Para quem pretende juntar um capital e vê-lo multiplicar-se ao longo do tempo, ter um guia de investimentos e saber as características básicas dos principais ativos disponibilizados no mercado financeiro brasileiro é de fundamental importância.
Menos de 1/5 da população brasileira tem o hábito de poupar regularmente, e dessa parcela, uma fração ainda menor, investe seu dinheiro. Por isso, é importante seguir um guia de investimentos para dar os primeiros passos nessa jornada.
3 passos antes de começar a investir
De fato, antes de simplesmente alocar o seu dinheiro, é preciso fazer algumas preparações importantes. Os 3 principais passos antes de começar a investir são:
- Estabeleça objetivos e metas;
- Descubra qual o seu perfil de investidor;
- Determine um valor mensal para investir.
1. Estabeleça objetivos e metas financeiras
Primeiramente, o que todo investidor deve fazer é traçar suas metas e objetivos com os investimentos. Assim, sua direção ficará muito mais clara. Esse é um importante passo de investimento para iniciantes.
Por exemplo: investir para comprar um imóvel; para se aposentar antes dos 60 anos; para gerar uma renda passiva de R$ 2 mil por mês, etc.
Dessa forma, será possível saber o prazo dos seus investimentos, uma vez que existem objetivos de mais curto prazo e outros com um prazo mais prolongado.
Além disso, o investidor conseguirá entender melhor em quais ativos ele deve investir. Por exemplo: se ele quiser investir por mais tempo, alocar seu capital em ações torna-se uma opção benéfica devido aos juros compostos.
Por outro lado, se o objetivo for de muito curto prazo, como uma viagem, é melhor colocar o dinheiro em ativos menos voláteis. Dessa forma, é mais fácil organizar suas metas financeiras.
2. Descubra qual o seu perfil de investidor
Em segundo lugar, é preciso entender qual é o seu perfil de investidor – ou seja, o quão adaptado o investidor está com ativos mais arriscados e voláteis. Isso vai definir os tipos de investimentos de cada um.
Por exemplo: existem pessoas que não suportam ver seu patrimônio perdendo valor. Para esses casos, pode ser mais interessante colocar uma maior porção do seu dinheiro em renda fixa.
Por outro lado, alguns investidores têm um apetite maior ao risco e, com isso, podem colocar mais dinheiro em ativos considerados arriscados, como ações, fundos imobiliários e fundos de ações.
Entretanto, vale lembrar também que a volatilidade da renda variável não é exatamente um risco. No longo prazo, esses ativos tendem a performar melhor e as quedas podem se apresentar como boas oportunidades de compra.
No entanto, cada um tem seu perfil de investidor e deve se conhecer, seguindo o seu perfil e entendendo os pontos positivos e negativos de suas escolhas.
3. Determine o valor mensal para investir
De fato, um erro muito comum que investidores que querem saber como começar a investir seu dinheiro é não determinar um valor mensal para investir.
Isso faz com que muitos investidores deixem de lado seus objetivos com o tempo.
Portanto, vale a pena separar um valor fixo para investir todo mês. Caso o investidor empreenda e tenha ganhos variáveis, pode-se estipular um valor percentual para facilitar as contas.
Dessa forma, há uma previsibilidade de investimentos e o investidor poderá ver seu patrimônio crescendo a cada mês. Essa é uma importante técnica de investimento para quem tem pouco dinheiro.
Isso é um grande incentivo e, além disso, permite que a volatilidade dos ativos de renda variável fique um pouco menor. Afinal, o investidor alocará um pouco de capital nos momentos de alta, mas também nos momentos de baixa.
Um erro muito comum é o de investir altas quantias de capital de uma vez e não investir por meses depois disso. É possível seguir essa estratégia, mas complementar o aporte inicial com aportes mensais é melhor ainda.
Quais são os principais investimentos em renda fixa?
O conceito de renda fixa, basicamente, se faz pelo fato de o investidor conseguir ter uma boa noção, no momento da aplicação financeira, do rendimento que esse investimento terá no final do prazo estabelecido, ou seja, no momento do seu resgate.
