Radar do Mercado: Eternit (ETER3) – indenização de R$ 50 milhões pode comprometer resultados futuros

A Eternit informou ao mercado ontem (23) que o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região do Rio de Janeiro deu parcial provimento ao recurso do Ministério Público do Trabalho.

De acordo com a companhia, pelo que foi verbalizado na sessão de julgamento concluída na véspera, houve a majoração do valor da condenação de indenização por dano moral coletivo para R$ 50 milhões e foi determinada a substituição da matéria prima amianto na unidade do Rio de Janeiro no prazo de 120 dias a contar daquela data.

“Independentemente da questão jurídica, a Eternit vem gradativamente preparando suas unidades de produção de telhas de fibrocimento para fabricar produtos sem amianto, e já atende à demanda dos Estados da Federação, onde há restrição legal, com telhas produzidas com fibras sintéticas”, destacou a companhia em trecho do comunicado.

A Eternit destacou, ainda, que não haverá nenhum impacto na produção de telhas da fábrica do Rio de Janeiro, pois já opera exclusivamente com fibras sintéticas, e que tomará todas as medidas legais que estiverem ao seu alcance para reverter a condenação de indenização por dano moral coletivo nas Instâncias Superiores.

 

A situação da Eternit, companhia que já foi bastante lucrativa e que distribuía generosos dividendos a seus acionistas num passado não muito distante, não se encontra nada confortável nesse momento e, sem dúvidas, a condenação de indenização por dano moral coletivo acima referenciada poderá impactar diretamente os seus resultados operacionais que, de acordo com os números do terceiro trimestre, já se encontram bastante depreciados.

No período, a companhia apresentou, por exemplo, uma receita líquida de R$ 169,8 milhões, redução de 17,0% em relação ao 3T16.

Por consequência, a Eternit registrou prejuízo recorrente de R$ 8,2 milhões no período, um aumento no prejuízo de 181,3% frente ao mesmo período do ano passado. Nos nove meses do ano, o prejuízo recorrente foi R$ 20,4 milhões, uma diferença negativa de 674,2% em relação aos três primeiros trimestres do ano passado.

Entendemos que grande parte desses resultados negativos da companhia se devem a decisões “precipitadas” em momentos importantes de sua gestão, e que geraram mudanças negativas de desempenhos de forma bastante intensa nos seus resultados, principalmente a partir do ano de 2014.

Por conta disso, sugerimos aos investidores a não participação no negócio por avaliarmos ser um investimento que ainda possui um futuro bastante incerto, além de apresentar, conforme demonstrado acima, recorrentes e crescentes prejuízos em sua operação, o que, em nossa visão, diminui em muito a margem de segurança na avaliação do seu desempenho.

Com isso, para aqueles que não são acionistas da Eternit, sugerimos que permaneçam de fora do negócio, visto que, hoje, entendemos ser um investimento que apresenta, nesse momento, um risco bastante elevado.

Contudo, entendemos que a Eternit é uma empresa que possui grande parte do seu capital pulverizado, não tendo, dessa forma, um controlador definido, em nossa visão.

Isso faz com que cada voto do acionista tenha força nas decisões da companhia, por isso, sugerimos àqueles que ainda possuem participação no empreendimento, que compareçam às assembleias e busquem se organizar com outros acionistas na tentativa de mudar os rumos da empresa.

Ademais, seguimos de fora de Eternit por tempo indeterminado.

ACESSO RÁPIDO
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Tiago Reis
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