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    Taxa de juros em 2024: quanto a taxa Selic irá cair?

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    É sabido que a taxa básica de juros da economia brasileira, conhecida como taxa Selic, é um instrumento importantíssimo para a economia e balizador de diversos ativos no mercado financeiro.

    Ela tem influência sobre todas as taxas de juros do país, como a dos empréstimos, financiamentos e das aplicações financeiras, como LCI, LCA, poupança e Tesouro Direto. Ficar por dentro dos seus movimentos é uma necessidade de qualquer perfil de investidor que queira surfar as ondas certas do mercado.

    Como a taxa de juros impacta a economia

    Como a taxa de juros impacta a economia

    Mudanças nessa taxa impactam diversos setores da economia como a demanda por crédito, endividamento das empresas e rentabilidade dos investimentos.

    Por exemplo quando a Selic sobe, ela torna os investimentos em renda fixa mais atrativos, fazendo com que os investidores saiam de renda variável em direção aos ativos de menor risco.

    Além disso, juro mais alto desacelera a atividade econômica, pois o custo dos empréstimos aumenta tanto para as famílias quanto para as empresas. Isso também vale para quedas dos juros, já que estas aumentam a atratividade da renda variável e o apetite por risco dos investidores. E, torna, por exemplo, as condições no mercado imobiliário mais favoráveis.

    Por isso, os investidores precisam conhecer quais serão as perspectivas para a taxa de juros no ano que vem para compreender como isso pode afetar suas decisões de investimentos e na estratégia de aportes mensais.

    Os movimentos em 2023

    Diferentemente dos últimos três anos, o Banco Central (BC) iniciou o ciclo de cortes na taxa juros em 2023. Para se ter uma ideia, entre 2021 e 2022, a Selic cresceu 11,75 p.p. em pouquíssimo tempo, saindo de 2,00% a.a. em março de 2021 para 13,75% a.a. em agosto de 2022 – se mantendo nesse patamar por mais um ano.

    Taxa de juros nos governos ao longo dos anos
    Elaboração e Projeção: Suno Research

    Essa alta do juro foi necessária para controlar a inflação que chegou a atingir 12,1% em abril de 2022 e tende a encerrar abaixo de 4,75% em 2023, dentro do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional. Diante de um cenário inflacionário mais benigno, o BC tem mais segurança de continuar essa trajetória de queda da taxa de juros.

    Fatores altistas e baixistas nos preços

    Atualmente, a Selic continua em níveis bastante restritivos, mas ela continuará caindo em 2024. O BC ressaltou em seus comunicados alguns riscos a serem monitorados tanto positivos quanto negativos que podem afetar a inflação e, consequentemente, a trajetória do juro – sinal (+), fator que pressiona os preços, e (-), fator baixista que desacelera a inflação:

    • (+) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais

      Novos choques sobre o mercado de commodities como, por exemplo, choque geopolíticos que elevem os preços do petróleo e dos insumos agrícolas podem retardar a desinflação dos países. O Brasil acaba importando essa inflação externa via aumento dos preços das matérias-primas e com uma tendência de câmbio mais desvalorizado.

    • (+) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado

      Ohiato é a diferença entre o PIB e o PIB potencial. Ele é um bom indicador de oscilações da economia. Se o hiato é positivo, quer dizer que atividade econômica está mais aquecida que o seu ideal, isso pode gerar inflação e reduzir o desemprego.

    Caso, o hiato seja negativo, a atividade está abaixo da sua tendência de longo prazo, existe uma capacidade ociosa não utilizada, as pressões inflacionárias diminuem e o desemprego aumenta.

    Atualmente, o hiato está negativo. Mas caso essa diferença seja menor do que o BC acredite, ou seja, PIB atual estaria mais próxima do ideal, o aquecimento da atividade poderia gerar efeitos altistas sobre a inflação, principalmente, a de serviços.

    • (-) Uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada

      Se o mundo cresce menos, a tendência é a demanda mundial por bens e matérias primas também ser menor, gerando uma queda dos preços. Se o mundo entrar em uma recessão, provavelmente, teremos uma desaceleração da inflação global.

    • (-) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado

      Não foi só o Brasil que elevou juros, o mundo inteiro seguiu a mesma direção. Por exemplo, nos EUA a taxa saiu de 0,0% a.a. para 5,25% a.a. Na Zona do Euro, de -0,5% a.a. para 4,0% a.a. Logo, caso essa elevação de juros implique em uma desaceleração dos preços maior do que esperado, isso será positivo para o Brasil.

    Se os riscos altistas, com sinal positivo, começarem a pesar mais no cenário do Banco Central e, piorarem as expectativas do mercado, ele poderá diminuir o ritmo de cortes na taxa de juros.

    Da mesma forma, se enxergamos um processo maior da desinflação na economia brasileira, ancoragem das expectativas e a autoridade monetária se sentir segura de que não irá perder sua credibilidade, poderemos ver uma queda maior da Selic.

