Radar do Mercado: JBS (JBSS3) – Programa de desinvestimentos segue firme
A JBS emitiu ontem (18) um comunicado através do qual atualizou o mercado acerca da implementação do seu programa de desinvestimento aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração em meados de 2017.
De acordo com a companhia, a venda da maior parte dos ativos do referido programa foi concluída em 2017, e uma parcela substancial dos recursos recebidos com as alienações de ativos foi utilizada para efetuar amortizações extraordinárias de suas dívidas.
“A JBS sai fortalecida desse processo de desinvestimento e de reforço de liquidez. Conseguimos vender os ativos pelos valores que esperávamos e a geração de caixa dos negócios da companhia foi muito forte”, afirma José Batista Sobrinho, presidente da JBS.
No mesmo comunicado, a companhia informou, ainda, que em acréscimo às transações já concluídas, a JBS USA Food Company firmou também um acordo para a alienação da totalidade das operações de confinamento da Five Rivers Cattle Feeding nos Estados Unidos para afiliadas da Pinnacle Asset Management por aproximadamente US$ 200 milhões, incluindo o valor de mercado do estoque de silagem e grãos na data do fechamento e sujeito a ajuste pela variação do capital de giro também na data do fechamento.
Ainda, em conjunto com a aquisição das ações da Five Rivers EUA, o comprador firmará contrato de longo prazo para fornecimento de gado às unidades de abate do grupo JBS em território norte-americano.
De acordo com o reportado, a JBS utilizará parcela dos recursos a serem recebidos com a alienação para efetuar amortizações extraordinárias de dívidas no Brasil sujeitas ao acordo de estabilização.
Como reportado pela JBS no comunicado acima, a JBS apresentou, em 2017, um robusto programa de desinvestimentos que sucumbiram na venda de importantes ativos.
Nessa conjuntura, vale lembrar que a companhia realizou, em julho passado, a venda das operações de confinamento da Five Rivers Cattle Feeding no Canadá por 50 milhões de dólares canadenses (cerca de US$ 40 milhões) e a alienação das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai, concretizada em 31 de julho de 2017 por US$ 300 milhões acrescidos de ajuste de preço pós fechamento; em setembro, a Moy Park foi alienada pela companhia para a Pilgrim’s Pride Corporation, sua controlada, por cerca de £ 1 bilhão (enterprise value); e em outubro foi a vez da venda de sua participação na Vigor Alimentos por aproximadamente R$ 1,112 bilhões (enterprise value).
Como resultado da geração de caixa proveniente das vendas acima mencionadas em 2017, o índice de alavancagem da JBS (Dívida Líquida/Ebitda) no terceiro trimestre de 2017 ficou em 3,42x, refletindo redução significativa do patamar de 4,16x verificado no segundo trimestre de 2017.
Mesmo assim, entretanto, o seu patamar de dívida ainda continua acima do que consideramos ser saudáveis para uma companhia.
É importante destacar, também, que grande parte dessa dívida é proveniente de empréstimos bastante “amigáveis” provenientes do BNDES em troca de favores e contribuições financeiras a políticos de Brasília e suas campanhas eleitorais, fato este recorrentemente noticiado pela mídia.
Cabe lembrar, ainda no sentido do âmbito de seu programa de desinvestimentos, que a JBS se desfez de muitos ativos após a fatídica delação, no dia 18 de maio de 2017, do seu então presidente Joesley Batista – a qual revelou escândalos que envolveram até supostas gravações comprometedoras do o presidente Michel Temer e muitos de seus aliados – o que contribuiu, em grande parte, para a alta de performance do empreendimento no período.
Em relação a venda da Five Rivers Cattle Feeding nos Estados Unidos por aproximadamente US$ 200 milhões, factível concluir que a companhia está comprometida seguir com a estabilização de seus compromissos financeiros.
Cabe destacar ainda que a Five Rivers Cattle Feeding é uma companhia que possui uma capacidade de produção combinada de mais de 920 mil cabeças de gado, e tem atuação relevante no Colorado, Kansas, Oklahoma, Texas, Arizona e Idaho.
A conclusão da alienação, contudo, ainda está sujeita a condições precedentes e ajustes usuais em operações dessa natureza, incluindo aprovações societárias, obtenção de financiamento pelo comprador e aprovação pelo órgão de defesa da concorrência norte-americano.
Ademais, entende-se, com isso, que a transação de alienação poderia favorecer o resultado da compradora, com a redução de gastos com imposto de renda, devido à captação de dívida, além de poder ajudar a controladora a abater dívidas de curto prazo.
Mesmo assim, achamos mais prudente seguir uma das recomendações de Décio Bazin em seu livro “Faça Fortuna com Ações” que sugere aos investidores que evitem empresas envolvidas em escândalos de corrupção e repercussões do gênero, preferimos nos manter de fora da JBS por tempo indeterminado até que tudo fique bem claro e os resultados da companhia venham a se solidificar no médio prazo.