A Suzano Papel e Celulose comunicou aos seus acionistas e ao mercado em geral na última sexta-feira (01) que recebeu notificação da Federal Trade Comission (FTC), autoridade concorrencial nos Estados Unidos, concedendo a conclusão antecipada da análise da operação entre Suzano e Fibria Celulose, o que representa a autorização da operação sem restrições nos Estados Unidos da América.
No mesmo comunicado, a companhia destacou que a consumação da referida operação está ainda sujeita ao cumprimento de outras condições precedentes usuais para este tipo de operação, incluindo a aprovação por determinadas autoridades da concorrência no Brasil e no exterior.
“Até a data da consumação da operação, as companhias não sofrerão qualquer alteração na condução de seus negócios, e permanecerão operando de forma independente”, ressaltou a Suzano em seu comunicado.
Em relação à operação acima referenciada, a Fibria, também por meio de nota, confirmou a aprovação órgão responsável pelo gerenciamento das leis antitruste norte-americanas e, num contexto geral, mesmo a transação ainda dependendo de outros órgãos, a notícia pode ser enxergada como positiva por parte dos acionistas da companhia, haja vista que o resultado da fusão será a maior produtora de celulose do mundo, consolidando, com isso, o Brasil como líder global no mercado de celulose de fibra curta, os quais apresentam os custos de produção mais atrativos que o mercado de fibra longa, típico das industrias presentes no hemisfério norte.
Adicionalmente, a Suzano e a Fibria terão, juntas, 11 unidades de operações industriais, o que poderá se traduzir em uma capacidade de operação de cerca de 11 milhões de toneladas de celulose, além de uma capacidade de exportação de R$ 18 bilhões por ano e uma base de clientes em algo em torno de 90 países.
Estima-se, ainda, que a projeção de investimentos para 2018 e 2019 das duas companhias gira em torno de R$ 6,4 bilhões, fator esse que pode significar um aumento de produtividade representativo para os próximos anos.
No mais, a Suzano chama a atenção pelo seu empenho em expandir as suas áreas de atuações, isso por que, em 2015, a sua gestão anunciou a realização de investimentos na construção de duas Unidades de produção de papel tissue, em Mucuri e Imperatriz, tendo como estratégia se tornar, segundo reportado na ocasião, um parceiro industrial desse segmento, fornecendo bobinas e também a conversão para a fabricação do produto final, trazendo competitividade de custos e de logística.
Com a referida aquisição, a operação une as duas maiores empresas de celulose do país e transforma a companhia resultante em líder mundial em celulose de mercado. Ainda de acordo com as partes, a Votorantim, que até então detinha uma fatia de 29,42% na Fibria, passará a ter participação minoritária de 5,6% na nova companhia. Já o BNDESPar, que possui 29,08% da Fibria, terá 11,1% após o término da união das companhias.
Vale lembrar que a Suzano será controladora e terá 46,6% da estrutura societária da nova companhia resultante da fusão entre as partes.
No mais, é coerente entender que, por consequência da referida aquisição, o endividamento da Suzano tenda a aumentar, haja vista que, segundo a própria companhia informou em ocasiões anteriores, obteve compromissos firmes junto a certas instituições financeiras internacionais para contratação de financiamentos, totalizando US$ 9,2 bilhões, cujo desembolso está condicionado, dentre outras condições, à consumação da operação.
Ainda na sexta-feira, a Suzano informou ao mercado, também por meio de nota, que iniciou, na véspera, ou seja, no último dia 31 de maio, a retomada gradual das atividades em todas suas plantas industriais, inclusive o escoamento e faturamento de seus produtos.
Sem receber matéria-prima para sua produção de celulose, a companhia estava desde o início da greve dos caminhoneiros suspendido as suas atividades.
Ao anunciar a paralisação das atividades, a Suzano afirmou que “foi obrigada” a tomar essa decisão, “mesmo tendo adotado todas as medidas para minimizar os impactos da greve dos caminhoneiros”. O impacto dessa parada inesperada, segundo estimativas, já deve ser sentido pelas empresas nos resultados do segundo trimestre.
No mais, gostamos muito da Suzano e a consideramos a mais relevante do setor de celulose, porém ainda se encontra bem acima do preço que gostaríamos de pagar para indicarmos a associação.
Em situação como essas, o que fazemos é esperar por eventuais janelas de oportunidades de entrada a preços mais descontados, e é isso que recomendamos a nossos assinantes nesse momento.
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