Liquidez: o que é e como avaliar esse critério ao investir?
É muito importante que o investidor se atente às questões da facilidade em converter ativos em dinheiro. Assim, é fundamental observar a liquidez dos investimentos antes da aplicação.
Dessa forma, no mercado financeiro a liquidez é uma das características mais relevantes para qualquer investimento, podendo inclusive influenciar na rentabilidade do capital do investidor.
O que é liquidez?
O termo liquidez corresponde à velocidade e a facilidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro.
Assim, quanto mais rápida for a conversão do ativo em dinheiro, maior será sua liquidez.
Dessa forma, a moeda é considerado o ativo mais líquido no mercado, já que pode ser rapidamente convertido em qualquer outro bem, produto ou ativo. Incluisve, os agentes econômicos possuem uma preferência por títulos e ativos mais líquidos.
Por outro lado, um ativo com baixa liquidez apresenta uma dificuldade maior resgatar o dinheiro.
Como funciona a liquidez?
A liquidez é um fator importante nos investimentos, afinal demonstra a velocidade de transformar o ativo em dinheiro sem uma perda significativa do valor.
Dessa maneira, a liquidez está relacionado com a grau de negociabilidade de um ativo e a velocidade de converter em dinheiro.
Vale lembrar que somente a velocidade da conversão em dinheiro não é suficiente para caracterizar um ativo como de boa liquidez.
Para ficar mais claro, um imóvel, por via de regra ele é caracterizado como um ativo de baixa liquidez. Afinal, pode levar anos para converter o patrimônio em dinheiro devido a diversos fatores, como falta de compradores e burocracias.
Entretanto, em uma situação de emergência onde o proprietário precise muito do dinheiro naquele momento, é possível reduzir consideravelmente o preço de venda em troca de um dinheiro rápido.
Isso porque deve ser levado em consideração ainda que a rápida liquidez não acarrete em perda significativa de valor.
Desse modo, os ativos financeiros podem ter um certo grau de liquidez, a depender de suas características específicas.
Por fim, destacamos que a liquidez pode ser medida basicamente sob duas óticas:
- Liquidez Contábil;
- Liquidez Financeira.
O que é Liquidez contábil?
A liquidez contábil pode ser entendida como a medida dos recursos que uma companhia possui para fazer frente a seus compromissos e a capacidade de pagamento com terceiros.
Logo, no mundo corporativo as empresas e os bancos lançam mão dessas métricas para auxiliá-los e atualizá-los sobre a situação financeira da empresa.
Essa mensuração é essencial para manter as finanças em dia, de forma saudável.
As informações para o cálculo dos indicadores de liquidez contábil são retiradas exclusivamente do Balanço patrimonial, devendo então ser atualizadas constantemente para uma análise correta.
No caso das companhias abertas, apesar desse instrumento representar um balanço patrimonial sólido e com baixas probabilidades de insolvência, a contrapartida dela são os baixos níveis de rentabilidade, na maioria dos casos.
Assim, esse é um ponto que deve ser observado na hora de fazer uma análise fundamentalista das companhias.
Além disso, uma boa análise de liquidez exige o estudo dos tipos de liquidez e índices entre elas:
- Corrente;
- Geral;
- Imediata;
- Seca;
Liquidez corrente
A liquidez corrente calcula a capacidade da empresa de suportar suas obrigações de curto prazo (prazo inferior a 1 ano).
Para encontrar a liquidez corrente é necessário buscar no balanço patrimonial da empresa os indicadores de ativo circulante e passivo circulante.
Dessa forma, a fórmula da liquidez corrente é:
- Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
Se o resultado obtido for maior que 1, isso demonstra folga no disponível para uma possível liquidação das obrigações frente a fornecedores e empréstimos.
Por outro lado, se o resultado encontrado for menor que 1, isso pode ser interpretado como disponibilidades insuficientes para quitar as obrigações a curto prazo.
Liquidez geral
Esse indicador de liquidez geral permite que o gestor analise o histórico da companhia a fim de descobrir se a mesma está ganhando ou perdendo liquidez.