    Alvo da Selic em 2024

    Alvo da Selic em 2024

    Primeiramente, a expectativa é de que a taxa Selic termine esse ano em 11,75% a.a. Mesmo com as incertezas, há espaço para queda da taxa Selic dado o cenário inflacionário brasileiro positivo.

    Para 2024, a nossa projeção é de 9,75% a.a., acima das projeções do mercado até a publicação desse material. Dois pontos motivam uma taxa nesse patamar:

    Diferencial de juros

    A perspectiva de queda da Selic e manutenção prolongada da taxa de juros nos EUA diminui o diferencial de taxas entre os dois países. Esse movimento diminui a atratividade dos ativos brasileiros e leva um fluxo de saída ou redução de entradas de dólares no Brasil.
    Consequentemente, a taxa de câmbio real-dólar tende a ser pressionada. Dólar mais caro afeta custo das firmas e há um maior repasse para os preços aos consumidores – ou seja, perigo de inflação.
    Logo, o banco central terá menos flexibilidade para reduzir a taxa de juros diante de uma possível desvalorização do câmbio.

    Fiscal

    seguimos céticos que a equipe econômica conseguirá zerar o déficit fiscal em 2024, apenas focando no aumento da arrecadação – que é o caminho seguido até o momento. O governo terá dificuldades de cumprir com a meta. E, o perigo será alterá-la.
    Essa incerteza e até a possibilidade de aumento de gastos no ano que vem, por conta das eleições, trazem uma pressão altista sobre as a inflação e as expectativas.
    Entre setembro e outubro de 2023, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou em palestras e entrevistas a importância de se buscar a meta fiscal de 2024 e não a abandonar. Um compromisso do governo e dos parlamentares poderá melhorar as expectativas sobre a economia e facilitar o trabalho do Copom.
    Se o governo não se comprometer com a meta ou alterá-la poderá sinalizar: i) que o novo arcabouço não apresenta os mecanismos necessários para diminuir o endividamento público; e ii) até um possível aumento do gasto público no ano que vem. Um aumento do risco fiscal, poderia gerar pressões sobre o câmbio e impactaria negativamente as expectativas de inflação.

    Ressaltamos sempre que o Banco Central não está somente preocupado com a inflação corrente, mas, principalmente, com a inflação futura. Se os agentes econômicos enxergam uma inflação maior amanhã, eles já incorporam hoje esse aumento nos seus contratos, nos salários e nos preços – o mesmo exemplo vale se você descobrir que vai acontecer um problema amanhã, já que você se preveniria hoje.

    Probabilidades da taxa de juros em 2024

    CopomCenário Base
    Probabilidade70%
    nov/2312,25%
    dez/2311,75%
    jan/2411,25%
    mar/2410,75%
    mai/2410,25%
    jun/249,75%
    jul/249,75%
    set/249,75%
    nov/249,75%
    dez/249,75%
    dez/259,00%
    dez/268,50%

    Vale ressaltar que os possíveis efeitos da aprovação da reforma tributária, que deve ocorrer até o final de 2023 ou início de 2024, poderá impactar a trajetória da taxa de juros para os próximos anos. Porém, iremos incorporar esse evento somente após a sanção do projeto.

    Choques positivos quanto negativos podem alterar esse cenário e suas respectivas probabilidades. Seguiremos acompanhando e trazendo atualizações pois elas terão impactados sobre a renda fixa e o mercado acionário.

    Onde investir com a taxa de juros em 2024?

    Onde investir com a taxa de juros em 2024?

    Apesar da melhora do cenário e queda da Selic, as taxas de juros devem se manter em patamares restritivos em 2024. Sendo assim, é fundamental compreender onde investir para encontrar as melhores oportunidades de investimentos e definir as estratégias de aporte mensal para o ano.

    Há boas alternativas e péssimas alternativas tanto na renda fixa quanto na renda variável. Acompanhe os contextos abaixo para entender cada uma delas e qual a melhor para investir.

    Renda fixa com a taxa de juros em 2024

    Renda fixa com a taxa de juros em 2024

    Sob a lupa do nosso head de Renda Fixa, Vinicius Romano, emerge uma estratégia de alocação que pondera risco e retorno em meio à trajetória atual da taxa Selic. A análise abrange os três principais tipos de remuneração – pós-fixados, prefixados e indexados à inflação – e oferece um olhar criterioso sobre as oportunidades e desafios que cada um apresenta no contexto das projeções para a taxa de juros no próximo ano.

      Títulos Pós-fixados

      Explorando os títulos pós-fixados, Romano destaca a estabilidade que eles oferecem no ambiente atual. Com menor exposição às oscilações de mercado e beneficiados pela taxa básica de juros em um nível considerado alto, esses instrumentos se destacam por sua atrativa relação risco-retorno.

      Títulos Indexados à Inflação

      Olhando para os títulos indexados à inflação, ou IPCA+, o foco se volta para os vencimentos de médio e longo prazo. Esses papéis surgem como uma proposta valiosa para carregar na carteira, ofertando um retorno real significativo e isenção de risco de crédito, principalmente no cenário de títulos públicos.

