Jesse Livermore: o maior especulador da história (Parte II)

Ontem, introduzi a primeira parte da história de Jesse Livermore, considerado um dos maiores nomes da história das atividades especulativas. Hoje, portanto, darei prosseguimento, e amanhã trarei uma terceira parte para concluir a série.

A primeira grande perda de Livermore como um especulador profissional

Numa segunda-feira, antes da abertura do mercado, Livermore colocou ordens para fazer uma operação de short. Jesse estava muito alavancado e com pouco espaço para erros. No entanto, suas ordens não foram executadas no preço que ele havia imaginado. Com isso, acabou perdendo tudo que possuía em poucas horas.

Aos 23 anos, Jesse estava sem nada. E pior: estava devendo 500 dólares.

Hutton – cofundador da corretora Harris, Hutton & Company – se ofereceu para creditar sua conta com US$ 1.000, mas Jesse recusou a oferta. O especulador sentia que não estava preparado para jogar nas primeiras divisões e, assim, resolveu voltar para os amadores, onde sabia que podia vencer.

Entretanto, todos os bucket shops de Nova York haviam fechado. Como ele estava banido de todos os existentes em Boston, resolveu ir para St. Louis utilizando outro nome.

Livermore voltou ao jogo que conhecia, fazendo US$ 2.800 em apenas dois dias. Porém, no terceiro dia, ele foi reconhecido na região. Banido dos bucket shops locais, teve de retornar a Nova York. Lá, pagando suas dívidas, ainda sobraram cerca de dois mil dólares para suas atividades.

Nos anos seguintes, Jesse buscou estudos, pagou suas contas e, aos 28 anos, acumulou um patrimônio de US$ 100 mil.

O primeiro grande feito de Jesse Livermore

Enquanto estava de férias em Palm Beach, ele decidiu abrir um short contra a Union Pacific. Foi aumentando sua operação ao longo de dois dias. Ela tomou grandes proporções, fazendo com que Jesse voltasse para Nova York para melhor monitorá-la.

Durante sua operação, um terremoto atingiu San Francisco. No desastre, 375 pessoas morreram e outras 277 mil ficaram desabrigadas. Diante disso, Livermore estava convencido de que o acontecimento derrubaria o mercado em seu favor.

Assim, ele aumentou mais ainda suas posições de short. Num primeiro momento, o mercado pareceu não se abalar, mas, alguns dias depois, finalmente aconteceu o que Livermore esperava. Ele encerrou sua operação com ganhos de US$ 250 mil, equivalentes a mais de US$ 6 milhões nos dias de hoje.

Ele decidiu se afastar um pouco do mercado e aproveitar seu primeiro grande feito. No entanto, Jesse não conseguiu passar muito tempo longe. Era como um vício. Logo ele voltaria a realizar suas operações de short.

Depois de muitas grandes perdas, ele viu rapidamente 90% de seu patrimônio evaporar. Ele sabia que havia cometido alguns erros e, ao avaliá-los, considerou que estava na posição correta, mas realizou seus movimentos em instantes inadequados.

Não demorou muito para que recuperasse o que havia perdido, por meio de novas operações de short. Livermore conseguiu acumular, em poucos meses, a soma de US$ 750 mil.

Após grandes ganhos e grandes perdas, vieram ganhos ainda maiores

Em 1907, houve uma tentativa de tomada do controle da United Copper, que estava associado a um esquema de manipulação do mercado. A tentativa falhou, levando as ações de US$ 60 para US$ 10 em poucos dias.

Jesse estava em uma operação de short com os papeis da United Copper, acumulando um ganho de US$ 1 milhão. Ao final de 1907, antes de seu trigésimo aniversário, Livermore havia acumulado um patrimônio de US$ 3 milhões.

Novamente, não conseguiu se afastar do mercado, decidindo, desta vez, fazer trades de commodities. Para isso, se mudou para Chicago.

Seu primeiro movimento foi no algodão, onde acumulou uma grande posição, gerando lucros próximos a US$ 2 milhões. Isso lhe conferiu um status lendário, bem como um novo apelido: O Rei do Algodão.

Em meados de 1908, retornou a Nova York com US$ 5 milhões em sua conta.

A amizade com Teddy Price, um famoso especulador de algodão

Seu sucesso no algodão atraiu Teddy Price, um dos especuladores de algodão mais famosos e respeitados no mundo. Price queria montar uma sociedade na qual ele forneceria informações pertinentes e Jesse faria as operações. No entanto, o especulador recusou a ideia.

Apesar de não estar interessado em uma parceria, Jesse não se importou de desenvolver uma amizade. Price se tornou muito próximo dele. Além disso, o conhecimento de Price sobre as commodities seduziu e cativou Livermore.

Jesse era um ótimo leitor dos movimentos do mercado, de tal modo que os conhecimentos de Price acerca dos fundamentos das commodities não tinham importância para sua atividade. No entanto, eram conhecimentos tão interessantes que Jesse se deixou levar pela opinião de Price.

Convencido de que não poderia saber mais que Price, Jesse saiu da posição de bearish (quem está acreditando na queda), indo para o lado bullish (quem está acreditando na alta), onde se encontrava Teddy. Rapidamente, Livermore acumulou uma grande posição no algodão.

Jesse possuía uma boa quantidade de trigo, que vinha mostrando bons lucros. Ignorando suas próprias regras, as quais passou anos desenvolvendo, resolveu vender o trigo e aumentar a posição de algodão.

O especulador realizou, certa vez, a seguinte reflexão: “Sempre venda o que mostra uma perda e mantenha o que te dá lucros. Isso era tão obviamente a escolha mais sábia a se fazer e tão comum para mim, que ainda me espanto por ter feito o contrário”. Jesse desobedeceu às próprias regras que criara.

Quer saber o resultado dessa desobediência, o desfecho da história de Jesse Livermore e as lições que tirei a partir dela? Este será o assunto do Suno Call de amanhã, portanto, não perca.

ACESSO RÁPIDO
Tiago Reis
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