O indicador de liquidez geral leva em conta a situação no curto e no longo prazo da empresa, por meio da seguinte equação:
- Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo/ Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Em tese, quando a liquidez geral apresenta um índice abaixo de 1, isso significa que ela não teria condições de suportar suas obrigações tanto no curto quanto no longo prazo.
Com isso, torna-se possível estabelecer um planejamento para o financiamento de projetos futuros, com previsões mais assertivas.
Liquidez imediata
O índice de liquidez imediata é a capacidade da empresa de fazer frente a suas dívidas no curto prazo. Ele é o indicador importante na composição da liquidez contábil de uma companhia.
Em outras palavras, diz respeito ao montante disponível no caixa da empresa, no momento presente e que podem ser usados em emergências financeiras.
O cálculo desse índice é feito através da divisão do caixa da companhia pelo seu passivo circulante, ou seja, a equação da liquidez imediata é:
- Liquidez Imediata = Disponível / Passivo Circulante
Como um guia prático e simples, existe uma regra utilizada pela contabilidade que se baseia no resultado das fórmulas de cada indicador. É interessante que o investidor se atente a elas.
- Resultado > 1: bom grau de liquidez;
- Resultado = 1: recursos se igualam ao valor dos pagamentos;
- Resultado < 1: não possui como quitar suas dívidas no momento;
Assim sendo, se uma empresa estiver com um resultado superior a 1, significa que a mesma tem capacidade para captar recursos com certa agilidade para realizar os pagamentos que precisa.
No caso oposto, quando esse número for inferior a 1, significa que os recursos e recebíveis da companhia estão alocados para o longo prazo.
Logo, neste caso, é necessário reavaliar a situação e o resultado financeira da empresa.
Liquidez seca
Semelhante à liquidez corrente, a seca é focada no curto prazo. No entanto, a principal diferença é a exclusão do cálculo os estoques.
- Liquidez Seca = Ativo Circulante – Estoques/ Passivo Circulante
O resultado deste índice será sempre menor que o da corrente.
Muitos analistas consideram este índice como o mais rigoroso pois analisa a capacidade de pagamento de uma empresa sem levar em conta seus estoques disponíveis.
O que é liquidez financeira?
A liquidez financeira pode ser entendida como a capacidade de um investimento se transformar em dinheiro na conta corrente.
Em outras palavras significa dizer que quanto mais rápido um recurso é resgatado, sem perda significativa de valor.
No mercado financeiro existem termos que permitem saber de forma rápida qual o tempo que um investimento leva para ser resgatado.
Dessa forma, os referidos prazos de resgate são identificados por siglas como:
- Imediata (D+0);
- Diária (D+1);
- Mensal (D+30).
De fato, toda aplicação financeira terá uma sigla que corresponde a “D + Nº”, onde D é o dia de resgate e o Nº é o número de dias úteis para a liberação do dinheiro.
Essas especificações geralmente aparecem junto com outras características do investimento como a rentabilidade, custo e prazo do investimento.
Liquidez Imediata (D+0)
A liquidez imediata, D+0, significa que a solicitação de resgate do investimento será processada no mesmo dia.
Em outras palavras significa dizer que o dinheiro entrará na conta no momento em que o resgate for solicitado.
Como exemplo podemos citar os recursos depositados em caderneta de poupança, que podem ser resgatados assim que efetuada a ordem de resgate.
Liquidez Diária (D+1)
Nesse tipo de liquidez, D+1, a ordem de resgate será processada em um dia útil. Sendo assim, o dinheiro cairá na conta somente no próximo dia útil à solicitação de resgate.
O resgate em D+1 é característica de títulos como o Tesouro Selic. Cotas de fundos de renda fixa conservadores, como os fundos DI, também podem ser resgatadas em D+1.
Em resumo, podemos concluir que aplicações em D+0 e D+1 são as mais recomendadas para a compor a carteira de reservas contra imprevistos, já que permitem o resgate rápido.
Liquidez Mensal (D+30)
Quando um ativo apresentar resgate em D+30, o dinheiro só cai na conta após 30 dias da solicitação para retirar o valor.
Assim, fundos de investimentos mais agressivos costumam ter prazos para resgate em D+30. Isso acontece porque esses fundos arriscam mais ao investir em ativos menos líquidos, que são mais difíceis de se desfazer.
