- A companhia afirmou, que providenciará uma análise criteriosa a partir das notícias divulgadas na data de ontem relativas à sua base acionária. A determinação foi dada pelo conselho de administração à diretoria executiva da resseguradora.
- Ontem, a Berkshire Hathaway, empresa de investimentos do megainvestidor Warren Buffett, negou publicamente que detenha ações do IRB, como veiculado pela imprensa brasileira nos últimos dias.
- No fim de fevereiro, o jornal O Estado de S.Paulo noticiou que a gestora de Buffett havia dobrado sua participação acionária em fevereiro no IRB. Além disso, a advogada Márcia Cicarelli, que representa a Berkshire no Brasil, teria sido indicada pelos americanos para o conselho fiscal da resseguradora.
Essa “novela” envolvendo o IRB começou após a Squadra montar uma posição short, ou “vendida” (uma posição que lucra quando o preço da ação cai), em relação aos papéis da empresa. Com a posição já montada, a gestora divulgou dois relatórios, um no dia 2 e outro no dia 9, apontando possíveis problemas contábeis na gestão da resseguradora.
Desde a divulgação do primeiro documento, de 154 páginas, até o fechamento de mercado desta segunda-feira, a ação da empresa despencou quase 32%.
De forma geral, a análise se baseia em uma disparidade encontrada pelos gestores da Squadra acerca do lucro recorrente e do contábil e que, apesar de não ter sido algo manipulado, seria resultado de ganhos “extraordinários” e “não recorrentes”.
“Nesse processo, encontramos indícios que apontam lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da Companhia. Essa disparidade entre lucro contábil e lucro normalizado foi crescente durante o período e atingiu sua maior diferença nos resultados trimestrais mais recente”, informava o relatório.
Assim, a gestora indicava que a resseguradora apresenta, principalmente no último trimestre, uma rentabilidade mais elevada do que real. Por consequência, muito maior do que os pares do setor. E isso está impactando o preço da ação.
Além disso, o IRB acusou a Squadra de aumentar a posição em um terço pouco antes da divulgação do relatório, o que, segundo o documento apresentado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), seria uma negociação atípica de ações que configuraria “insider trading”.
A CVM informou a SUNO que abriu três processos administrativos acerca da conduta do IRB e da gestora Squadra.
“Com relação ao assunto objeto de sua solicitação, estão em andamento na CVM, dentre outros procedimentos, os processos administrativos 19957.011072/2019-20, 19957.000767/2020-10 e 19957.000930/2020-44.”.
Caso seja localizado algum indício de irregularidades de qualquer uma das partes, o órgão regulador pode punir os responsáveis.
Por fim, o IRB também apresentou um documento no qual comunica que o sr. José Carlos Cardoso, Presidente da Companhia, e o sr. Fernando Passos, Vice-Presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores apresentaram suas renúncias.
Assim, Werner Süffert, que ocupava o cargo de CFO e IRO da BB Seguridade, foi eleito pelo Conselho de administração e assumirá a posição de Fernando Passos. Por enquanto, ele também atuará como Presidente interino, até a chegada de um novo executivo.
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