A Transmissora Aliança de Energia Elétrica – Taesa – divulgou ontem (09) ao mercado os seus resultados do primeiro trimestre de 2018 e, neste sentido, foi possível perceber que a companhia continuou a apresentar um sólido e consistente compromisso com o seu crescimento e com a eficiência operacional.
Neste sentido, vale lembrar que reforçando o seu foco no crescimento, no último dia 26 de março, foi concluída a aquisição pela Taesa da participação de 24,95% e de 50,10% por parte da sua coligada, a Empresa Norte de Transmissão de Energia S.A. (ENTE), no capital social da IB SPE Transmissora de Energia Elétrica S.A., atualmente denominada EDTE.
Com a conclusão da aquisição, a Taesa passou a deter direta e indiretamente 49,99% da EDTE, o que representa um incremento de R$ 32,1 MM na RAP da companhia e um investimento total de R$ 368 MM.
Considerando a EDTE, a Taesa possui atualmente oito empreendimentos em construção, que juntos representam aproximadamente R$ 5,0 bilhões em investimentos e um total de R$ 888 MM em Receita Anual Permitida, considerando o valor total dos projetos. Se considerar apenas a participação da Taesa nos projetos, a RAP proporcional é R$ 573 MM e os investimentos R$ 3,2 bilhões.
Além disso, a Taesa está se preparando para participar do próximo leilão de transmissão, que deverá ocorrer ao final de junho deste ano. O leilão 002/2018 deverá apresentar 24 lotes localizados em 20 estados mais o Distrito Federal. Os empreendimentos totalizam, aproximadamente, 4 mil km de linhas de transmissão e a estimativa de investimentos é de R$ 8,9 bilhões.
Em relação ao seu operacional, no 1T18 a Taesa atingiu uma receita líquida IFRS de R$ 316,7 MM, 4,7% abaixo do 1T17, resultado basicamente da queda natural da receita de remuneração do ativo financeiro.
Considerando a previsibilidade do reajuste inflacionário da receita da companhia, que é assegurado no contrato de concessão, a companhia pode reconhecer esses efeitos mensalmente.
Dessa forma, o efeito inflacionário é diluído mês a mês considerando-se a inflação em IGP-M ou IPCA verificada no mês anterior.
Ainda, os índices utilizados para a correção monetária do primeiro trimestre de 2018 foram: IGP-M de 0,89%, 0,76% e 0,07%, e IPCA de 0,44%, 0,29% e 0,32%, para os meses de dezembro de 2017, janeiro e fevereiro de 2018, respectivamente. No primeiro trimestre de 2017, o IGP-M apurado foi de 0,54%, 0,64% e 0,08%, e o IPCA, de 0,30%, 0,38% e 0,33% para os respectivos meses.
Já os custos, despesas, depreciação e amortização totalizaram R$ 65,2 MM no 1T18, 0,5% abaixo na comparação anual.
As variações nos custos IFRS, na comparação entre o 1T18 e o 1T17, foram ocasionadas principalmente pela redução de 2,9% na linha de Pessoal (explicado por um erro sistêmico no provisionamento de verbas e encargos relacionados a férias, 13º salário e PLR, que será corrigido no próximo trimestre); a redução de 9,2% na linha de Material, que se deve, principalmente, à diminuição nos custos de O&M e à queda de R$ 5,7 MM nos custos de construção com a concessão Mariana, parcialmente compensadas pelo aumento de R$ 7,0 MM nos custos de construção na concessão Miracema; a variação positiva de R$ 1,1 MM em Serviço de Terceiros, que se deve, principalmente, a gastos com serviços advocatícios e consultorias de sistema de software, com licenças e serviços de TI; e ao aumento na linha de Outros em razão, principalmente, de maiores despesas com a Lei Rouanet/FIA e gastos com aluguel e condomínio.
Acima, é possível perceber que a linha de Material, no resultado consolidado da Taesa somado às suas participações, sofreu o impacto no 1T18 dos custos com as obras do reforço na EBTE, concessão do grupo TBE.
Assim, o Ebitda IFRS no 1T18 totalizou R$ 253 MM com margem Ebitda de 79,9%. Também no primeiro trimestre de 2018, o EBITDA IFRS da TBE foi de R$ 69,3 MM (+2,5% vs 1T17), ETAU R$ 3,2 MM (+13,7% vs 1T17), Brasnorte R$ 2,4 MM (+13,0% vs 1T17), Aimorés negativo em R$ 0,3 MM, Paraguaçu negativo em R$ 0,4 MM, ERB1 negativo em R$ 0,5 MM, e Transmineiras R$ 4,7 MM.
Segundo destacou a companhia, redução do EBITDA IFRS na comparação anual é explicada, principalmente, pela variação negativa na Receita de Remuneração do Ativo Financeiro, cuja queda natural se deve a um saldo do ativo financeiro cada vez menor em função da sua amortização pelos recebimentos.
Já o Ebitda Regulatório do 1T18 da Taesa totalizou R$ 373,4 MM, 5,4% menor quando comparado ao registrado no 1T17, e uma margem EBITDA de 89,2%. A queda anual se deve, principalmente, ao corte de 50% da RAP das concessões TSN e ETEO.
