Você já se perguntou o que atrai uma empresa para o ambiente da bolsa de valores? A resposta mais comum para essa pergunta é a necessidade de financiamento. Ou seja: a partir do momento em que uma companhia abre capital e disponibiliza suas ações no mercado de capitais, ela se torna apta a captar recursos dos investidores. E essa nova fonte financeira pode ser traduzida em novos planos de expansão, projetos e investimentos.
Quando um investidor compra ações dessa empresa, sua principal motivação tende a ser a possibilidade de ganho de capital a partir da valorização do papel. Já no caso da empresa, cada ação vendida representa um novo sócio e, consequentemente, uma nova fonte de financiamento.
O mesmo acontece quando a companhia emite um título de dívida. Vamos supor que uma fabricante de sapatos queira comprar uma nova máquina que vai lhe garantir o dobro da produção atual. O equipamento, contudo, custa R$ 100 mil, valor que excede o caixa da empresa naquele momento.
A solução, neste caso, pode vir da emissão de dívida. Ou seja: a companhia coloca 100 títulos de mil reais no mercado, com um prazo de um ano. O investidor que comprar esses títulos vai receber seu dinheiro de volta no prazo estabelecido, acrescido de um valor pré-determinado de juros.
A empresa, por sua vez, vai captar esses recursos no mercado para comprar um maquinário que vai lhe render o dobro da produção. E com o lucro obtido a partir desse crescimento de produtividade, ela vai remunerar os investidores que compraram seus títulos de dívida.
Essas e outras dinâmicas acontecem dentro do mercado de capitais, que representa a união de entidades, agentes econômicos e legislação voltados para a distribuição de valores mobiliários.
O objetivo do mercado de capitais, portanto, é garantir um mecanismo para que as empresas possam captar recursos de forma direta com os investidores. Assim, elas conseguem financiar seus projetos de expansão ou demais investimentos.
Ou seja: o mercado de capitais mobiliza recursos de pessoas físicas, empresas e até agentes públicos, promovendo a alocação eficiente desses recursos a fim de financiar produção, comercialização, investimento e consumo.
A ação é o principal instrumento de participação no mercado de capitais, e representa um título de participação no capital social de uma empresa. Além delas, também existem as debêntures, os títulos públicos e os CDBs, por exemplo. Apesar de serem modalidades diferentes, todas fazem parte do mercado de capitais e representam transações que visam captação de recursos.
Recapitulando:
O mercado de capitais é o ambiente no qual empresas, agentes públicos e até produtores rurais podem buscar financiamento, através da mobilização de recursos de diferentes tipos de investidores.
Principais vantagens do mercado de capitais:
Grande variedade de perfis de investidores; diferentes produtos à disposição; liquidez; taxas acessíveis
Por muito tempo, acreditou-se que o agronegócio de maior escala deveria ser financiado pelo crédito privado, através de grandes instituições financeiras como o Banco do Brasil, por exemplo. O agronegócio de menor escala, por sua vez, deveria buscar financiamento através das políticas públicas, em especial o Plano Safra.
Acontece que o Brasil é um gigante agrícola mundial, com necessidade de crédito rural de aproximadamente R$ 1 trilhão por ano. Logo, as alternativas mais “tradicionais” citadas acima acabam por não suprir tamanha demanda.
Mesmo assim, 76,7% do crédito obtido pelos produtores agrícolas no nosso país ainda vem do mercado bancário. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse percentual é de apenas 22,50%. Lá, 77,50% do crédito rural é obtido através do mercado de capitais.
Ora, se o mercado de capitais é um ambiente que promove a alocação eficiente de recursos e o agronegócio é um setor que carece desse financiamento, por que as duas partes não se unem?
Quando bancos emprestam com recursos do Plano Safra, a taxa aplicada é a mesma, independentemente do perfil do médio produtor. Já no mercado de capitais, as taxas variam de acordo com o empresário rural e a saúde financeira do seu balanço, por exemplo. Isso se traduz sobretudo em taxas mais acessíveis, prazos mais adequados e condições de crédito flexíveis.
Nas políticas públicas, há diferentes programas divididos entre custeio, comercialização, investimento e industrialização, por exemplo. Já no mercado de capitais, os recursos captados podem ou não ser classificados para um determinado tipo de uso.
