Entenda o que é uma operação compromissada e quais são suas vantagens

O mercado de investimentos brasileiro é repleto de aplicações e ativos diferentes à disposição dos investidores. Entretanto, dentre todas as opções existentes, muitas permanecem desconhecidas do público em geral. É o caso, por exemplo, das operações compromissadas.

Por ser uma operação estruturada de renda fixa, a operação compromissada oferece, ao mesmo tempo, um risco baixo somado a uma rentabilidade atrativa. Dessa forma, esse tipo de investimento acaba se tornando uma ótima alternativa para investidores que desejam diversificar sua carteira.

O que é uma operação compromissada?

Uma operação compromissada é definida pela venda de um título com o compromisso de recomprá-lo em um prazo determinado, sendo que, o comprador também assume o compromisso de revender o título – sempre na data estabelecida e pelo preço que foi combinado.

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Dessa forma, a operação compromissada funciona como uma espécie de aluguel, em que a instituição vende temporariamente um título para captar recursos naquele momento, mas assumindo o compromisso de recomprá-lo no futuro. Logo, como a transação possui lastro (garantia) em um título de renda fixa já emitido, o banco não precisa emitir títulos próprios ou pagar juros altos para conseguir se financiar.

Como funcionam as operações compromissadas?

Basicamente, uma operação compromissada ocorre em duas partes. A primeira é a operação de ida, onde a instituição vende seu título para o investidor. Logo em sequência, após o período de duração do compromisso, ocorre a operação de volta – onde a instituição cumpre o que foi acordado e recompra o título do investidor.

Quanto a remuneração, as operações compromissadas podem ser realizadas com rentabilidade prefixada ou pós-fixada, de acordo com os juros do próprio título. Entretanto, o rendimento da operação também pode ser definido através de uma taxa livre combinada entre as partes.

Além disso, as operações compromissadas também podem ter diferentes formas quanto a sua data de vencimento, :

  • Venda do título com o compromisso de recompra em sua data de vencimento;
  • Venda do título com o compromisso de recompra em uma data posterior ao vencimento;
  • Venda do título com o compromisso de recompra no dia seguinte, também chamada de compromissada over.

Para realizar a operação, é preciso que a vendedora do título seja uma instituição financeira habilitada para esse tipo de transação. Porém, por outro lado, os compradores podem ser pessoas físicas, jurídicas ou até mesmo uma outra instituição financeira.

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Tipos de operações compromissadas:

Existem os seguintes tipos de operações compromissadas:

  • Compromissada Específica: quando o título envolvido é informado previamente, e taxa da operação é prefixada;
  • Compromissada Dirigida: quando o título envolvido é informado previamente, e taxa da operação é pós-fixada;
  • Compromissada Genérica: quando o título envolvido é informado apenas após a realização da operação, e taxa da operação é prefixada;
  • Compromissada Migração Selic/Bolsa: quando a operação de ida é liquidada pelo SELIC e a operação de volta é liquidada no balcão da B3;
  • Compromissada Migração Bolsa/Selic: quando a operação de ida é liquidada pelo balcão da B3 e a operação de volta é liquidada no SELIC.

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Quais títulos podem ser negociados em uma operação compromissada?

Nem todo título de renda fica pode ser envolvido em uma operação compromissada. A legislação do setor determina que apenas alguns títulos estão habilitados para esse tipo de operação. São eles:

Quais são as vantagens de realizar uma operação compromissada?

Para as instituições financeiras, a operação compromissada é uma boa alternativa para captar recursos no curto prazo. Como o título envolvido possui uma garantia de pagamento mais sólida, fazer uma operação compromissada com um título de terceiros é mais barato e seguro do que emitir um título próprio. Ou seja, além de demandar um pagamento de juros menor, a instituição consegue se financiar sem se desfazer do seu capital ou comprometer o seu caixa.

Já para os compradores, a operação compromissada permite que o investidor tenha uma opção a mais para diversificar suas aplicações, permitindo que ele se proteja em cenários de alta ou baixa de juros e variação da inflação com um investimento de baixo risco .

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Tiago Reis
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15 comentários

