Artigo Originalmente escrito por Gustavo Cavalcanti para a Suno Research
Acabamos de entrar no mês de dezembro e em todas as empresas as pessoas estão correndo para fechar o orçamento para o ano que vem antes do natal. Uma despesa em particular deveria te interessar muito – o seu salário. Mais do que isso, o seu custo total, que vai muito além do dinheiro que você recebe todo mês deveria ser objeto da sua mais concentrada atenção.
Vamos então nos colocar nos sapatos do seu patrão e dissecar seu custo. Vou tomar a liberdade de usar o meu custo como exemplo, portanto, pode haver alguma diferença entre o seu e o meu. Mas não se preocupe, o importante é entender o raciocínio.
Vamos aos números.
· Salário base (bruto): x
· Auxílios combustível, alimentação, assistência médica e seguro de vida: 30,61% de x
· Encargos previdenciários e FGTS: 36,78% de x
· Provisão mensal do 13º salário: 11,39% de x
· Provisão de reposição de profissional ausente (férias, terço de férias, licença paternidade e ausências legais): 19,31% de x
Somando tudo observamos que você recebe um depósito de x (menos o seu IR e afins) mas custa para a empresa a impressionante quantia de 198,09% deste depósito. Trocando em miúdos, você custa duas vezes mais do que o seu salário bruto.
Salve esta informação.
Agora vamos à outra informação importante que usaremos em breve para ligar os pontos.
Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e publicado em fevereiro de 2018 mostrou que a produtividade média do brasileiro é de US$16,80 por hora trabalhada. O que nos coloca na 50ª posição em uma amostra de 68 países. Para efeito de comparação, o trabalhador alemão produz US$64,40 por hora, ou seja, praticamente quatro vezes mais.
Salve esta informação.
Agora voltemos ao primeiro parágrafo onde eu disse que o seu custo devia ser objeto da sua mais criteriosa atenção. Faça um exame sincero dentro da sua consciência e responda para si: O valor que eu estou entregando é compatível com o custo que eu represento? O montante de dinheiro que eu gero diretamente ou indiretamente para a empresa paga o meu custo e sobra quanto?
10%?
20%?
50%?
Lembrando ainda na carga tributária que incide sobre a empresa, um valor mínimo do mínimo aceitável é que você gere o dobro do seu custo.
Se você chegou até aqui e percebeu que talvez você esteja deixando a desejar neste quesito eu tenho uma má notícia: o seu chefe muito provavelmente já sabe disso.
Nós passamos recentemente por uma dura crise que elevou em muito a taxa de desemprego. Mas a maior parte das empresas que demitiu não chegou ao extremo de fechar as portas, então, neste caso, foram feitas escolhas entre pessoas que ficariam e pessoas que iriam deixar o barco.
Qual que você acha que foi o ponto que mais pesou na escolha entre o colega que sentava ao seu lado, agora desempregado, e você? Empatia? Você ria mais sinceramente das piadas do chefe?
Muito provavelmente foi a análise do custo/benefício.
Isto, no entanto, não deveria te trazer um conforto de saber que é um funcionário produtivo e que gera lucro para a empresa. Essa conclusão depende de uma análise (bem) crítica do seu desempenho. Talvez você realmente seja um excelente profissional, mas talvez você só tenha ficado um pouco acima da linha de corte.
É bom perder uns minutinhos pensando sobre esse assunto antes de dormir.
Eu resolvi escrever tudo isso até aqui para te lembrar de algo muito importante.
Se você ainda não atingiu a sua independência financeira, o seu foco principal deve sempre estar na atividade que gera a sua renda ativa.
Afinal de contas, se você gera muito lucro para a sua empresa pode pleitear um salário maior, o que reduzirá o tempo que você vai levar para alcançar seus objetivos financeiros. Por outro lado, nem todo o estudo sobre finanças do mundo vai te ajudar se você perder sua renda principal e começar a consumir seus investimentos ainda em fase de maturação para garantir a sua subsistência.
Bons negócios