A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitou, recentemente, esclarecimentos por parte da Magazine Luiza referente à notícia veiculada no portal Brazil Journal, intitulada “Exclusivo: B2W e Magazine Luiza disputam Netshoes”.
A companhia alega não ter comunicado ao mercado e aos seus acionistas sobre tal fato em razão de inexistir qualquer contrato, acordo ou oferta vinculante acerca de uma eventual transação, assim como não há qualquer garantia sobre a efetivação de qualquer negócio entre as partes.
No entanto, a companhia admitiu e comunicou via Fato Relevante que está avaliando uma potencial operação envolvendo a aquisição da Netshoes, e que, embora ainda não haja oferta vinculante, manterá seus acionistas e o mercado em geral informados sobre o assunto.
Depois das manifestações de interesse tanto por parte da Magazine, quanto por parte da B2W, a Netshoes, empresa listada na Bolsa de Nova Iorque, comunicou ao mercado que explora várias alternativas estratégicas para preservar o valor da companhia para seus acionistas. Para a Magazine Luiza, esta aquisição representaria sua entrada no segmento de vestuário.
De janeiro a setembro de 2018, a Netshoes dobrou o prejuízo líquido para R$ 241,5 milhões. Tal indicador está associado a altas despesas operacionais e ao fim do negócio de vendas de suplementos nutricionais para o mercado empresarial.
Seu balanço apresenta, portanto, resultados complicados: aumento de prejuízo e diminuição da receita.
A Magazine Luiza atraiu muita atenção do mercado nos últimos tempos, devido ao seu grande crescimento num intervalo de tempo tão curto: mais de 16.000% desde dezembro de 2015.
Embora a companhia venha apresentando resultados financeiros bastante positivos que mostram crescimento forte e consistente, marcando sua consolidação no mercado de varejo brasileiro, acreditamos que o papel está sendo negociado em patamares nos quais não há margem de segurança para o investidor de longo prazo.
Diante de seus números, podemos fazer o cálculo do indicador Preço/Lucro, chegando em um número próximo de 53x, o que consideramos muito elevado. Acreditamos que o crescimento astronômico da empresa em um prazo tão curto levou uma certa euforia para seus papeis, fazendo com que a cotação de suas ações subisse para um nível que foge do que consideramos adequado.
Tal euforia se dá devido a expectativa de alguns especuladores que o papel continue subindo constantemente à mesma taxa, proporcionando altos retornos para o curto prazo.
Além disso, vale lembrar que a gigante Amazon vem marcando forte presença no varejo brasileiro, expandindo sua operação no país, o que nos faz acreditar que outras empresas de tal segmento passarão por cenários desafiadores no médio prazo, e a Magazine Luiza pode, portanto, ser afetada.
Sendo assim, embora a notícia de potencial aquisição da Netshoes possa ser considerada um bom investimento, caso bem gerido, preferimos seguir fora de Magazine Luiza devido aos patamares elevados de seus indicadores, além de considerarmos um desafio difícil competir com a Amazon em seu segmento no mercado brasileiro.
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