Geralmente essa classe de ativos é considerada por muitas pessoas como sendo mais segura e conveniente. Sendo assim, esse tipo de ativo é bastante utilizado pela grande maioria dos investidores em nosso país.
Dentre os tipos de ativos classificados como investimentos de renda fixa, podemos comentar bem superficialmente as características de alguns deles, sendo geralmente atribuídos como os mais conhecidos e utilizados pela população brasileira como um todo.
Poupança
A poupança é o investimento mais popular do Brasil, onde o investidor literalmente empresta dinheiro para o Governo a juros relativamente baixos, através de um banco, para financiar o setor imobiliário e agrícola.
Dentre suas principais vantagens estão a característica de ser um investimento isento de Imposto de Renda. Também apresenta alta liquidez e garantia pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para uma quantia de até R$ 250 mil.
Sua desvantagem é o fato dessa aplicação apresentar uma rentabilidade muito baixa. Apesar do baixíssimo risco, existe a remota possibilidade de a instituição financeira vir a quebrar ou o governo intervir e bloquear a quantia aplicada.
Certificado de Depósito Bancário (CDB)
Estes são títulos de crédito emitidos por instituições bancárias, os quais o investidor empresta dinheiro para os bancos para captação para os mesmos.
Seus pontos positivos são sua alta liquidez, além da garantia de até R$ 250 mil pelo FGC e sua rentabilidade histórica muito acima da poupança.
Já como pontos negativos estão o fato de existir o risco do banco emissor do CDB em questão vir a quebrar no caso de o valor investido ser maior que o assegurado pelo FGC.
Letra de Crédito Imobiliário (LCI)
Estes ativos têm como características serem títulos de crédito de emissão privativa de instituições financeiras que atuam na concessão de crédito imobiliário. Dessa forma, o interessado nessa aplicação empresta o seu dinheiro para que a instituição conceda crédito imobiliário para terceiros.
Os LCI’s apresentam isenção de Imposto de Renda, além de serem também garantidos em até R$ 250 mil pelo FGC. São uma boa alternativa de diversificação na carteira de quem investe.
Em contrapartida, apresentam o risco de a instituição financeira quebrar. Isso pode ser um empecilho para quem pretende investir acima de R$250 mil nesse tipo de ativo.
Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
Resumidamente, esses ativos são títulos de crédito emitidos exclusivamente por instituições que atuam na concessão de crédito a produtores rurais e cooperativas.
Assim como as LCI’s, as LCA’s também têm isenção de Imposto de Renda, assim como têm proteção pelo FGC e apresentam rentabilidades interessantes. Seus riscos se fazem no fato de a instituição financeira vir a quebrar quando investido valores acima do assegurado pelo FGC.
Títulos Públicos
Estes são títulos emitidos pelo Governo Federal por meio do Tesouro Nacional com a finalidade de captar recursos para financiar a dívida pública e as atividades como educação, saúde e infraestrutura.
Sua principal vertente é o Tesouro Direto. Neste artigo comentamos suas principais características, assim como custos, tributação, tipos de títulos e uma tabela atualizada de suas rentabilidades e vencimentos.
No geral, os Títulos Públicos apresentam uma rentabilidade muito superior à poupança, além de terem a reputação de títulos mais seguros do mercado, pois contam com a garantia do Governo Federal.
De maneira resumida, estes são os principais ativos que podem ser classificados como pertencentes à categoria Renda Fixa.
É fácil perceber que, apesar de terem rentabilidades não tão atrativas, o fato de apresentarem segurança conta muito na tomada de decisão de um investidor no momento de escolher em quais ativos aplicar seus recursos.
Debêntures
Resumidamente, as debêntures são títulos de dívidas emitidas por empresas não financeiras, ou seja, o investidor empresta dinheiro para as empresas financiarem suas atividades.
Como vantagens, as debêntures apresentam boas rentabilidades, grande variedade de emissores, assim como acompanhamento da área de análise das empresas.