Liquidez no vencimento
Neste caso, o capital investido só retorna ao final do prazo de vencimento do investimento.
É o que acontece com títulos privados, como LCI, LCA e CDBs, que possuem regras mais rígidas para resgate antecipado. Assim, eles costumam apresentar um prazo maior de resgate ou até restringem para apenas no vencimento do contrato.
Porém, em contrapartida, tendem a pagar um prémio maior para o investidor, ou seja, a rentabilidade é maior que um ativo semelhante e que possui resgate imediata.
Liquidez Nula
Por fim, na liquidez nula, o investidor não sabe quando o dinheiro vai estar disponível na conta.
Isso é muito comum de acontecer com imóveis, já que o vendedor depende de fatores externos como a demanda de mercado e o interesse do comprador, o que pode demorar meses e até anos para ter o ativo transformado em caixa.
Liquidez nos investimentos
Ao investir em qualquer tipo de produto financeiro, o investidor deve levar em consideração o grau de liquidez do ativo.
Isso deve ser um pré-requisito a ser respeitado antes de escolher qualquer produto financeiro para investir.
Isso porque, a falta de cuidado ao considerar esses aspectos pode acarretar em frustrações ou até mesmo prejuízos ao investidor que desconhece essas informações.
Em termos de investimentos, as ações podem ser consideradas como ativos líquidos em sua essência.
No entanto, vale destacar que nem todas as ações apresentam o volume de negociação semelhante. Isso porque algumas delas são mais negociadas do que outras na bolsas de valores (B3)
Em outras palavras, elas atraem uma demanda maior de investidores interessados.
É possível identificar uma ação como líquida geralmente por meio do seu volume financeiro diário.
Para ilustrar, em 01 de dezembro de 2020, a Petrobras negociou um volume financeiro de 1,43 bilhões de ações na B3.
No mesmo dia, as ações de outra estatal, a Telebras, negociaram um volume financeiro de R$ 534 mil.
O que se pode concluir com isso é que se uma ação tem um alto volume de negociações, o preço que o comprador oferece pela ação e o preço que o vendedor está disposto a aceitar serão bastante próximos um do outro.
Então, os investidores não terão que abrir mão de ganhos para uma venda rápida, quando o ativo tiver grande volume de negociação, como no caso da Petrobras.
Por outro lado, quando o spread entre a oferta e a demanda cresce, o mercado fica menos líquido, como no caso da Telebrás.
Vale lembrar ainda que operar em mercados com pouco volume e negociação pode implicar no risco de fácil manipulação pelo mercado.
Sendo assim, é necessário que se construa uma carteira de investimentos que proporcione uma alta conversão em dinheiro na reserva de emergência, sem deixar de lado investimentos menos líquidos mas com potencial de rentabilidade maior.
Ou seja, deve-se pensar na construção de um portfólio que mescle produtos alinhados com os objetivos e necessidades do investidor.
Dessa forma, podemos perceber que esse critério gera inúmeros desdobramentos e consequências que demandam o máximo de atenção do investidor.
Sendo assim, os investimentos podem apresentar liquidez alta, média e baixa.
Investimento com alta liquidez
Investimentos líquidos em larga escala são aqueles que permitem ao investidor recuperar esse dinheiro na hora que desejar.
A poupança é o exemplo mais conhecido de investimento com alta liquidez.
Como ela tem o resgate em D+0, basta o investidor solicitar o resgate junto a instituição financeira e o dinheiro cai na conta, de forma quase que instantânea.
O mesmo vale para os títulos público, como o Tesouro Selic. Assim, o resgate pode ser diário, a depender do horário da solicitação do resgate, sem prejuízo de rentabilidade.
Então, precisamos reforçar que esses investimentos permite o resgate rápido do dinheiro mas sem perda significativa de valor.
Vale destacar ainda que essa questão desempenha um papel importante no que diz respeito ao aproveitamento de boas oportunidades.
Por isso, quem tem dinheiro em mãos pode sair na frente diante de oportunidades de investimentos.
Investimentos com média liquidez
Investimentos com média liquidez são ativos com a velocidade de resgate moderada. Desse modo, exigem do investidor uma certa paciência para resgatar o capital investido.