É sempre importante lembrar que no setor de transmissão de energia, o Ebitda Regulatório é um importante indicador de desempenho operacional e financeiro, em virtude da sua aderência à geração de caixa operacional efetiva da companhia.
Ainda, no 1º trimestre de 2018, a despesa financeira líquida totalizou R$ 51,9 MM no período, 26,7 % inferior ao 1T17, resultado esse que é explicado basicamente pelo menor volume de dívida neste trimestre e pela queda do CDI.
A variação negativa de 25,1% na Receita Financeira, na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 e o mesmo período de 2017, também se deve à queda do CDI e, consequentemente, menor rentabilidade das aplicações no período.
Já a queda de 39,8% dos juros incorridos na comparação anual se deu, principalmente, pelo menor volume de dívida bruta nos três primeiros meses de 2018, em decorrência da liquidação da 1ª série da 3ª emissão de debêntures em outubro de 2017, no valor de R$ 665 MM, e das liquidações da 2ª e 4ª séries da 2ª emissão de debêntures em dezembro de 2017, no valor de R$ 195 MM.
Além disso, a queda do CDI entre os períodos comparados também influenciou a linha dos juros incorridos.
O aumento anual de 22,5% na linha de variações monetárias e cambiais foi resultado do aumento do IPCA entre os períodos comparados e do maior volume de dívida bruta indexada a IPCA (4º emissão de debêntures captada em outubro de 2017 no valor de R$ 255 MM).
Por fim, a queda na linha de ajuste ao valor justo se deu em consequência da variação da marcação a mercado da dívida 4131.
Como resultado, o Lucro Líquido IFRS totalizou R$ 217,3 MM no 1T18, 7,9% maior na comparação com o 1T17.
É importante destacar, também, que ao término do 1T18, a Dívida Bruta da companhia totalizou R$ 3.085 MM, e o Caixa, R$ 906 MM, resultando em uma Dívida Líquida de R$ 2.179 MM, uma redução de 9,5% em relação ao registrado ao fim de 2017.
No primeiro trimestre de 2018 não ocorreram grandes desembolsos, como pagamento de dividendos e amortização. Além disso, em março, a Taesa recebeu R$ 49,5 MM a título de dividendos por parte da TBE. Estes são os principais fatores que influenciaram a posição do caixa e, consequentemente, a redução da dívida líquida na comparação do 1T18 com o 4T17.
Consolidando proporcionalmente as empresas controladas em conjunto e coligadas, o total da dívida bruta seria de R$ 3.595 MM e o caixa de R$ 971 MM, considerando os seguintes valores:
– Dívidas da TBE no montante de R$ 440,6 MM e caixa/aplicações de R$ 45,4 MM;
– Dívidas da ETAU no valor de R$ 13,0 MM e caixa/aplicações de R$ 6,7 MM;
– Caixa/aplicações da Brasnorte no valor de R$ 2,8 MM; e
– Dívida das Transmineiras no montante de R$ 56,9 MM e caixa/aplicações de R$ 10,0 MM.
Ainda, no primeiro trimestre de 2018, a Taesa, suas controladas, investidas em conjunto e coligadas, investiram o total de R$ 30,4 MM contra R$ 21,1 MM investidos em 1T17. O aumento de 44,3% entre os anos se deve, principalmente, aos maiores gastos com a construção de Miracema, e à construção dos projetos Janaúba, Aimorés, Paraguaçu, ERB1 e ESTE.
Por fim, mas não menos importante, foi aprovada, em Assembleia de Acionistas ocorrida no dia 26 de abril, a destinação do resultado de 2017 no valor de R$ 159,3 MM (R$ 0,46/Unit), a título de dividendos. O pagamento ocorrerá no dia 11 de maio de 2018.
A Taesa já havia distribuído R$ 433,6 MM em 2017 a título de dividendos e juros sobre capital próprio.
Adicionalmente, o Conselho de Administração da companhia aprovou, ainda na data de ontem, a distribuição de R$ 188,1 MM a título de dividendos intercalares com base nas demonstrações financeiras intermediárias levantadas em 31 de março de 2018, e R$ 65,8 milhões a título de juros sobre capital próprio (JCP) com base na demonstração de resultado do período levantado em 30 de abril de 2018.
O pagamento de tais proventos ocorrerá no dia 23 de maio de 2018, com base na posição acionária do dia 14 de maio de 2018. Com isso, a partir do dia 15 de maio, as ações e Units passarão a ser negociadas “ex-dividendos e JCP” na B3 S.A. – Brasil, Bolsa e Balcão.
No mais, gostamos muito da companhia do seu segmento de atuação, muito por conta da “previsibilidade” dos resultados que podem ser observados neste setor de atuação.
Ainda, o fato da companhia ser, historicamente, uma excelente pagadora de dividendos a seus acionistas, nos deixa ainda mais seguros e satisfeitos em relação ao case.
Gostamos do resultado da companhia, e comentaremos com maior profundidade sobre os seus números em nosso relatório Suno Dividendos que disponibilizamos semanalmente a nossos assinantes.
Somos entusiastas de companhias que atuam em setores perenes e que distribuem bons e crescentes dividendos, como é o caso de Taesa, e acreditamos, ainda, que os números dessa empresa possam vir a melhorar com a manutenção dos índices macroeconômicos, IGP-M e IPCA, que já pôde ser observado últimos meses.
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