Em um contexto empresarial, a ideia de inovação disruptiva deve estar presente a cada momento dentro de um modelo organizacional.
Mesmo diante dessa extrema necessidade nos dias atuais, muito gestores, fornecedores, clientes e até mesmo investidores se esquecem de dispor uma importante atenção ao conceito de inovação disruptiva.
O que é inovação disruptiva?
O conceito de inovação disruptiva caracteriza-se por se referir a uma tecnologia cuja aplicação afeta direta e significativamente a maneira de, até então, se gerir e operacionalizar determinado mercado.
Um exemplo claro desse tipo de fenômeno moderno nos últimos tempos é a internet, que alterou significativamente a forma como as empresas realizam negócios entre si.
Por consequência, puniu severa e negativamente as empresas que não se dispuseram a adotá-la como um meio de execução em seus projetos.
Neste sentido, entretanto, é importante que se fique claro que a inovação disruptiva é diferenciada de uma tecnologia disruptiva na medida em que se concentra no uso da tecnologiaem vez do foco no desenvolvimento da própria tecnologia em si.
É comum, ainda, que se veja especialistas referenciando-se a esse tipo de fenômeno tecnológico classificando-o em dois tipos.
Sendo que as tecnologias sustentáveisforam denominadas como aquelas que permitiram que uma empresa melhorasse suas operações gradualmente em um prazo previsível.
Essas tecnologias e a forma como foram incorporadas aos negócios foram projetadas, principalmente, para permitir que as empresas continuassem a serem competitivas ou, pelo menos, manterem um status quo.
Já as tecnologias disruptivas e a forma como são integradas – ou seja, as inovações disruptivas – foram mais desafiadores de se planejar e, por consequência, potencialmente mais devastadoras para as empresas que não se atentaram suficientemente a elas.
Introdução sobre a inovação disruptiva
Origem do termo inovação disruptiva
A origem deste termo que buscou explicar a inovação no mundo dos negócios é creditada ao professor da universidade americana de Havard Clayton M. Christensen.
Ele elaborou a teoria como forma de exemplificar o ciclo de vida das empresas do mundo capitalista.
Segundo ele, as empresas passam por um processo de crescimento, até atingirem margens altas e estáveis.
Então, as empresas podem gozar dessa alta lucratividade durante um certo período de tempo.
Esta lucratividade acima da média dura até a ocorrência de uma inovação disruptiva.
Estas inovações tipicamente oferecem produtos melhores, mais simples, e mais baratos. Além disso, estes produtos também apresentam margens de lucros menores para os seus fabricantes.
Isto, segundo Christensen, faz com que as empresas que antes dominavam o mercado tenham que se reinventar para continuar com os seus negócios.
O cunhador do termo ainda pontoou as principais características deste fenômeno cada vez mais presente na economia moderna.
Segundo ele, as características mais comuns a este processo são:
- Margens de lucro comprimidas
- Simplificação do produto
- Mercado consumidor específico
Margens de lucros menores
As inovações tendem a oferecer os produtos a custos menores como forma de conquistar market share.
Produtos oferecidos a preços menores, obviamente, acarretam em margens de lucros também mais baixas.
Imagine, por exemplo, que uma receita de R$ 100 mil. Uma empresa com margens altas, pode ter como lucro R$ 20 mil, e, portanto, uma margem líquida de 20%.
Agora, uma empresa que venda seus produtos a preços mais baixos, terá, consequentemente, um lucro mais baixo. Se a empresa tiver um lucro de R$ 5 mil, considerando a receita de R$ 100 mil, a margem líquida será de apenas 5%.
Ainda, se os produtos forem de qualidade igual, o público passará a consumir os oferecidos pelos menores preços.
Justamente por isto as empresas com maiores margens tendem a enfrentar problemas com inovações disruptivas.
Simplificação do produto
Muitas vezes o processo de inovação disruptiva se dá por uma simplificação do produto oferecido.
Essas simplificações apresentam o potencial de barretear o custo do produto ou de tornar a experiência do usuário melhor.
Por isso muitas vezes mudanças básicas, mas que simplificam os produtos, acabam trazendo grande impacto a uma indústria.
