Ontem morreu John Bogle aos 89 anos de idade.
Warren Buffett afirmou publicamente que ninguém contribuiu tanto para o benefício do pequeno investidor como o fez Bogle.
John Bogle foi o fundador do grupo Vanguard, uma gestora global que administra mais de U$ 5 trilhões em ativos.
Mas talvez sua maior inovação trazida ao mercado de capitais tenha sido a criação do primeiro fundo de índice (index fund), em 1975.
Os fundos de índice são fundos que buscam replicar o desempenho de um determinado índice de ações.
Além de fundos fechados que existem no mercado, é possível adquirir cotas também em bolsa de valores, os chamados ETF (Exchange Traded Funds).
Como não existe a figura do gestor que escolhe quais ações irão entrar ou sair da carteira, os ETF costumam cobrar taxas muito menores do que a média.
Bogle sempre foi um defensor do investimento de baixo custo diversificado em ações, principalmente nos Estados Unidos.
Seu argumento era muito simples, e foi exposto em seus livros: a maioria dos gestores não merece a remuneração que recebem, pois não conseguem gerar aos cotistas um desempenho acima da média após taxas.
A principal referência para o retorno médio das ações nos EUA é o S&P 500.
Desta forma, o investidor estaria mais bem servido caso tivesse apenas “comprado o S&P 500”, ao invés de colocar dinheiro na mão do gestor.
Ou seja, Bogle desenhou um produto que atendia justamente a esta finalidade, economizando assim bilhões de dólares da população americana e permitindo que investidores comuns conseguissem enriquecer no mercado de ações.
Quem comprou o S&P 500 fez um bom negócio nas últimas décadas.
De 1975 a 2018, o índice retornou 4,43% acima da inflação. Mesmo descontando a taxa de administração (o ETF mais barato da Vanguard cobra apenas 0,04% ao ano), o investidor conseguiria uma rentabilidade satisfatória.
Já aqui no Brasil, o case para os ETF não é tão óbvio assim.
O Ibovespa é extremamente concentrado em poucos nomes, geralmente grandes bancos e empresas de commodities. Mesmo outros índices mais equilibrados, como IBX-100, não estão livres deste viés.
O que ocorre é que existem pouquíssimas empresas listadas na bolsa em comparação com o tamanho da economia do Brasil. E se considerarmos somente empresas grandes com boa liquidez, o número não deve passar de 20.
Desta forma, não é raro encontrar gestores que conseguem superar o índice. Basta realizar pequenas variações em relação ao Ibovespa que a performance está garantida.
Além disso, os custos dos ETFs aqui são bem maiores do que nos EUA. Não existe um ETF da Vanguard de Ibovespa que cobra 0,04% ao ano. O ETF mais barato de Ibovespa disponível hoje cobra 0,3% ao ano.
A medida que o mercado brasileiro evoluir, convergindo para o estágio americano, e os índices forem mais abrangentes, os ETF muito provavelmente irão se tornar cada vez mais atraentes do que os fundos ativos.
Acreditamos, no entanto, que mesmo aqui ou nos EUA, existe uma opção de investimento ainda melhor do que comprar ETF ou fundos.
Escolher ações por conta própria.
Temos forte convicção de que a análise de ações individuais, quando bem realizada, tende a gerar retornos acima da média.
Vários nomes nas carteiras da Suno estão aí para comprovar.
Quando o investidor não precisa deixar na mesa boa parte da rentabilidade, fazer o “dever de casa” no mercado tende a compensar.
E se o investidor não tem tempo para isso, que procure uma casa de análises confiável.
Publicamos diversas recomendações de ativos, tanto locais quanto estrangeiros. Te convido a conhece-las.