Suas desvantagens se fazem perante o risco de a empresa quebrar e a sua baixa liquidez, ou seja, o risco do investidor não conseguir vender as debêntures ao preço desejado antes do vencimento.
Quais são os principais investimentos em renda variável?
Existem alguns investimentos em renda variável onde acreditamos que com a orientação correta e disciplina, as pessoas têm o maior potencial de ganhos no longo prazo.
Esse tipo de investimento se fundamenta no pilar de no momento da aplicação, o investidor não saber antecipadamente qual será o rendimento daquele investimento, ou ainda, se de fato haverá rendimento, isso porque o mercado de renda variável é cíclico, apresentando oscilações consideráveis ao longo do tempo.
Ações
Dentro da renda variável é um fato quase indiscutível que nenhum item tem mais destaque do que as ações.
As ações são um instrumento pelo qual empresas podem captar dinheiro no mercado para financiar suas atividades em através de um IPO, ou emissões.
Ao comprar uma ação você está se tornando sócio de um negócio, ajudando na sua construção e crescimento, o que por fim, acaba beneficiando toda a sociedade ao permitir que as empresas cresçam ao se tornarem companhias de capital aberto.
Isso aumenta o número de empregos, impostos, gerando riquezas e inovações para a humanidade como um todo.
Sem a venda de ações no mercado de capitais, gigantes como Google, Apple, Amazon e Microsoft provavelmente não existiriam como são hoje. Foi justamente a venda de ações que permitiu a essas empresas captarem os recursos necessários para crescerem.
Investindo em ações existem dois modos básicos de se ganhar: o primeiro e o mais simples deles é através da venda das ações por um preço acima daquele que você pagou quando comprou as ações inicialmente, é o ganho com a valorização.
Já o segundo modo é através do pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JSCP). Quando as empresas crescem e se tornam bastante lucrativas, elas podem distribuir parte dos seus lucros aos acionistas através desses proventos.
Assim é importante que ao investir em ações você sempre analise o potencial de crescimento daquele negócio, para garantir que no futuro você realmente ganhe com aquele investimento.
Lembre-se: investir em ações é se tornar sócio de um negócio, e você só quer se tornar sócio de bons empreendimentos.
Esse é o principal pilar de investidores que, como nosso mentor Luiz Barsi e ninguém menos que Warren Buffett, focam sua estratégia de investimentos no Value Investing
BDRs
Dentro das ações, existe uma categoria bastante interessante para o investidor que quer diversificar seus investimentos, alocando recursos em empresas estrangeiras de forma simples: são as BDRs.
As BDRs ou “Brazilian Depositary Receipts”, são ações de empresas estrangeiras com negociação na bolsa brasileira. Já temos aqui em nosso site um artigo bem completo onde abordamos essa modalidade de investimento e que recomendamos para todos os que queiram diversificar sua carteira de ativos com empresas estrangeiras.
Fundos Imobiliários
Apesar do investimento em imóveis ser um dos preferidos dos brasileiros, os fundos imobiliários ainda são desconhecidos de grande parte da população, inclusive de uma parcela dos investidores de ações.
Esses fundos funcionam quase da mesma forma que as ações, porém, com uma diferença: você se torna sócio de um empreendimento imobiliário.
Temos aqui em nosso site um guia completo a respeito dos chamados FIIs (Fundos Imobiliários), por isso não iremos nos alongar muito na explicação nesse artigo, mas caso você busque um alinhamento entre renda recorrente e segurança, os fundos imobiliários são uma alternativa bastante interessante.
Fundos de investimento
Os Fundos de Investimento são uma alternativa para aqueles que querem investir em renda variável, mas não sabem ou querem fazer todo o processo de construção e gestão de uma carteira de ativos.
Ao investir em um fundo, você está na verdade comprando uma cota de participação, essa cota se torna recursos que o gestor do fundo pode usar para investir de acordo com algumas regras pré-definidas para cada tipo de fundo.
De forma resumida, é como terceirizar a responsabilidade pelo processo de escolher e investir em bons ativos.