Além disso, é necessário destacar que o mercado de crédito mais tradicional é focado no curto prazo, enquanto no mercado de capitais, o produtor tem acesso a financiamento de longo prazo para investir em irrigação, armazenamento, maquinário agrícola, compra de mais terras ou até capital de giro para culturas perenes como café, manga, limão etc.
A relação é benéfica também na outra ponta. Ou seja, na visão do investidor. Isso porque, além do agronegócio ser um importante impulsionador do PIB nacional, o setor possui estabilidade relativa diante de adversidades e oferece oportunidades lucrativas.
A terra agrícola é considerada um ativo real, por exemplo, e é vista como uma estratégia importante de proteção contra a inflação. Nessa linha, o preço das terras agrícolas no Brasil quase dobrou em três anos. Em 2023, a média foi de R$ 55,02 mil por hectare, segundo estudo da S&P Global Commodity Insights. Esse avanço acompanha o boom nos preços das commodities agrícolas e o aumento da área plantada no país.
Ou seja: o empreendedor rural e o mercado de capitais têm muitas sinergias. E ainda que o cenário esteja evoluindo, a falta de conhecimento ainda é um entrave para o desenvolvimento entre as partes.
Recapitulando: o mercado de capitais é um ambiente no qual o produtor rural pode se beneficiar a partir do financiamento independente de políticas públicas, tendo em vista a grande liquidez e acessibilidade do mercado.
Vantagens do mercado de capitais para o produtor rural: independência de políticas públicas; liquidez; diversidade de investidores; taxas acessíveis, flexíveis e adaptáveis de acordo com cada perfil; possibilidade de financiamento no longo prazo.
Hoje, existem diversos produtos voltados para o agronegócio, sendo que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários, órgão regulador do mercado), vem priorizando essa agenda, a fim de ampliar o acesso dos produtores rurais ao mercado de capitais.
Confira quais são os principais produtos do mercado de capitais voltados ao agronegócio:
- A Cédula de Produtor Rural (CPR)
- Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
- Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA)
- Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA)
- Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro)
A Cédula de Produtor Rural (CPR)
CPR é um título representativo de promessa de entrega de produtos rurais emitida por produtores, suas associações e até mesmo cooperativas.
Geralmente, a CPR funciona através de uma estrutura muito simples, onde o agricultor recebe dinheiro e em troca promete a entrega do produto rural ao investidor. O agricultor, também conhecido como emissor, geralmente presta garantia de um imóvel, como forma de garantir segurança na operação.
Como resultado, a transação fornece liquidez tanto para o agricultor quanto para o investidor: o agricultor recebe financiamento a preços razoáveis, de modo a cultivar sua safra, ao passo que o investidor adquire um instrumento que pode ser facilmente negociável em bolsas de mercadorias.
Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
A LCA é um título de renda fixa de crédito privado que, como o próprio nome diz, é utilizado para financiar a atividade do agronegócio.
Esse tipo de investimento é considerado mais seguro, uma vez que o capital investido não sofre os efeitos da volatilidade. Por ser um ativo de renda fixa, o rendimento do LCA é conhecido na hora da aplicação.
No caso da LCA, contudo, o recurso do investidor não vai diretamente para um devedor do agronegócio. Na verdade, o capital é destinado a uma instituição financeira que, por sua vez, empresta o recurso para seus clientes que atuam no setor.
Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA)
O CDCA é um título de crédito nominativo, de livre negociação, que pode ser emitido por cooperativas rurais, produtores ou empresas ligadas à produção agropecuária, com a finalidade de originar negócios entre estes e terceiros, incluindo financiamentos e empréstimos.
A emissão de CDCA permite que as empresas ligadas ao agronegócio captem crédito de médio e curto prazo, a fim de investir nas suas atividades no período de entressafra. Além disso, a emissão desses títulos permite que os produtores tenham acesso a taxas de juros mais competitivas quando comparado a um empréstimo bancário, por exemplo.
Usualmente, a rentabilidade desses títulos está atrelada ao CDI, mas ele pode usar outros indexadores, de acordo com a escolha da empresa emissora ou da aceitação do mercado. Sendo assim, em alguns casos, é possível encontrar CDCAs atrelados ao dólar ou até mesmo à inflação.
Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA)
O CRA é um título de renda fixa emitido por uma companhia securitizadora. Esses títulos possuem lastros em recebíveis de produtores rurais ou de outros agentes relacionados ao agronegócio.