Mercado consumidor específico
As inovações costumam focar em um consumidor específico que é mal atendido pelas empresas tradicionais.
Ao focar nesse tipo de consumidor, a companhia inovadora pode encontrar um mercado menos competitivo.
Inovações na era da internet
Como mencionado, a internet foi disruptiva porque não era uma interação de uma tecnologia anterior, ou seja, era algo novo que criava modelos únicos para se fazer negócios que não existiam antes.
Obviamente que isso criou perdas para outros modelos de negócios.
Um exemplo clássico da inovação disruptiva da internet sendo desencadeada foi a reestruturação da indústria de venda de livros.
As grandes livrarias, no início da década passada, perderam bastante mercado para a Amazon pois esta pôde, através da internet, exibir seu inventário sem ter que possuir uma loja física em cada cidade e depois enviar o livro para a casa do comprador.
É interessante destacar, ainda, que no âmbito dos investimentos, a aplicação em uma conjuntura tecnológica dessa natureza pode ser uma tarefa um tanto quanto desafiadora, haja vista que isso exige que um investidor se concentre em como as empresas adotarão uma tecnologia disruptiva, em vez de se concentrar no desenvolvimento da própria tecnologia.
Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos, já declarou que o setor de tecnologia não o agrada tanto quanto outros devido as muitas peculiaridades, muitas vezes imprevisíveis.
Empresas como Amazon, Google e Facebook são exemplos de companhias que se concentraram na Internet como uma tecnologia disruptiva.
A internet tornou-se tão arraigada no mundo moderno que as empresas que não conseguiram integrar aos seus conceitos em seus modelos de negócios foram e vem sendo automaticamente “afastadas” do mercado.
Ainda, a Inteligência Artificial e seu potencial para aprender com funcionários e desempenhar seus trabalhos podem ser um tipo de inovação dessa natureza bastante representativa para o mercado de trabalho como um todo no futuro próximo.
O desenvolvimento da sociedade
A inovação disruptiva muitas vezes é recebida com críticas por algumas pessoas.
Muitos acusam estas inovações de causarem desempregos e prejudicar o bem-estar social.
No entanto, a verdade é que estas inovações são um propulsor para o desenvolvimento da sociedade.
A história de evolução humana passa pela existência de inovações, muitas vezes uma sobrepondo-se a outra, e causando cada vez mais produtividade.
Ainda, as inovações ao tornarem produtos mais baratos e acessíveis à população causam também a inclusão de novas pessoas ao mercado consumidor.
Isto, por fim, contribui para o desenvolvimento da economia de um país. Não por acaso as nações mais desenvolvidas costumam ser as que apresentam também o maior grau de inovação.
Empresas disruptivas
Seja por focar em um nicho específico de consumidores, por simplificação do produtos, por novas tecnologias apresentas ou por elevar a experiência do consumidor, todos os casos apresentados a seguir foram inovadores.
Por isto, essas companhias podem ser consideras empresas disruptivas.
Serão analisados alguns deles, citando os motivos de serem considerados exemplos de inovação disruptiva e quais indústrias eles revolucionaram.
- Apple
- Aplicativos de táxi
- Uber
- Airbnb
- Wikipedia
- Netflix
Exemplos de Inovação disruptiva
Apple
A Apple é uma companhia que apresenta o DNA de uma empresa disruptiva.
Esta filosofia da companhia pode ser sintetizada na frase do seu fundador e ex-ceo, Steve Jobs: “As pessoas não sabem o que elas querem até que você mostre a elas”.
E assim, seguindo a filosofia pregada na frase acima, a empresa ganhou renome por criar novos mercados.
As pessoas, por exemplo, não sabiam que desejavam um smartphone, até a Apple lançar o iPhone e outros smartphones irem ao mercado.
Hoje em dia é possível afirmar que poucas pessoas imaginam a sua vida sem a presença de um smartphone.
É Apple é um caso peculiar de empresa disruptiva, pois conseguiu um feito que poucas companhias conseguiram: inovar mais de uma e vez e em mercados diferentes.
A primeira grande inovação da empresa se deu na criação de computadores pessoais.
Os antigos computadores eram enormes, caros, e complicados de usar. Eles não eram feitos pensando no cidadão comum.
