Radar do Mercado: Petrobras (PETR4) – Estatal anuncia redução de 10% no preço do diesel
A Petrobras comunicou ontem (23) que sua diretoria executiva, em reunião realizada no mesmo dia, decidiu reduzir em 10%, equivalente a R$ 0,2335 por litro, o valor médio do diesel comercializado em suas refinarias.
Com isso, o preço médio de venda da Petrobras nas refinarias e terminais sem tributos será de R$ 2,1016 por litro a partir de hoje.
Este preço será mantido inalterado por período de 15 dias. Após este prazo, a companhia retomará gradualmente sua política de preços aprovada em meados de 2017.
“Esta decisão será aplicada apenas ao diesel e tem como objetivo permitir que o governo e representantes dos caminhoneiros tenham tempo para negociar um acordo definitivo para o contexto atual de greve e, ao mesmo tempo, evitar impactos negativos para a população e para as operações da empresa”, ressaltou a estatal em seu comunicado.
“Na visão da Petrobras, esta negociação passa necessariamente pela discussão de reduções da carga tributária federal e estadual incidente sobre este produto, uma vez que representam a maior parcela na formação dos preços do combustível”, finalizou.
É lamentável que, pela alta carga tributária presente em todos os bens de consumo – principalmente nos combustíveis – situações extremas que resultam em representativos impactos econômicos sejam concebidos nessas amplitudes.
Vale lembrar que a subida do preço do combustível nas últimas semanas provocou uma série de manifestações no país. Nesta quarta-feira, a manifestação entrou no terceiro dia e os caminhoneiros bloquearam estradas em 23 estados e no Distrito Federal.
Os protestos dificultaram o escoamento e a exportação de diversos produtos e o funcionamento de serviços básicos, sendo que, com isso, supermercados já reclamavam de desabastecimento; empresas de ônibus reduziram a frota; e a Infraero informou que cinco aeroportos tinham combustível suficiente para abastecer as aeronaves somente até ontem.
Ademais, tal redução de 10% no preço do diesel comunicada pela estatal poderá provocar uma redução da receita da empresa, durante esses 15 dias, com capacidade de impactar uma perda de R$ 350 milhões.
Adicionalmente, na terça-feira, Parente se reuniu em Brasília com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco, e garantiu que a política de reajustes dos preços de combustíveis da empresa não seria alterada.
A Petrobras adota novo formato na política de ajuste de preços desde 3 de julho do ano passado. Pela nova metodologia, os reajustes acontecem com maior frequência, inclusive diariamente, refletindo as variações do petróleo e derivados no mercado internacional, e também do dólar.
Ainda, a companhia destacou que a medida é de caráter excepcional e não representa mudança na sua política de preços da Petrobras.
“Com esta decisão, a companhia acredita que seja possível ao governo e aos representantes dos caminhoneiros encontrar uma solução que tenha impacto definitivo nos preços do diesel comercializados no Brasil”, ressaltou.
Geraldo Samor, do Brazil Journal, escreveu uma matéria bastante argumentativa sobre o assunto. Recomendamos a leitura.
No mais, a Petrobras, conforme já divulgado anteriormente, possui um plano de desinvestimento que prevê levantar US$ 21 bilhões com venda de ativos até o término de 2018.
Entendemos que esses desinvestimentos visam, em grande parte, o objetivo de gerar caixa e consequentemente a reduzir parte da dívida líquida que, mesmo vindo apresentando uma gradual redução, ainda continua num patamar que julgamos ser bastante alta, representando ainda pouco mais de 100% do patrimônio líquido da estatal.
Mesmo entendendo ser viável os processos de desinvestimentos da companhia no que diz respeito ao controle de sua dívida, que se encontra num alto patamar nesse momento, seguimos com nosso posicionamento em relação à maioria das companhias estatais, as quais entendemos que tendem, na grande maioria das vezes, a deixar os interesses dos acionistas minoritários sempre em último plano.
Quando envolvidas em processos de corrupção e escândalos de desvios de capitais, como no caso da Petrobras, a conjuntura se torna ainda mais inviável para o investidor focado no longo prazo.