Suno Artigos

ITCMD: saiba o que é e quem precisa pagar o imposto sobre doações e heranças

imagem de uma moeda de um real em cima de uma nota de 50 reais falar abordar o ITCMD

Dentro da estrutura fiscal brasileira, existe uma infinidade de impostos e tributos diferentes para cada situação. Entre eles está o ITCMD, que frequentemente passa despercebido pela maioria das pessoas.

O ITCMD é um imposto cobrado sobre doações e heranças. Por isso é fundamental conhecê-lo para fazer um bom planejamento sucessório a fim de reduzir as preocupações em relação ao patrimônio dos herdeiros.

Neste artigo, explicaremos o que é o ITCMD, como ele funciona e quais são as alíquotas praticadas pelos Estados brasileiros, além de abordar mudanças recentes e estratégias para otimizar sua aplicação.

O que é ITCMD?

O ITCMD, sigla para Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, é um imposto de competência estadual que incide sobre a transmissão gratuita de bens e direitos. É cobrado sobre doações, transmissões de bens e demais tipos de distribuições não onerosas — como ocorre em um processo de herança, por exemplo.

Dessa forma, ele é aplicado em duas situações principais:

Logo, sempre que um bem é repassado a outra pessoa sem nenhuma cobrança (ou seja, diferentemente de uma venda), esse imposto pode incidir sobre o valor do bem ou direito transmitido. Por isso, o ITCMD costuma ser conhecido como imposto sobre doações e heranças.

Assim, esse tributo é cobrado, de forma geral, sempre que ocorre a transmissão não onerosa de bens e direitos de uma pessoa para outra.

Contudo, esse imposto é regulamentado pelo Código Tributário Nacional (CTN), mas cada estado brasileiro possui autonomia para definir as alíquotas e regras específicas. Por isso, o ITCMD pode variar significativamente entre as unidades da federação.

Como funciona o ITCMD?

O ITCMD é aplicado em diversas situações, desde a transmissão de um imóvel por herança até a doação de valores em dinheiro. O imposto possui uma função fiscal e tem a finalidade de arrecadar recursos para os Estados. Assim, a incidência do ITCMD ocorrer sobre o valor de venda (venal) da transmissão de qualquer bem ou direito em dois cenários:

A cobrança do ITCMD pode ocorrer na transmissão “causa mortis”, isto é, quando há morte de alguém com inventário de bens a serem distribuídos para herdeiros. Desse modo, o contribuinte do ITCM são os herdeiros ou o legatário.

Logo, em caso de herança, o pagamento cabe aos herdeiros que recebem os bens descritos no inventário. Além disso, a cobrança do ITCMD pode ser feita tanto de quem recebe uma doação ou quem doa.

Vale notar que é possível fazer um planejamento de herança, por meio da sucessão patrimonial, além de organizar os bens e direitos a serem distribuídos entre os herdeiros ainda em vida pelo seu proprietário. 

Quando é cobrado?

A incidência do imposto ocorre em:

Quem deve pagar?

Geralmente, o herdeiro ou donatário é o responsável pelo pagamento do ITCMD. No caso de heranças, o imposto deve ser quitado antes da partilha dos bens. Em doações, cabe ao donatário (quem recebe o bem) realizar o recolhimento.

Como o ITCMD é calculado?

O cálculo do ITCMD é baseado no valor venal (valor de mercado) do bem ou direito transferido e na alíquota aplicada pelo estado. Em geral, os Estados adotam alíquotas entre 2% e 8%, que podem ser fixas ou progressivas. 

Por exemplo, um imóvel avaliado em R$ 500.000 em São Paulo, onde a alíquota é de 4%.

ITCMD = 500.000 × 0,04 = R$20.000

Qual é a alíquota do ITCMD?

No Brasil, a alíquota do ITCMD costuma variar entre 2% e 8% sobre o bem transmitido. Isso acontece porque a cobrança é diferente para cada Estado brasileiro. Enquanto algumas localidades utilizam alíquotas fixas, outras adotam taxas progressivas, que aumentam de acordo com o valor do bem ou direito. Por exemplo, na Bahia, a alíquota é superior conforme menor o grau de parentesco.

O Estado baiano já chegou a cobrar alíquotas de 25%. Mas uma resolução do Senado Federal colocou como teto da cobrança 8%. A resolução, feita em 1992, deixa a responsabilidade de definição da alíquota com cada Estado.

Cabe ressaltar que a cobrança do ITCMD é máxima em apenas cinco Estados. Contudo, na maioria dos casos o imposto é progressivo. Dessa forma, essa taxa cai quanto maior for a herança.

Já o imposto de doação costuma ter alíquotas menores. Em diversos Estados a doação para instituições que promovam programas de assistência social e educação é isenta.

Além disso, a reforma tributária trouxe isenção do ITCMD para doações destinadas a instituições sem fins lucrativos com finalidade de relevância pública e social, incluindo organizações assistenciais, beneficentes e religiosas.

A seguir, confira a tabela de aíquotas do ITCMD por estado em 2024, apuradas em 15 de julho.

Estado Alíquota por causa mortisAlíquota por doação
Bahia4% a 8%3,50%
Minas Gerais5%5%
Rio de Janeiro4% a 8%4% a 8%
São Paulo4%4%
Fonte: E-Investidor 

Cálculo do ITCMD

Entender como o ITCMD é calculado na prática é fundamental para evitar erros e planejar melhor as finanças. O cálculo do imposto pode parecer complexo à primeira vista, mas ele segue uma fórmula simples: 

Valor do bem ou direito transmitido X Alíquota do estado = Valor do Imposto

Abaixo, veja exemplos que ajudam a visualizar como o imposto é aplicado e como os valores podem variar dependendo das circunstâncias e do estado em que ocorre a transmissão.

