Radar do mercado: Banco Inter (BIDI4) anuncia plano de melhoria de governança e liquidez
O Banco Inter S.A., primeiro banco 100% digital do país, anunciou ontem (11) aos seus acionistas e ao mercado em geral que irá implementar um plano de melhoria de governança e liquidez.
Conforme mencionado à época de sua abertura de capital, o Banco tem como objetivo melhorar constantemente o nível de sua governança corporativa, agregando valor aos seus acionistas, que hoje já são mais de 36 mil pessoas físicas e jurídicas.
Vale ressaltar que o Banco, de acordo com Decreto Presidencial, está autorizado a receber participação estrangeira em até 100% de seu capital.
O plano será implementado com base nos objetivos de se elevar o nível de governança corporativa, assegurar maior liquidez a longo prazo para os acionistas, além de propor reorganização da estrutura acionária através de desdobramento e unitização das ações.
Sendo assim, a companhia, que atualmente está listada no Nível 1 de Governança Corporativa da B3, solicitará pedido de migração ao segmento especial Nível 2 da B3, que possui um padrão de governança acima do exigido pelo nível 1. Isto é, além dos requisitos do Nível 1, o Nível 2 é constituído por empresas que adotam uma política de equilíbrio de direitos entre acionistas minoritários e controladores.
A título de curiosidade para o leitor, é possível encontrar uma extensa tabela comparativa dos segmentos de listagem nesta página da B3.
Esta migração está alinhada à estratégia de criação de valor de longo prazo do Banco, colaborando para conceder determinados direitos de voto às ações preferenciais de emissão do Banco, conforme o regulamento deste novo nível.
Além disso, ocorrerá a listagem de ações ordinárias na B3, bem como a implementação de um programa de emissão de certificados de depósitos de ações do Banco, para a formação de Units. Cada Unit será representativa de uma ação ordinária e duas preferenciais, a serem formadas por meio de conversão bilateral de ações.
Adicionalmente, para aumentar a liquidez do papel, o Banco desdobrará suas ações na proporção de 1 para 6, de modo que seu capital social passará a ser formado por 609.205.002 ações, preservando todos os direitos e vantagens dos acionistas. Com o desdobramento, além de maior liquidez, as ações estarão com sua cotação em um patamar mais acessível aos investidores.
A partir da evolução destas etapas, o Banco Inter disse que irá avaliar formas de incrementar sua estrutura de capital, seja por meio de admissão de investidor estratégico em seu capital social e/ou de uma oferta pública primária subsequente de ações. Deste modo, pretende-se sustentar o ritmo de crescimento experimentado pelo Banco desde sua abertura de capital.
Segundo fontes do jornal Valor Econômico, o Inter estuda a opção de um follow-on para levantar cerca de R$ 1 bilhão.
No 1T19, o banco atingiu mais de 2 milhões de correntistas, atraídos por uma proposta de tarifa zero, usabilidade e um ecossistema crescente de serviços. Em março, o último mês reportado, o banco estava abrindo em média 8,5 mil contas por dia útil.
Acreditamos que, embora o movimento aparente seja positivo, o Banco Inter apresenta, atualmente, múltiplos esticados. Trata-se de uma análise difícil, pois não há pares de mercado que tenham a operação muito semelhante à de BIDI4.
No entanto, não enxergamos que há perspectiva de que a companhia permaneça sendo negociada nos múltiplos atuais por muito tempo. Isso porque seria necessário um aumento muito grande na monetização por cliente para que o atual valuation se justifique.
Gostamos da companhia, de seus gestores e de sua proposta. Porém, no momento, acreditamos que não há margem de segurança para uma entrada. Aguardaremos pacientes com relação ao case, observando atentamente a estratégia da companhia para rentabilizar sua operação.