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Seis sinais ruins para estar atento ao avaliar empresas (Parte II)

Neste Suno Call, abordarei o restante dos sinais para os quais o investidor deve se atentar ao avaliar uma empresa. Vale lembrar que eles foram elencados por Pat Dorsey e Joe Mansueto no livro “The Five Rules for Successful Stock Investing”, conforme comentado na primeira parte.

Aquisições em Série

Companhias que fazem aquisições numerosas podem ser problemáticas. Há uma série de motivos para que isso seja colocado em questão.

As empresas compradoras precisam continuar comprando outras empresas cada vez maiores para manter seu crescimento na mesma proporção. Neste sentido, quanto maior é a empresa a ser comprada, mais difícil se torna a verificação minuciosa, correndo o risco de comprar “gato por lebre”.

Até mesmo Warren Buffett já foi vítima disso, quando a Berkshire Hathaway comprou a GenRe, uma grande empresa de resseguros, em 1998. Buffett tem um vasto conhecimento deste setor, no entanto, algum tempo após a aquisição, reconheceu que a companhia estava com uma saúde pior do que ele imaginava no momento da compra.

Além disso, uma gestão inescrupulosa pode se aproveitar da “confusão” resultante das sucessivas aquisições para mascarar alguns resultados.

CFO ou auditores deixam a companhia – “Quem vigia os vigilantes?”

No que diz respeito aos relatórios financeiros, os vigilantes são o CFO (Chief Financial Officer) e os auditores. Se o CFO deixa a companhia por razões estranhas ou mal explicadas, você deve ficar em estado de alerta.

Normalmente, o CFO muda de posição, como os outros executivos. Porém, ao deixar uma companhia que já está sob suspeita de problemas contábeis, você deve ter cautela ao lidar com o que está além do que é possível enxergar. Vale ressaltar que isso também se aplica aos auditores.

Assim, quando a companhia dá este sinal, cabe procurar por outros aspectos que podem estar demonstrando uma saúde ruim da empresa.

Contas não estão sendo pagas

Existe um jeito sorrateiro de uma empresa impulsionar seu crescimento: flexibilizando o crédito para seus clientes. Isso induz seu público a comprar mais produtos ou serviços vendidos pela companhia.

A observação aqui é a seguinte: mesmo que a empresa tenha reconhecido a venda – aumentando as receitas – o consumidor ainda não pagou pelo produto.

Com as condições de crédito muito flexíveis, podem ser atraídos clientes duvidosos. Assim, se uma quantidade muito grande de consumidores não paga pelo produto, o crescimento impulsionado será revertido em perdas quando a companhia reconhecer a inadimplência de seus clientes.

O investidor deve, portanto, estar atento ao crescimento das contas a receber da empresa. Caso elas cresçam num ritmo mais rápido que as receitas, durante vários períodos, é preciso redobrar a atenção, pois isso provavelmente não será sustentável.

Além disso, existe a provisão para devedores duvidosos, isto é, o dinheiro que a companhia deve reservar para eventuais “calotes” que venha a sofrer. Tal conta deve estar em fase com as contas a receber. Caso isso não seja observado, a empresa pode estar impulsionando seus resultados diante de um otimismo de que considera que a maioria dos seus clientes pagarão o que devem.

Alterações nos termos de crédito e nas contas a receber

Por último, é interessante checar se a empresa menciona, em seus relatórios, alguma mudança nos termos de crédito para seus clientes, bem como as possíveis explicações para saltos nas contas a receber. Caso as explicações não sejam plausíveis, ou sejam estranhas, com muitos rodeios, é um mau sinal.

 

Finalmente, ao observar estes seis sinais, você aumenta suas chances de se prevenir contra grande parte dos potenciais colapsos relacionados à contabilidade.

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