contava com pouco mais de 500.000 clientes. A meta de decuplicar o número de usuários parecia alcançável naquele momento, uma vez que no cenário internacional, as referências da época indicavam tal possibilidade.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de investidores pessoa física em 2010 chegava a 90 milhões, o que representava 30% da população. No Japão, o número atingia a marca de 27 milhões.

Os planos não saíram como o esperado e o número de investidores ativos passou por um período de quase sete anos de estagnação.

As altas taxas de juros, a volatilidade do mercado e o baixo crescimento da economia, com a recessão econômica agravada no biênio 2015/16, afastaram os investidores pessoa física da renda variável.

Com a gradual redução da taxa de juros adotada pelo Banco Central na tentativa de reaquecer a economia, os brasileiros começaram a perceber as oportunidades que o mercado estava oferecendo e o número de investidores ativos voltou a subir.

No último ano, a empresa vem batendo recordes a cada mês e está atingindo uma importante conquista, a marca de 1 milhão de investidores. Tal fato se deve a diversos eventos, entre eles, o crescimento da educação financeira do país.

O maior acesso à informação acerca do mercado financeiro, o aumento da participação no mercado por parte das corretoras de valores mobiliários e o crescimento das casas de análise foram alguns dos fatores que contribuíram significativamente para iniciar o processo de educação financeira no Brasil.

Aliado a isto, a manutenção das baixas taxas de juros por parte do Banco Central contribuiu significativamente para a escalada do número de investidores ativos na B3. Com os títulos de renda fixa sendo comercializados com baixa remuneração, o investidor passa a buscar outras alternativas de investimentos.

Em complemento, ao reduzir os juros básicos, o custo de crédito também é reduzido, o que estimula a produção e o consumo, reaquecendo a economia.

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A recente crise no mercado imobiliário também levou muitos investidores ao mercado de capitais, quando estes perceberam a baixa liquidez dos imóveis. Muitos investidores passaram a optar por investimentos no mesmo setor através de Fundos Imobiliários.

Este cenário levou ao crescimento expressivo do número de investidores ativos no último ano. Em fevereiro de 2018, a B3 contava com aproximadamente 655 mil investidores, número que saltou para a marca de 942 mil em fevereiro de 2019 – crescimento de 44%.

Mesmo com o crescimento expressivo, o número ainda está muito aquém do sonho de Edemir Pinto e do potencial de crescimento deste mercado.

O Brasil, atualmente, tem uma população de quase 210 milhões de pessoas, sendo aproximadamente 100 milhões, segundo dados do IBGE, integrantes da População Economicamente Ativa (PEA).

Hoje, apenas 1% da PEA do país investe na Bolsa, enquanto em diversos lugares do mundo, o indicador supera a marca de 15%.

Países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Austrália e Japão, possuem mais de duas mil empresas de capital aberto negociadas no mercado, o Brasil, por outro lado, em março de 2019 apresenta o modesto número de 336 empresas.

O cenário aponta para um potencial de crescimento incrível para o mercado brasileiro. O aumento do número de investidores ativos atrai diversas empresas para a captação de recursos via abertura de capital, enquanto o cenário político indica reformas que podem reaquecer a economia e levar o país de volta ao crescimento econômico.

A B3 tem a expectativa de que algo entre 20 e 30 empresas passem a negociar ações na bolsa em 2019. Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes Brasil da B3, afirma que o número mais provável está próximo de 30.

Com o aumento do número de empresas listadas, o mercado passa a oferecer mais oportunidades, o que atrai mais investidores. A manutenção das baixas taxas de juros pode alimentar o ciclo e cada vez mais empresas e investidores podem buscar o mercado de capitais para atender suas demandas.

Hoje (20), o Copom se reúne pela segunda vez no ano para definir a taxa básica de juros. A expectativa é que a taxa permaneça no patamar atual (6.5%) para 2019 e se eleve em cerca de 1 ponto percentual para 2020.

Caso este cenário se concretize, podemos esperar crescimento expressivo do mercado de capitais em 2019 com aumento significativo no número de investidores ativos e empresas listadas. Quem sabe, num futuro próximo, alcançaremos os sonhos de Edemir Pinto.

ACESSO RÁPIDO
Tiago Reis
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