Uma companhia securitizadora adquire o crédito do empresário, antecipando assim o seu recebível e, posteriormente, securitiza a operação e a coloca no mercado. Esses títulos são então adquiridos por investidores, que recebem os pagamentos conforme o fluxo de recebíveis for ocorrendo.
O CRA pode, muitas vezes, ser confundido com a aplicação na LCA. Embora esteja também relacionada ao agronegócio, a LCA é emitida por instituição financeira, e não por uma companhia securitizadora. O CRA, em comparação com a LCA, possui prazos mais longos para vencimento, porém apresenta também maiores retornos.
Simplificando, quem investe em uma LCA está emprestando dinheiro ao banco, arriscando-se, assim, à inadimplência do banco. Quem obtém o CRA repassa os recursos para uma empresa do agronegócio, expondo-se ao risco de inadimplência da empresa.
Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro)
O Fiagro é um ativo cujo objetivo é captar recursos de investidores para aplicar em ativos do agronegócio.
Em via de regra, os recursos captados no Fiagro são utilizados para investir em propriedades rurais e atividades da produção do setor agroindustrial.
Além disso, o investimento também pode ser feito em títulos de crédito ou em valores mobiliários, emitido por pessoas físicas ou jurídicas que integrem a cadeia produtiva agroindustrial.
Outra maneira é por meio dos direitos creditórios do agronegócio, e títulos de securitização emitidos com lastros em direitos creditórios.
Além de democratizar o investimento no setor, os Fiagros permitem que investidores interessados no agronegócio não precisem comprar uma fazenda, montar uma equipe de funcionários ou imobilizar uma grande parte de seu capital. Com apenas R$10,00, o investidor pode adquirir uma cota de Fiagro e se beneficiar dos ganhos do setor.
Também dá para fazer o investimento através de direitos creditórios imobiliários que são relativos a imóveis rurais e títulos de securitização emitidos com lastro nesses direitos creditórios.
Um dos principais Fiagros listados em Bolsa é o SNAG11, da Suno Asset. Ele tem como objetivo investir de modo amplo nas cadeias do Agronegócio, explorando tanto atividades de natureza imobiliária quanto as relacionadas à produção do setor.
Segundo sua política de investimento, o SNAG11 pode investir em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), Imóveis Rurais, Sociedades que explorem atividades da cadeia do Agronegócio além de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e cotas de fundos que estejam relacionados com o setor Agro.
Recapitulando:
Atualmente, há uma ampla gama de produtos financeiros voltados para o investimento em agronegócio. Mais do que isso, a CVM, órgão regulador do mercado de capitais brasileiro, vem trabalhando para ampliar esse acesso.
Quais são as vantagens desse cenário?
Com uma grande variedade de produtos, tanto o investidor quanto o produtor rural têm opções suficientes para escolher aquela que mais se encaixa no seu perfil e no seu bolso, levando em contas taxas, prazos e objetivos.
Como foi dito anteriormente, a CVM vem se esforçando para ampliar o acesso do agronegócio ao mercado de capitais, e esse movimento vem dando certo. Só a indústria de Fiagros, por exemplo, alcançou a marca de R$ 21,3 bilhões em patrimônio líquido até o final de 2023. Isso significa um crescimento de 262% em um ano.
Já em janeiro deste ano, os Fiagros registraram captação líquida de R$ 20,5 milhões, alcançando patrimônio líquido superior aos R$ 34,4 bilhões, alta de 42,1% ante o início de 2023.
O mercado de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) também teve crescimento acima da média do mercado no final do ano passado, em cerca de 35,8%. O patrimônio líquido alcançou R$ 130 bilhões em dezembro de 2023.
Assim, não faltam exemplos de grandes empresas ou pequenas e médias fazendas que já captaram recursos através do mercado de capitais. A Boa Safra (SOJA3), líder na produção de sementes de soja no Brasil, é um desses casos. Isso porque o SNAG11, Fiagro da Suno Asset citado anteriormente, foi lançado em parceria com a empresa, que tinha como objetivo continuar investimento em crescimento, sem comprometer o capital de giro.
