ROCE (Return on Capital Employed) – Entenda mais sobre este indicador
Existem muitos indicadores financeiros que contribuem para que um investidor simpatizante do Value Investing consiga realizar uma análise de fundamentos de qualidade para seus investimentos e, nesse âmbito, o ROCE é uma dessas ferramentas presentes no escopo de muitos analistas.
Apesar de ser um indicador financeiro bem pouco utilizado no Brasil, o ROCE é a sigla de “Return on Capital Employed” que, em português, pode ser considerado um sinônimo de Retorno Sobre Capital Empregado.
É importante destacar, antes de mais nada, que a principal finalidade do indicador financeiro ROCE é determinar o nível de eficiência de uma companhia na aplicação do capital nela investido, e normalmente é representado em termos de porcentagem.
Dessa forma, é possível entender que, quanto maior for este índice, maior é a competência daquele empreendimento em usar o seu capital para a geração de valor naquilo que se propõe a fazer.
Há de se destacar, ainda, que esse indicador é, por muitas vezes, confundido com o ROE (Return On Equity ou Retorno Sobre o Patrimônio Líquido) e o ROIC (Return On Invested Capital ou Retorno Sobre o Capital Investido) das companhias.
Como calcular o ROCE
Assim como a grande maioria dos indicadores financeiros disponíveis, o ROCE também é calculado através de uma equação, que, nesse caso, é definida através da divisão dos lucros antes dos juros e impostos, ou EBIT pelo capital investido no negócio.
Fórmula do ROCE:
ROCE = EBIT / Capital Empregado ou
ROCE = EBIT / (Patrimônio líquido + Passivos não circulantes) ou
Dessa forma, como dito anteriormente, quanto maior o percentual deste indicador fundamentalista de uma empresa, melhor para seus acionistas, pois um alto ROCE significa que a companhia está usando o seu capital de maneira mais eficiente.
Assim, examinar essa métrica por parte de diferentes empresas é uma maneira de os investidores poderem comparar companhias e então, decidir em qual delas aplicar os seus recursos.
Estudar o histórico deste indicador em relação a uma empresa ao longo dos anos de modo a perceber a sua variação no decorrer do tempo também é uma boa maneira de se analisar um negócio. Nesse caso, o ideal é que esta métrica se mantenha estável ou apresente crescimento ao longo dos anos.
Entretanto, é sempre importante lembrar que um indicador fundamentalista nunca deve ser analisado de maneira isolada em uma análise, e sim toda a conjuntura (macroeconomia, segmento de atuação, concorrentes, expectativa de crescimento, entre outros) do negócio em questão.
Exemplo
A título de ilustração, tomemos como exemplo duas empresas, A e B, as quais atuam no mesmo segmento.
No exemplo, suponha-se que a companhia A apresentou, durante o último ano, um EBIT de R$ 5 milhões frente a uma receita líquida de R$ 100 milhões, ao passo que a empresa B tenha apresentado um EBIT de R$ 7,5 milhões frente a uma receita líquida de também R$ 100 milhões.
Num primeiro momento, é natural que se entenda que a empresa B tenha sido um melhor investimento, dado que a sua margem EBIT, no período, foi de 7,5% contra 5% da empresa A.
Entretanto, seria interessante, antes de se decidir investir na empresa B, analisar o capital empregado em ambas as empresas.
No nosso caso, assumamos que a empresa A tenha tido um capital total de R$ 25 milhões investidos nela, enquanto que a empresa B tenha tido um valor de R$ 50 milhões para a mesma finalidade.
Munidos com essas informações adicionais, podemos perceber, então, que a empresa A apresentou, no período, um ROCE de 30%, percentagem essa maior que os 15% que pôde ser observado em relação a empresa B, o que significa que, neste caso, a empresa A apresentou uma capacidade de realizar um melhor trabalho com o capital nela empregado do que a companhia B.
São duas visões diferentes para um mesmo caso, e pode ser que existam outros indicadores que mostrem, ainda, outros pontos de vista em relação às empresas A e B.
Conclusão
Foi possível perceber que, apesar de pouco utilizado, o ROCE é um indicador que diz muito a respeito das empresas, principalmente as que atuam no mesmo setor. Entretanto, é sempre importante lembrar que, numa análise, nunca se deve observar apenas uma variante, e sim toda a conjuntura por trás de um empreendimento de valor.