É Apple então desenvolveu o Macintosh, um dos primeiros computadores pessoais do mundo.
O Macintosh foi, inclusive, a base para a criação dos sistemas operacionais conhecidos hoje, como o Windows e o Mac OS.
A grande inovação da Apple, porém, foi no mercado de celulares.
O iPhone ao ser lançado revolucionou os mundos dos celulares, e até hoje todos os celulares mais vendidos possuem características semelhantes ao primeiro iPhone lançado.
As principais inovações foram a respeito da tela 100% touchscreen, da funcionalidade semelhante ao iPod e de um navegador de internet completo.
Mesmo assim, muitos competidores duvidaram que o iPhone teria alguma chance de fazer sucesso, entre eles, o CEO da Microsoft no período, Steve Ballmer, conforme você pode ver no vídeo abaixo.
Aplicativos de táxi
Os aplicativos de táxi se encaixam na categoria de inovação por simplificação.
Para pedir um táxi as pessoas precisavam ir para a rua para aguardar um carro passar, ou se dirigir a um ponto de táxi.
Os aplicativos de táxi desenvolveram uma simplificação de a pessoa poder solicitar um carro de onde estiver, além da facilidade de pagamento com o cadastramento de cartões de crédito.
Vale lembrar que previamente à existência desses aplicativos ocorreu o aparecimento do serviço de tele táxi.
Através do tele táxi o indivíduo já podia solicitar o táxi para um local específico. No entanto, isto envolvia ficar muitos minutos no telefone para pedir um carro, e ainda mais tempo aguardando o carro chegar.
Portanto, os aplicativos representaram uma clara simplificação que praticamente acabou com o negócio do tele táxi.
Uber
Algo curioso a respeito dos serviços de aplicativos de táxi é que eles já observam o seu mercado sendo ameaçado pela Uber.
A Uber oferece um serviço de caronas através de carros particulares.
Isto torna o processo menos custoso para os motoristas, pois eles não precisam pagar as taxas que envolvem o licenciamento de táxi.
E então parte dessa economia é direcionada ao cliente, que obtém um serviço mais barato.
Airbnb
O Airbnb foi mais uma inovação de software que chacoalhou uma indústria tradicional e já centenária.
Ao permitir que as pessoas ofereçam suas casas para viajantes o Airbnb ameaça diretamente a indústria hoteleira.
Tudo isso apenas através de um software que une pessoas que desejam um local para ficar com pessoas que dispõe de locais para alugar.
Ao retirar grandes intermediadores da operação, como as redes hoteleiras, o Airbnb permitiu um menor custo.
Ainda, permite que muitas pessoas aluguem seus espaços com um grau de facilidade bastante elevado.
Wikipedia
A venda de enciclopédias era um negócio de escala considerável e bastante lucrativo.
Não é incomum pessoas mais velhas possuírem as famosas enciclopédias vermelhas em casa.
Isto, porém, durou até o avanço da internet como meio de comunicação.
Com o surgimento da Wikipedia, deu-se início a uma forma muito mais efetiva de se compartilhar informações.
As pessoas não mais precisariam comprar enciclopédias completas para utilizarem caso precisassem pesquisar por determinado tema.
Com a Wikipedia basta uma busca no Google (uma outra empresa disruptiva) para se obter um resultado de uma pesquisa.
Obviamente, esta inovação não trouxe somente benefícios. Muitas pessoas questionam a qualidade de alguns artigos da Wikipedia, embora já tenha demonstrado evolução neste aspecto.
Netflix
O Netflix, que inclusive é uma companhia listada na bolsa de valores, ameaçou e tirou espaço de mais de uma indústria tradicional.
Ao oferecer filmes e séries em streaming, e a comodidade para o seu cliente de não ter de sair de casa, a companhia atacou simultaneamente:
- As redes de locadoras de filmes
- Os cinemas
- As redes de TV a cabo
Ainda, levando em conta que a companhia se tornou também uma produtora, pode-se dizer que ela ameaça boa parte da indústria de audiovisual.
Muitos diretores renomados, inclusive, tem se dedicados a projetos a serem lançados no Netflix em detrimento a projetos da indústria tradicional de cinema.