Já a Irani (RANI3), uma das principais indústrias nacionais do segmento de papel e embalagem, é um exemplo de empresa que já se financiou a partir do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Estendendo a discussão para empresas não listadas, podemos citar Rei Alimentos, Fazenda Santa Colomba e Grupo LPCD dentre os diversos produtores agrícolas que já foram ao mercado de capitais através de CRAs e/ou CPRs.
Recapitulando:
O agronegócio e o mercado de capitais vêm se aproximando cada vez mais, dada a vasta gama de produtos disponíveis para esse segmento e o esforço da CVM em facilitar esse acesso.
Quais as vantagens deste cenário?
Com cada vez mais produtores participando desse ambiente, tende a ocorrer uma maior democratização do acesso, uma disseminação do conhecimento sobre as vantagens desse tipo de investimento e um crescimento na liquidez desses produtos.
Para acessar o mercado de capitais, contudo, o produtor rural precisa estar disposto a investir em governança, termo que pode parecer estranho para alguns.
“Governança” tem relação com uma gestão robusta, com autoridade, poder perante a algo. Ou seja, ter governança é administrar, organizar, monitorar e elaborar estratégias afirmativas para um negócio.
Vamos a alguns exemplos que vão facilitar no esclarecimento do conceito:
- Você mistura as contas da fazenda com as da sua casa?
- Você compra carro para o seu filho(a) que não trabalha na fazenda com inscrição estadual de produtor rural para pagar menos imposto?
- Você não se preocupa com a gestão de riscos do seu negócio, como venda futura e trava de preços?
Se a resposta dessas perguntas for sim, significa que você tem uma régua baixa de governança no seu negócio, e isso pode ser um desafio.
Ao analisar o crédito a ser concedido para um empresário rural, os bancos se baseiam em garantias e histórico de relacionamento. Já o mercado de capitais, por sua vez, demanda estruturas de governança.
Ou seja, embora esse investimento inicial em governança seja primordial para acessar o mercado de capitais, os benefícios no longo prazo fazem com que esse empresário mude de patamar.
Em caso de baixa governança, portanto, o ingresso no mercado de capitais demanda alguns custos. Porém, significa também a abertura de um leque de oportunidades para que o produtor reestruture e personalize suas obrigações financeiras, além da potencial redução dos juros à medida que a confiança junto ao mercado vai sendo estabelecida.
Evidentemente, virar essa chave pode não ser algo tão simples. Por isso, a Suno criou o programa Elite Agro, que ajuda o produtor rural na gestão da continuidade, planejamento tributário, governança e gestão econômica e financeira, por exemplo.
O Elite Agro é um programa de formação para produtores rurais, donos de fazenda, dirigentes de cooperativas, donos de agroindústria e gestores dessas empresas, com o objetivo de introduzir esses profissionais ao mercado de capitais.
A trilha do programa tem três principais passos, que são os seguintes:
Crédito de longo prazo:
Como acessar o crédito de longo prazo para fazer o seu negócio crescer via mercado de capitais.
Aumentar e diversificar seu patrimônio:
Diversificar as aplicações de investimento com um consultor exclusivo.
Gestão patrimonial:
Discussão de cases e melhores práticas de planejamento sucessório, jurídico, tributário e contábil com os melhores especialistas da Suno.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 5 milhões de produtores rurais. Apenas 400 mil produzem 86% do valor bruto da produção agropecuária. Somente 5% são vencedores no rural brasileiro.
Nesse contexto, o empresário rural que aprender rápido, sairá na frente. Até o final da década, a tendência é que o mercado de capitais seja o principal financiador das operações de investimento no agro brasileiro. O tempo está correndo, e a oportunidade está na mesa.
Recapitulando:
Para aproveitar as vantagens do mercado de capitais, é necessário que o empresário rural tenha uma boa governança. Ou seja: apresente boa gestão econômica e financeira, planejamento tributário e estratégias afirmativas para o negócio, por exemplo. Nesse sentido, o programa Elite Agro pode ser um aliado.
Quais são as vantagens do Elite Agro?
O Elite Agro é um programa de formação para que profissionais do agro acessem o mercado de capitais. O programa oferece vantagens como encontros online e presenciais com empresários do ramo; grupo exclusivo de whatsapp, estudo de cases; visitas técnicas a empresas e check up financeiro, a fim de auxiliar na obtenção de crédito de longo prazo, no aumento e diversificação do patrimônio e na garantia de uma boa gestão patrimonial.