Assim, você ganha com a valorização da sua cota, à medida que o gestor do fundo faz bons investimentos, e em contrapartida, o gestor ganha através das taxas de administração e performance do fundo.
A taxa de administração é uma taxa fixa cobrada pela gestão do fundo para administrar os recursos investidos, (normalmente em torno de 2% ao ano), enquanto que a taxa de performance é uma porcentagem extra que o fundo recebe sempre que ele tem um desempenho superior a um benchmark.
ETFs
Os ETFs (Exchange Traded Funds) são um tipo especial de fundo de investimento.
Diferente de um fundo comum que investe em uma variedade de ativos segundo o que a sua gestão considerar mais adequado, os ETFs são fundos que seguem regras bem mais objetivas, replicando a composição de algum índice do mercado, como, por exemplo, o Ibovespa.
Uma das vantagens de se investir em ETFs é que ele permite mitigar riscos de investimento, uma vez que eles são compostos por diversos ativos.
Outra vantagem das ETFs em relação aos fundos convencionais é o fato de normalmente terem taxas muito menores para o investidor. Eles se tornam, assim, uma forma barata de diversificar sua carteira de investimentos.
Opções
Por fim, chegamos às opções ou derivativos.
Os derivativos são considerados como “a arma de destruição em massa do mercado de capitais” por Warren Buffett. Isso tem um motivo bem simples: seu elevado risco.
Existem dois tipos básicos de opções: as opções de compra (Calls) e as opções de venda (Puts).
As chamadas ou “Calls” permitem que você compre um determinado ativo por um preço preestabelecido em uma determinada data.
Ou seja, caso você tenha uma opção de compra que diz que você pode comprar uma ação da Petrobras por R$13,00, quando chegar o dia de vencimento dessa opção, você, caso queira, poderá comprar a ação por esse valor, independentemente do valor que a ação estiver sendo negociada naquele momento.
Da mesma forma, as opções de venda ou “Puts”, fazem o mesmo papel, porém no sentido de permitir que você venda um ativo a um preço predeterminado em uma data específica, independentemente do valor pelo qual aquele ativo esteja sendo negociado naquele momento.
É importante lembrar que esses são ativos extremamente voláteis, e que apesar de poderem ser usados em estratégias de proteção da carteira, também podem levar investidores à falência em curtíssimo prazo. Eles são um dos causadores da grande crise do mercado americano em 2008.
Por isso, é um tipo de investimento recomendado somente para investidores mais experientes.
Guia de investimentos: como começar a investir na prática?
Depois de entender mais a respeito de como funcionam as diferentes classes de ativos, é preciso entender como começar a investir na prática.
Primeiramente, é preciso ter um cadastro em uma corretora. Existem diversas opções no mercado, e muitas já são totalmente gratuitas para o investidor. Por isso, é importante pensar como escolher uma corretora.
Em seguida, o investidor deve enviar o dinheiro de seu banco para a corretora. Hoje em dia, essas transações já são mais baratas ou até mesmo gratuitas.
Depois disso, é preciso definir em quais ativos se vai investir e acessar o ambiente de negociações da corretora, também conhecido como home broker.
Lá, o investidor poderá comprar e vender ativos. Assim, ele faz a ordem de compra e espera seu valor ser debitado do saldo da corretora.
De forma geral, as corretoras fornecem dados sobre os investimentos, como rentabilidade dos ativos e composição do portfólio. Assim, fica mais fácil acompanhar o rumo dos ativos nos quais se investiu.
Por fim, ficou alguma dúvida no guia de investimentos? Deixe nos comentários abaixo para que possamos te ajudar.
Quais são os principais investimentos em renda fixa?
Os principais investimentos de renda fixa são: títulos públicos, certificado de depósito bancário (CDB), letra de crédito imobiliária (LCI), letra de crédito do agronegócio (LCA), debêntures e poupança.
Quais são os principais investimentos em renda variável?
Os principais investimentos de renda variável são: ações, fundos imobiliários, BDRs, fundos de investimentos, ETFs e opções.