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Radar do Mercado: Eletrobras (ELET3) – Novos detalhes sobre privatização

A Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobras – informou que foi encaminhado ao Congresso Nacional, no último dia 19 (sexta-feira), o projeto de Lei que dispõe sobre a sua desestatização e modelagem de sua venda, em conformidade com o que vinha sendo discutido com os presidentes da Câmara Rodrigo Maia e do Senado Eunício Oliveira.

A proposta – que está sendo submetida ao Legislativo – defende, entre outros benefícios, a democratização do capital da Eletrobras por meio da capitalização da empresa junto ao mercado, preserva e valoriza o patrimônio da União – sem a necessidade de venda de ações – e prevê o pagamento associado a um bônus de outorga de grande relevância ao equilíbrio fiscal do país.

O referido Projeto de Lei também propõe a extensão dos benefícios da democratização do capital da Eletrobras aos consumidores e contribuintes por meio de uma maior capacidade de pagamentos de impostos e dividendos e da redução dos atuais encargos tarifários.

“A iniciativa do Governo Federal neste sentido pretende dar total transparência às propostas contidas no Projeto de Lei, promovendo e antecipando as avaliações e os debates em torno do tema, com vistas a permitir a sua aprovação, após o envolvimento produtivo e as necessárias contribuições do Congresso Nacional”, destacou o Ministério de Minas e Energia através de seu portal.

 

Não há como destacar a hipótese de que, diante do comunicado feito pelo Ministério de Minas e Energia do Brasil, existe o real interesse e, portanto, a possibilidade de que, de fato, mais uma privatização seja observada em uma grande e representativa companhia brasileira, dessa vez do setor elétrico.

No que diz respeito ao referido Projeto de Lei que foi encaminhado ao Congresso Nacional a respeito da desestatização da Eletrobras, o mesmo continha, dentre outros pontos, as seguintes propostas:

Boa parte do que foi mencionado acima, segue em linha com o que grande parte do mercado também enxerga a respeito de uma possível privatização da Eletrobras.

Essa é uma verdade que pode ser constatada ao se observar a movimentação das ações ELET3 no pregão de ontem (21), o primeiro após o anúncio do referido Projeto de Lei.

Em relação a última sexta-feira (19), o aumento foi de mais de 9%.

Obviamente que, como investidores de valor, sabemos que movimentações de preço das ações no curto prazo pouco importam, porém não há como negar que uma análise de acordo com os fatos desencadeados no mercado pode servir como um bom termômetro a respeito do que pensam os investidores, num âmbito geral.

Ainda, pela ótica de um investidor, certamente esse Projeto de Lei é uma iniciativa que levanta bastante interesse, visto que, como sempre destacamos, costumeiramente as gestões estatais tendem a deixar, na grande maioria das vezes, os interesses dos acionistas minoritários em último plano, e no caso da Eletrobras esse não é um caso à parte.

É claro que os resultados negativos da companhia se devem muito por conta da Medida Provisória 579 aprovada em 2012 no governo de Dilma Rousseff, através do qual foram feitas renovações antecipadas de concessões de geradoras de energia, nos quais as empresas, como consequência, tiveram que baixar os preços finais a seus consumidores.

Além disso, tal MP 579 também provocou redução nos encargos, que atingiram os repasses a vários fundos embutidos nas contas de energia elétrica, resultando num grande “impacto” para as contas da Eletrobras.

Porém, basta analisar os números das principais empresas privadas do setor para que se compreenda melhor a diferença de performance no mesmo período de tempo.

Esse argumento retrata muito bem o fato de que, geralmente, as companhias controladas pelo governo apresentam resultados abaixo daquilo que poderiam demonstrar ao mercado.

Adicionalmente, fazendo-se uma breve análise, ainda pela ótica de uma possível “desestatização” da companhia, caso essa venha de fato a se concretizar, é provável que a Eletrobras use os recursos levantados para comprar de volta da União as usinas que foram devolvidas por ocasião da MP 579.

Por conta disso, entendemos que, se porventura esse processo siga adiante e a Eletrobras venha a ser realmente privatizada, consequências positivas poderiam ser vistas no que diz respeito à sua gestão e operação.

Diante dessa conjuntura política e econômica, o que nos resta é esperar o desencadeamento de toda essa negociação e esperarmos para ver se mais uma companhia que apresenta um gigantesco potencial de geração de valor possa ser melhor gerida e, assim, conseguir apresentar ao mercado a sua real capacidade produção e execução operacional.

Até lá, preferimos seguir de fora dessa estatal.

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