O mercado atual é extremamente focado em lucros, entretanto, este não é de fato o objetivo máximo das empresas. Obviamente o lucro é de extrema importância, mas lucro por si só não te diz muita coisa sobre a qualidade do investimento.
Pensemos na seguinte situação. Um amigo te convida para abrir um negócio afirmando que a empresa lucrará cem mil reais por ano. Você aceitaria a parceria?
Muito provavelmente você teria várias perguntas para fazer ao seu possível sócio. Não lhe foi fornecida informação suficiente para realizar o investimento e dificilmente você estaria seguro sabendo apenas uma estimativa dos lucros anuais da empresa.
Uma das primeiras perguntas a se fazer é: quanto tenho que investir para obter estes lucros? Caso tivesse de investir dez milhões para lucrar cem mil ao ano, certamente você não realizaria o investimento.
Isso se deve ao fato de que abrir uma empresa envolve diversos riscos (que você ainda desconhece) e, mesmo assim, o retorno deste investimento seria de apenas 1% ao ano, o que atualmente, não supera nem a inflação do país.
Você poderia investir em um título público que oferece o menor risco da economia e ainda teria um retorno muito superior. Esta situação lhe oferece um retorno pouco atraente.
Entretanto, caso seu amigo dissesse que o investimento necessário era de quinhentos mil reais, a decisão não seria trivial. Neste cenário, o retorno obtido seria de 20% ao ano, o que supera em muito o retorno dos investimentos em títulos públicos atualmente.
Perceba que neste caso, os lucros da empresa não se alteraram, entretanto, o capital investido é muito inferior, o que aumenta significativamente a rentabilidade. Este investimento parece mais interessante, porém ainda não podemos concluir nada.
Ter uma estimativa da rentabilidade nos leva a pensar nos riscos que envolvem o investimento. Qualquer investimento, mesmo os mais seguros, possuem riscos.
O risco está relacionado a possibilidade de perda permanente de capital. Pense em uma fazenda. Os retornos associados ao cultivo estão intimamente ligados à safra e cotação do produto.
A safra, por sua vez, depende de uma série de fatores climáticos e das formas de manejo da cultura. A cotação depende tanto da variação cambial, quanto da variação no preço das commodities produzidas.
Cada empresa tem seu risco inerente ao modelo de negócio, ao setor de atuação e à geografia em que opera. Empresas do mesmo setor e que operam com o mesmo modelo de negócio, porém em países diferentes, possuem riscos diferentes.
Voltemos ao exemplo da fazenda. O cultivo de arroz no Brasil se dá majoritariamente no sul do país. Nos Estados Unidos, o estado maior produtor de arroz é o Texas.
Enquanto no Brasil, a possibilidade de ocorrência de um furacão é mínima, o estado do Texas se encontra no “corredor de furacões” americano.
Durante a temporada de furacões, que ocorre de junho a dezembro, a chance de um tornado atingir o estado é elevada, o que pode arruinar uma safra e comprometer, consequentemente, os lucros.
Portanto, os riscos que envolvem cada caso devem ser estudados profundamente para que seja possível analisar a viabilidade de um investimento. Quanto maior o risco envolvido, maior a rentabilidade esperada pelo investidor.
Entendendo os riscos e a rentabilidade podemos compreender melhor o motivo do objetivo das empresas não ser meramente obter lucros. Lucros que não expressam rentabilidade elevada ou que não remuneram o investidor segundo os riscos envolvidos não são interessantes.
Seguindo esta abordagem, o objetivo das empresas deixa de ser os lucros e passa a ser a geração de valor para o acionista. Para uma empresa gerar valor para o acionista ela deve remunerar o investimento com rentabilidade suficiente para justificar os riscos envolvidos.