      Títulos Prefixados

      No segmento dos prefixados, as oportunidades se fazem presentes, sobretudo em emissões bancárias com durações mais curtas, próximas de três anos. No entanto, Romano adverte que, comparativamente, esses títulos ainda comportam um risco superior aos seus pares no universo da renda fixa.

      Renda variável com a taxa de juros em 2024

      Renda variável com a taxa de juros em 2024

      Com a expectativa de taxas de juros em queda para 2024, o mercado de renda variável se ajusta e sinaliza uma nova dinâmica para os investidores. Este movimento inicial de redução da Selic desponta como um impulso para a bolsa brasileira, prometendo reflexos benéficos à economia real e ao setor de crédito no médio prazo. Ao mergulhar nas implicações dessa mudança, percebe-se que o valuation das empresas – processo crucial de avaliação de seu valor – tende a se beneficiar de juros mais amigáveis, potencialmente elevando o preço das ações e animando o mercado acionário.

      01 O Impacto nos Diferentes Setores
      diferentes medidas
      O Impacto nos Diferentes Setores
      02 Balanço
      entre Riscos e Oportunidades
      Balanço
      03 Perspectivas e Estratégias
      investimentos de longo prazo
      Perspectivas e Estratégias
      01

      O Impacto nos Diferentes Setores

      O Impacto nos Diferentes Setores

      Os efeitos da Selic não são distribuídos uniformemente através do mercado de ações; setores específicos reagem de maneira distinta às mudanças na taxa de juros. Enquanto instituições financeiras e seguradoras, que tradicionalmente investem em títulos públicos, podem ver uma compressão na rentabilidade, outros segmentos, como a construção civil e o varejo, tendem a ganhar com o barateamento do crédito, que estimula financiamentos e consumo. Isso serve como um norte para o acionista na hora de escolher manter ou se desfazer de ações.

      02

      Balanço entre Riscos e Oportunidades

      Balanço entre Riscos e Oportunidades

      O cenário é complexo e requer uma análise equilibrada, considerando tanto os possíveis desafios para as empresas com receitas atreladas a juros mais altos quanto os impulsos positivos vindos de um ambiente macroeconômico em melhoria. A chave está em ponderar como as melhorias gerais da economia podem contrabalançar as perdas pontuais.

      03

      Perspectivas a Longo Prazo e Estratégias de Investimento

      Perspectivas a Longo Prazo e Estratégias de Investimento

      Por fim, é essencial reconhecer que a transição para juros mais baixos não altera instantaneamente o panorama econômico; existe uma defasagem temporal até que os efeitos sejam plenamente sentidos na economia real.

      Diante das incertezas quanto aos próximos passos do Banco Central, a prudência sugere um foco em empresas robustas, com fundamentos sólidos e um potencial de valorização consistente, como estratégia para navegar neste período de transição.

      Conclusão e FAQ

      Conclusão e FAQ

      Acompanhar os movimentos da taxa de juro é essencial para o investidor que busca encontrar oportunidades nos diferentes mercados e diminuir os riscos de sua carteira. E, não tente adivinhar os movimentos do Banco Central, isso é uma tarefa extremamente difícil.

      Diante da volatilidade e das incertezas, se mantenha em suas estratégias e foco no longo prazo.

      E então, conseguiu compreender melhor o contexto econômico que envolve a taxa de juros em 2024? Deixe abaixo suas dúvidas e comentários sobre esse assunto.

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      Perguntas frequentes em renda variável em 2024
      O que esperar da renda variável?

      Espera-se que a renda variável continue a oferecer potenciais retornos mais altos comparados à renda fixa, embora com maior risco. Variações de mercado são esperadas, e a diversificação continua sendo chave para o manejo de riscos.

      Quando é vantajoso investir em renda variável?

      Investir em renda variável é vantajoso quando se tem um horizonte de investimento de longo prazo e tolerância a riscos mais elevados, buscando maior rentabilidade em relação à renda fixa.

      Qual o melhor investimento de renda variável?

      O melhor investimento de renda variável depende dos objetivos e perfil de risco do investidor. Ações de empresas sólidas, fundos de investimento em ações, e ETFs são opções populares para diversificação.

      É seguro investir em renda variável?

      Investir em renda variável carrega riscos inerentes, incluindo volatilidade do mercado e possibilidade de perda de capital. É considerado seguro para investidores que compreendem esses riscos e adotam estratégias de diversificação e análise cuidadosa.

      Quais são os riscos de investir em renda variável?

      Os principais riscos ao investir em renda variável incluem a volatilidade do mercado, mudanças econômicas, risco de liquidez, e o risco de não recuperar o investimento inicial devido a flutuações nos preços dos ativos.

      Tiago Reis
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      1 comentário

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      • Sérgio 27 de março de 2024
        Boa noite, melhor site, bem completo, atualizado, boa didática, parabéns, pude entender muitas coisas relacionadas a finanças.Responder