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  • Elisio Vila 4 de junho de 2019
    Tiago bom dia. tenho um pergunta é sobre o risco do titulo perder valor nesse tipo de operação compromissada, ha esse risco ou não, os bancos sempre recomprar e ha uma garantia de recompra pelo preço de compra é isso?Responder
    • Rafael Senna 22 de setembro de 2022
      A estrutura de uma compromissada leva em consideração o lastro e o emissor. O lastro oferece à instituição uma garantia para operacionalizar o produto com uma espécie de funding. A compromissada é desenhada de modo que na data estabelecida o emissor deverá recomprar o título acrescido à taxa contratada, não havendo portanto oscilação à mercado do título em pré, e pós, podendo haver no caso indexado à inflação. Lembre-se também que as Operações compromissadas são cobertas pelo FGC, considerando o emissor da compromissada.Responder
  • Marc 1 de julho de 2019
    Oi Tiago, Voce sabe como tributa uma operação compromissada nos estados unidos ( americano investindo no Brasil)?Responder
  • Sabrina 10 de janeiro de 2020
    Acho que faltou colocar as desvantagens também de se realizar uma operação compromissada.Responder
    • Rafael Senna 22 de setembro de 2022
      Oi Sabrina, a principal desvantagem se encontra em duas faces: Risco e planejamento O risco é o de crédito, onde o emissor pode sofrer defalt, sobre tudo a compromissada, assim como os títulos bancários, é coberta pelo FGC. O planejamento se torna importante uma vez que as compromissadas possuem uma vantagem relevante dada a isenção de IOF nos 30 primeiros dias. Comparado a um CDB, uma compromissada de 75% do CDI é equivalente a um CDB de mais de 2.300% do CDI no primeiro dia (compromissada Over), e mais de 350% do CDI no 10º dia. Portanto, é um instrumento muito estratégico para a otimização do fluxo de caixa. A ressalva é que, caso a empresa consiga utilizar o recurso com melhor planejamento a mesma pode fazer uso de prazos mais longos, oportunizando o acesso a fundos de investimento ou ativos de liquidez com cerca de 110 a 115% do CDI, e passados 20 dias, o IOF já deixa de ter forte relevância, de modo que um fundo 110% do CDI conseguirá entregar uma melhor relação custo benefício. Portanto aqui a desvantagem seria utilizar a compromissada como único veículo de investimento, quando a mesma pode ser uma alternativa inteligente para os investimentos curto prazo.Responder
  • Gonzaga 14 de janeiro de 2020
    Parabéns pela matéria, clara e objetiva, muito útil para quem tá iniciando em atividades de mercado financeiroResponder
    • Suno Research 15 de janeiro de 2020
      Felizes em poder ajudar. Boa sorte e sucesso nos investimentos!Responder
  • SAID ABOU GHAOUCHE NETTO 14 de março de 2020
    Não enxergo as operações compromissadas como produto de balcão, vejo mais como controle de supervisão. Vou explicar de maneira bem sucinta e objetiva: (a) os bancos tem tesourarias, que cuidam do dinheiro próprio do banco (diferente de depósitos de correntistas); (b) na tesouraria eles tem diversos ativos, de renda fixa e variável; (c) estes ativos são classificados em três categorias [1] mantidos até o vencimento; [2] mantidos até a melhor oportunidade e [3] títulos negociáveis ou a negociar; (d) o banco central obriga os bancos a zerarem o caixa no fim do expediente; (e) assim, alguns bancos terão sobras e outros terão faltas (de caixa); (f) aí entram estes títulos negociáveis, da categoria 3 (na maioria das vezes títulos públicos); (g) o nome "operações compromissadas" significa nada mais e nada menos que vender com compromisso de recomprar, ou seja, o lado que vende hoje tem o compromisso de recomprar amanhã, e da mesma forma, o lado que comprou tem o compromisso de revender amanhã, sempre numa relação vis a vis entre quem compra e quem vende; (h) isso produz dois efeitos significativos: (i) [I] para o Bacen é um ato de supervisão eficaz, se um banco estiver exposto os demais vão evita-lo, no zeramento do caixa este banco pode não conseguir negociar e ficar com o caixa descoberto, neste caso ele vai procurar o Bacen para cobrir com redesconto, e o Bacen já fica sabendo da situação, daí a eficácia do zeramento do caixa; [II] para o tesouro nacional é um ótimo termômetro saber quais títulos estão classificados (usados nas operações compromissadas) como "títulos a negociar" para organizar e planejar o fluxo.Responder
    • SAID ABOU GHAOUCHE NETTO 14 de março de 2020
      Apenas complementando o que escrevi acima: se os interessados tiverem curiosidade, podem visitar o site da B3 e lá vão constatar que a operação é exclusiva para instituições financeiras, ou seja, corrobora o que eu escrevi acima a respeito de não ser um produto de balcão. Se pensam em aplicar em "operações compromissadas" é melhor tirar o cavalo da chuva.Responder
      • Paulo 28 de julho de 2020
        Posso investir através de um fundo de investimento de um banco no qual a maior parte de suas aplicações sejam nessa operação?Responder
  • diogo 2 de fevereiro de 2021
    Tem iof?Responder
    • Suno Research 2 de fevereiro de 2021
      Olá, Diogo! Tudo bem? As operações compromissadas são isentas de IOF para resgates realizados 30 dias após a aplicação inicial. Se vender antes, haverá IOF. Atenciosamente, Equipe Suno.Responder
      • Rafael Senna 22 de setembro de 2022
        Na verdade essa é uma das maiores vantagens das compromissadas. A depender da natureza da operação, as mesmas em sua maioria não possuem a incidência de IOF, o que torna o ativo extremamente atrativo.Responder
  • Jhonata Silva 22 de outubro de 2023
    Saudações, observei que foi dito em um comentário que as operações compromissadas são cobertas pelo FGC, porém, notei que debêntures podem ser negociadas como operação compromissada. Uma operação compromissada de debênture terá cobertura do FGC ? Sendo que esse título de crédito em si não traz consigo cobertura do FGC. Desde já, agradeço!Responder
  • Rogério B. 13 de novembro de 2023
    Olá, como identificar o uso deste instrumento em balanços patrimoniais e informes mensais de fundos imobiliários? Obrigado.Responder