Radar do Mercado: Cemig (CMIG4) – renegociação de dívida alivia, mas não resolve
A Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig – informou ao mercado ontem (20) que as suas subsidiárias integrais, Cemig GT e Cemig D, celebraram com seus principais bancos credores um acordo para refinanciar seus endividamentos de curto e médio prazos, representando até R$4,0 bilhões.
Os nomes das instituições financeiras envolvidas não foram divulgados.
Segundo a estatal mineira, o processo visa “equilibrar seus fluxos de caixa”.
A companhia informou ainda que o acordo envolve a substituição de dívidas que vencem a partir de 2017 por novas dívidas com amortizações programadas para ocorrer em 36 parcelas mensais a partir de janeiro de 2019, no caso da CEMIG GT, e a partir de julho de 2019, no caso da CEMIG D.
“O custo da nova dívida está em linha com as taxas praticadas pelo mercado para empresas do porte da Cemig que é forte geradora de caixa”, finalizou a companhia na nota divulgada ao mercado.
Ao nosso entender, a situação da Cemig encontra-se bastante desafiadora, nesse momento.
No que diz respeito ao seu endividamento, foi possível perceber, após a divulgação dos seus resultados referentes ao terceiro trimestre, que seus compromissos continuam em patamares preocupantes mesmo após uma redução de 7,40% em seu montante, isto por que, ao final do 3T17, a Cemig apresentou um total de dívida consolidada de pouco mais de R$ 14 bilhões, com boa parte desses compromissos com vencimento de curto prazo.
Obviamente que a postergação da dívida, referenciada no comunicado feito pela estatal, tende a, num primeiro momento, “aliviar” os resultados da companhia que, diga-se de passagem, no último trimestre também deixaram a desejar, visto que, segundo divulgou a companhia, houve, no período, um prejuízo líquido de R$ 84 milhões, valor este que reverteu um lucro líquido de R$ 434 milhões apurado no mesmo período de 2016.
Há de se destacar, também, que o Ebitda (ou Lajida – Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) da Cemig, no período, recuou 91,58% do terceiro trimestre de 2016 para este, caindo de R$ 1,194 bilhão para R$ 101 milhões.
Esse resultado se fez mesmo com uma receita líquida que totalizou R$ 5,136 bilhões no trimestre de julho a setembro deste ano, que representou um crescimento de 5% sobre a receita de R$ 4,896 bilhões de um ano antes.
Com isso, pode-se concluir que, apesar do prolongamento divulgado pela estatal no que diz respeito a seu endividamento, o seu grande desafio, nesse momento, é recuperar a sua performance operacional.
Pode ser que, com esse “incentivo” concedido a suas subsidiárias integrais, Cemig GT e Cemig D – empresas que atuam no segmento de geração e distribuição, respectivamente – a Cemig consiga performar melhor no curto/médio prazo.
Entretanto, esta é uma situação a qual nos sentimos mais a vontade de observar a certa distância, muito por conta, também, da Cemig ser uma companhia estatal, como sempre salientamos, entendemos que companhias com essa característica tendem a ter os interesses dos minoritários sempre em última prioridade.