Risco não-diversificável: o imponderável no mercado
Você já deve ter ouvido a célebre frase em investimentos de que “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”. A ideia é diversificar os riscos. Mas o que fazer com o risco não-diversificável?
Também conhecido como risco sistêmico, o risco não-diversificável é importante de ser compreendido pelo investidor para entender a que exatamente está exposto.
O risco não-diversificável é o risco que afeta o mercado como um todo e a economia em geral. Por isso, afeta todos os ativos e não é possível de ser diversificado. É um risco sistêmico e geralmente de grandes proporções.
São exemplos: uma grande valorização do câmbio repentinamente ou uma grande alta na taxa de juros. Todos os ativos nesse mercado irão ser afetados por esses acontecimentos. Sejam ações ou títulos de renda fixa.
Guerras ou desastres naturais são consideradas riscos sistêmicos, afetam todas as variáveis financeiras de uma economia e, por conseguinte, afetam economias interligadas.
A questão que se coloca é que se esse risco afeta um mercado pode ser possível diversificá-lo investindo em mercados diferentes. Mas nem sempre isso é verdade.
Por exemplo, ao se investir no mercado brasileiro se está exposto aos riscos não diversificáveis desse mercado. Mas ao fazer aplicações no exterior se estaria longe desse risco.
Isso pode ser verdade ou não. O Brasil não é um país isolado, possui um mercado externo e se relaciona com outros países. Portanto seus problemas econômicos irão impactar o resto do mundo. A questão é que o impacto será maior ou menor dependendo da ligação do país com o Brasil.
Por exemplo, países da América Latina sofrem muito mais com crises no Brasil do que os Estados Unidos ou a Europa.
A ideia de sistema se mostra interessante, já que quanto mais os mercados estão relacionados mais se dissemina esse risco pelo sistema.
No entanto, alguns riscos de fato estão conectados com toda a economia mundial e o mercado financeiro.
A crise financeira: um exemplo de risco não-diversificável
Quanto maior é uma economia, maior é a sua influencia no mercado mundial. E por isso, os investidores estão sempre atentos ao desempenho dessas grandes economias.
Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e fazem comércio com grande parte do mundo. Por isso, problemas em seu mercado afetam praticamente toda a economia mundial.
Os mercados financeiros são por si só muito interligados assim como o sistema financeiro. Isso explica as grandes repercussões da crise do subprime nos Estados Unidos.
Quando foi descoberto que grandes bancos americanos estavam vendendo títulos podres como se tivessem um bom risco de crédito esses títulos já haviam sido vendidos a outros bancos pelo mundo.
Assim, quando os bancos com posse desses ativos podres começaram a ter problemas financeiros eles impactaram a outros bancos que tinham outras relações financeiras com eles.
E o problema foi se alastrando de forma sistêmica e derrubou todas as bolsas de valores pelo mundo. A conseqüência do evento levou à redução na taxa de juros dos Estados Unidos a quase zero. O que impactou diretamente todos os títulos de dívidas do mundo.
Logo, o mercado financeiro mundial foi impactado pelo risco não-diversificável. Não havendo como escapar de suas conseqüências.