Cálculo do ITCMD para herança

Imagine que você herda um imóvel avaliado em R$ 500.000 no estado de São Paulo, onde a alíquota do ITCMD é fixa em 4%. O cálculo funciona da seguinte forma:

Nesse caso, o herdeiro deverá recolher R$ 20.000 de ITCMD para regularizar a transmissão deste imóvel.

Cálculo do ITCMD para doação

Agora, considere uma doação de R$ 100.000 em dinheiro feita no estado de Minas Gerais, onde a alíquota do ITCMD é fixa em 5%. O cálculo segue o mesmo princípio:

Nesse cenário, o donatário terá que pagar R$ 5.000 de imposto para formalizar a doação.

Esses exemplos mostram como as alíquotas estaduais impactam o valor final do ITCMD. Enquanto o valor do bem ou da doação é um dado fixo, a alíquota aplicada varia significativamente de estado para estado, podendo ser fixa ou progressiva. Por isso, verifique a legislação local antes de qualquer transmissão de bens ou direitos.

ITCMD e planejamento sucessório

Planejar a sucessão patrimonial pode reduzir significativamente os impactos do ITCMD para os herdeiros. Por isso, é importante incluir esse imposto no planejamento patrimonial e sucessório com antecedência. Algumas estratégias comuns incluem:

  1. Doações em vida: distribuir bens aos herdeiros antes do falecimento pode ser uma forma de diluir a carga tributária.
  2. Criação de holdings familiares: estruturas jurídicas que permitem a centralização e administração de bens familiares, reduzindo a incidência de impostos.
  3. Testamento: auxilia na organização da divisão dos bens, garantindo uma distribuição eficiente e alinhada com as vontades do titular.

Quem é isento do ITCMD?

Embora o ITCMD seja obrigatório na maioria das transferências por herança ou doação, existem situações específicas em que o imposto não é cobrado. Essas isenções visam atender a situações de menor impacto financeiro ou beneficiar determinados grupos ou instituições, variando de acordo com as legislações estaduais.

Vale ressaltar que cada estado brasileiro possui regras próprias sobre quem pode se beneficiar das isenções do ITCMD. Por isso, é necessário consultar a legislação vigente no local onde o bem ou direito está registrado.

Além disso, um advogado especializado em direito sucessório ou um contador pode ajudar a identificar isenções aplicáveis, além de orientar sobre como realizar o processo de forma eficiente e sem erros.

Como é o ITCMD no Brasil?

O ITCMD é uma ferramenta dos Estados arrecadarem, isto é, um imposto exclusivamente fiscal. Como uma forma de aumentar a arrecadação, em 2015, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) enviou um pedido ao Senado para aumento do ITCMD.

Logo, essa foi a principal iniciativa para aumento da taxa nos últimos anos. O pedido foi assinado por Secretarias de Fazenda de 18 Estados. O documento pedia o aumento do teto da alíquota para 20%.

Mesmo assim, alguns Estados que vinham aplicando alíquotas menores têm estudado aumentar as alíquotas do ITCMD. Para evitar grandes obrigações tributações, é recomendado planejar a sucessão patrimonial.

Entretanto, em algumas situações, pode ocorrer a isenção do ITCMD. Nesse caso, a isenção para doações é uma forma de estimular o apoio a instituições sem fins lucrativos.

Em diversas federações a doação para instituições que promovam programas de assistência social e educação é isenta.

Em 2024, a reforma tributária estabeleceu a obrigatoriedade de alíquotas progressivas para o imposto, com limite máximo de 8%, visando uma tributação mais justa e proporcional ao valor do patrimônio transmitido.

Como é o ITCMD em outros países?

A tributação sobre heranças e doações varia significativamente ao redor do mundo. Em países como os Estados Unidos, as alíquotas podem chegar a 40%; na Alemanha, a 50%; e na França, a 60%. Essas diferenças refletem as políticas fiscais de cada país e a forma como encaram a transferência de patrimônio entre gerações.

Por isso, uma vez que o imposto sobre herança e doação em alguns países têm diferenças, é preciso entender como essas variações ocorrem.

No Brasil, a alíquota do ITCMD é fixa. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, ela varia todo ano, podendo chegar a níveis altíssimos.

Por exemplo, a cobrança mais alta da taxa no país, foi entre 1941 e 1976, quando o imposto sobre herança chegou a 77%.

Além disso, em 2013 o Japão fez uma reforma e colocou o teto da cobrança do ITCMD em 55%, no máximo. Na reforma, o país diminuiu o limite de isenção e aumentou o imposto.

Portanto, é preciso entender a dinâmica dos diferentes países em relação a esse imposto, pois cada deles cobram de uma forma distinta em relação à sucessão patrimonial.

Conclusão

O ITCMD é um imposto para transmissões de bens por herança ou doação, e seu impacto financeiro pode ser significativo dependendo do estado e do valor envolvido. Entender como o imposto funciona, quem deve pagá-lo e quais estratégias podem minimizar seu custo ajuda a construir um bom planejamento patrimonial.

Seja ao herdar um imóvel ou ao realizar uma doação, contar com o suporte de profissionais especializados, como advogados e contadores, é a melhor forma de garantir a conformidade tributária e evitar surpresas.

Ficou alguma dúvida sobre o ITCMD? Deixe nos comentários abaixo.

Sair da versão mobile