A Petrobras comunicou ao mercado na última sexta-feira (01) que iniciou o processo de hibernação da fábrica de fertilizantes em Sergipe (Fafen-SE) e que segue com o processo licitatório para arrendamento desta unidade, assim como da unidade na Bahia (Fafen-BA), aguardando propostas dos potenciais interessados.
“A Petrobras, coerente com sua estratégia de gestão de portfólio, decidiu pela saída do negócio de fertilizantes em função da persistência de significativos prejuízos e consequente destruição de valor decorrente da operação desses ativos”, destacou a companhia em seu comunicado.
No contexto do comunicado acima, a companhia salientou que cancelou um projeto, paralisou a construção de outro e está negociando sua venda, iniciou o processo de desinvestimento da Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA) e optou pela hibernação das fábricas Fafen-BA e Fafen-SE, para as quais não houve manifestação de interesse por parte de potenciais compradores, conforme anunciado em março de 2018 e alinhado ao Plano de Negócios e Gestão 2019-2023 e ao objetivo de maximização de valor para seus acionistas, o que inclui sua controladora, a sociedade brasileira.
Neste sentido, a companhia ofereceu aos empregados lotados na Fafen-SE oportunidades de movimentação interna que conciliem perfis e perspectivas pessoais com as necessidades da empresa. Um efetivo mínimo permanecerá em rotina operacional com o objetivo de garantir a integridade e a segurança das instalações.
Desde março de 2018, a Petrobras vem tratando da hibernação com autoridades e entidades representativas, de forma que potenciais efeitos negativos sobre as economias da Bahia e Sergipe sejam minimizados.
Assim, atualmente, mais de 80% do mercado de ureia, principal produto do segmento de nitrogenados, já é atendido por importações.
Com respeito ao mercado de amônia, em que a Petrobras responde por cerca de 30% da oferta, a companhia está investindo em infraestrutura de logística no porto de Aratu (BA) para viabilizar o atendimento de clientes localizados no Polo de Camaçari e no curto prazo continuará a satisfazer a demanda através venda de seus estoques remanescentes.
Finalmente, a Petrobras negociará uma opção para o cliente de CO2, fabricante de bicarbonato de sódio grau de hemodiálise para assegurar o fornecimento de matéria prima durante um período de transição, o que inclusive poderá envolver gastos para a companhia até o limite de R$ 9 milhões.
“Para mitigar o impacto social na região de Laranjeiras (SE), a Petrobras está desenvolvendo plano de projetos sociais em associação com instituições de ensino, com investimentos previstos no valor de R$ 26 milhões para o período de 2019 a 2022, dispêndios que equivalem a mais de duas vezes a estimativa da arrecadação anual de impostos (ISS e ICMS) originada pelas operações da Fafen-SE para o município de Laranjeiras”, ressaltou a estatal.
Em relação à fábrica de fertilizantes na Bahia (Fafen-BA), permanece a intenção de sua hibernação e também do processo licitatório de arrendamento. No entanto, a companhia destacou que foi intimada, na véspera, de decisão liminar em ação proposta pelo SINPEQ, suspendendo a sua hibernação, e tomará as medidas judiciais cabíveis para reverter esta decisão.
Entendemos, num contexto geral, que essas iniciativas visam, em grande parte, o objetivo de gerar caixa e consequentemente a reduzir parte da dívida líquida que, mesmo vindo apresentando uma gradual redução, ainda continua num patamar que julgamos ser bastante alta, representando ainda pouco mais de 100% do patrimônio líquido da estatal.
Mesmo entendendo ser viável os processos de hibernação destacados da companhia no que diz respeito ao controle de operação, que se encontra defasada nesse momento, seguimos com nosso posicionamento em relação à maioria das companhias estatais, as quais entendemos que tendem, na grande maioria das vezes, a deixar os interesses dos acionistas minoritários sempre em último plano.
Dessa forma, preferimos continuar de fora da Petrobras por tempo indeterminado.
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