Dependendo do fundos de investimentos ele pode ser enquadrado nessa categoria, já que alguns deles só permitem o resgate em 30, 60 dias ou até em períodos mais longos.
É o caso de alguns fundos de investimentos como:
- Fundos multimercados;
- Cambiais;
- Fundos de ouro.
Investimentos com baixa liquidez
Os investimentos com baixa liquidez são vendidos com data para resgate que podem ultrapassar o período de um ano.
Sendo assim, uma vez aplicado, o investidor só poderá reaver esse dinheiro na data acordada no momento da compra.
Desse modo, exemplos clássico de investimentos com baixa liquidez são:
- Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
- Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
- Certificado de Depósito Bancário (CDB).
Além disso, os imóveis também apresentam essas condições, já que em condições normais pode levar anos para ser vendido. Por isso, muitos investidores preferem investir em ativos do mercado financeiro ao invés do mercado imobiliário.
Como avaliar a liquidez ao investir?
A análise da liquidez de um ativo é um fator essencial para qualquer decisão de investimento.
Já no que diz respeito aos investimentos, é importante observar qual o tempo para resgatar o valor investido em um ativo financeiro.
Em outras palavras, todo investimento apresenta uma determinada liquidez, sendo possível saber o prazo para resgate antes mesmo de aplicar o capital.
Em caso de ativos de renda fixa, a própria corretora ou instituição financeira fornece essas informações no momento da contratação.
Por outro lado, os fundos de investimento também apresentam prazo para resgate. Em geral, todas as informações relevantes constam na lâmina do fundo e podem ser consultadas por qualquer investidor.
Já as ações normalmente apresentam alta liquidez, pois basta o investidor vender seus ativos e converte-los em dinheiro.
Entretanto, as microcaps, são uma modalidade de ações que costumam ter baixo volume de negociações na bolsa, por isso, a conversão desses papéis pode ser baixa.
Dessa maneira, o ideal é adotar uma estratégia de diversificação da carteira de investimentos, com ativos com resgate imediato para situações de emergencia e outros com foco no longo prazo.
Isto é, para formar uma reserva priorize uma parcela dos investimentos em ativos com facilidade de resgate e segurança.
Assim sendo, se conscientizar sobre a conversão dos diversos tipos de ativos em dinheiro e como podem impactar em alguma situação de emergência. Ou seja, um momento no qual um capital em espécie precise ser disponibilizado em um curto espaço de tempo.
Restou alguma dúvida sobre a liquidez? Deixe abaixo nos comentários.
1. O que é uma empresa com liquidez?
Uma empresa com liquidez é aquela que possui uma boa capacidade de pagamento para fazer frente junto a suas obrigações, seja para dívidas no curto prazo ou no longo prazo.
A liquidez da empresa possui relação direta com sua solvência. Ou seja, ela é considerada “solvente” quando possui caixa suficiente para suportar suas despesas dentro dos prazos de vencimento.
2. O que é liquidez de ativos?
Liquidez é um conceito que corresponde à facilidade e a velocidade com as quais um ativo pode ser convertido em caixa. Em outras palavras, significa a capacidade de transformar um ativo (bens ou investimentos) em dinheiro.
3. Como analisar a liquidez seca de uma empresa?
A liquidez seca é dada pela seguinte equação: Liquidez Seca = Ativo Circulante – Estoques /Passivo Circulante.
Logo, se a liquidez seca for maior do que 1, a empresa possui capital disponível suficiente para arcar com as suas obrigações de curto prazo.
Por outro lado, se for menor do que 1, a empresa não possui capital adequado para suportar suas obrigações financeiras.
4. Quais os ativos de maior liquidez?
O título do Tesouro Direto, sobretudo o Tesouro Selic, também pode ser conceituado como um ativo de liquidez elevada.
Em geral, as ações também podem ser consideradas ativos com alta liquidez, já que com somente um clique o investidor consegue converter seu papel em dinheiro.
5. O que é liquidez D+0?
A liquidez D+0 significa que a aplicação financeira tem liquidez diária, logo pode ser resgatada a qualquer momento.
Bibliografia
http://www.cvm.gov.br
https://www.bcb.gov.br/
https://scielo.org/