Para quem possui certa familiaridade com o mercado financeiro e também com os mais diversos tipos de investimentos disponibilizados pelas instituições financeiras, é muito provável que, em algum momento, já tenham se deparado com o termo fundo cambial.
Entretanto, é comum que grande parte das pessoas ainda tenha certa incompreensão a respeito desse meio de aplicação e, por conta disso, uma argumentação em torno do tema em torno de um fundo cambial se faz interessante.
O que é fundo cambial?
Um fundo cambial é um tipo de fundo de investimentos que aplica, necessariamente, pelo menos 80% de sua carteira em ativos relacionados, diretamente ou sintetizados, via derivativos, à alguma moeda estrangeira, normalmente dólar ou euro.
Nesse sentido, o investidor se beneficia do movimento de alta da moeda estrangeira, ou tem perdas, caso haja desvalorização da moeda frente ao real.
Os 20% restantes do montante não aplicados em ativos em moedas estrangeiras são, normalmente, aplicados em títulos e operações de Renda Fixa mais conservadoras, para garantir, assim, uma rentabilidade estável no fundo. Além disso, aos fundos cambiais só é permitido usar derivativos para fins de proteção (hedge). a Alavancagem não é permitida.
Em geral, esse tipo de aplicação é recomendado como um meio de diversificação do portfólio de investimentos de uma carteira de aplicação, que geralmente atende a investidores com perfil de risco moderado, ou seja, com uma disposição média de exposição à riscos
Os investimentos em fundos cambiais tendem a preservar o poder de compra em moeda de outras nacionalidades ao longo do tempo. Portanto, esse tipo de investimento pode ser interessante, principalmente, para quem busca proteção contra desvalorização cambial..
Nesse sentido, investimentos em um fundo cambial em dólar ou fundo cambial em euro podem ser uma alternativa para empresas ou pessoas com dívidas em moeda estrangeira ou qualquer outro tipo de obrigação de longo prazo no exterior
Isso inclui pessoas que desejam fazer um intercâmbio ou uma viagem a lazer com a família, por exemplo.
Dessa forma, é possível afirmar, em outras palavras, que se especular em torno de fundos cambiais, de modo a se esperar altos retornos em curtos espaços de tempo não é uma atitude recomendável.
Nesse caso, um opção mais eficiente pode ser utilizá-los como uma forma de proteção no caso de surgir a necessidade de se utilizar grandes montantes em moedas estrangeiras.
Como funcionam os fundos cambiais?
Ao contrário do que se pode pensar, os fundos cambiais não são negociados na bolsa de valores. Eles são operados por instituições financeiras ou corretoras de valores que atuam como administradores dos ativos do fundo.
Os investimentos nesse tipo de produto podem ser realizados tanto em títulos públicos quanto em títulos privados, como as debêntures, por exemplo. Porém, é importante respeitar o percentual mínimo de investimento em moeda estrangeira, que nesse caso é 80%.
Normalmente, os gestores desses tipos de fundos trabalham através de operações de Swap, compra de derivativos, ou algum outro ativo do gênero, de modo que que se consiga, de certa forma, “proteger” o capital contra as oscilações do câmbio, que naturalmente ocorrem em qualquer cenário econômico.
Um fundo cambial não faz investimentos diretos em moedas estrangeiras como dólar ou euro, mas em títulos dessas moedas por meio dos derivativos. Assim, esses fundos de investimento não seguem exatamente a cotação da moeda ainda que tenha, por exemplo, como benchmark a variação do dólar.
No entanto, apesar de não seguirem exatamente a cotação da moeda, os fundos estão sujeitos à variações no câmbio que podem sofrer influência de diversos fatores, incluindo políticas de controle cambial.
Controle cambial
Os swaps cambiais, criados em 2001, funcionam como venda de dólares no mercado futuro e permitem que o Banco Central do Brasil possa intervir na movimentação do câmbio sem que seja necessário abrir mão das reservas internacionais.
Já nos leilões com compromisso de recompra, o Banco central vende dinheiro das reservas internacionais com promessa de recompra do dinheiro no futuro, quando mercado estiver mais estável.
Ao final de 2018, por exemplo, diante do cenário conturbado, o Banco Central do Brasil realizou diversos leilões de dólar para segurar a cotação da moeda norte americana. Entre os dias 28 de novembro o final de de dezembro foram vendidos pelo Bacen US $ 12,25 bilhões das reservas internacionais.
Além de promover leilões de linha, o Bacen renovou integralmente contratos de swaps cambiais em circulação no final de 2018. Apesar de o processo ser realizado em reais, os swaps funcionam na prática como venda de dólar no mercado futuro.
Em dezembro de 2018 o Bacen renovou US$ 10,4 bilhões de contratos de swap. Os papéis que venceriam em 2 de janeiro foram trocados por outros que vencem em maio, julho e novembro de 2019.
Nesse cenário, apesar da alta de 17% do dólar durante oa no de 2018, a moeda fechou a última semana de dezembro do mesmo ano com queda de 0,53%.
Por fim, vale ressaltar que além de variações no câmbio, os investimentos em fundos cambiais estão sujeitos à taxas de administração e imposto de renda. Dessa forma, mesmo que o investidor obtenha lucro com a variação da moeda, deverá descontar do seu lucro esses valores.
Nesse sentido, antes de aplicar capital em um fundo cambial, o investidor deve estar atento aos valores cobrados pela instituição e ao tempo de investimento, pois essas variáveis podem inviabilizar a operação.
Qual o rendimento dos fundos cambiais?
Um fundo cambial têm como objetivo principal oferecer aos seus investidores proteção contra variações cambiais. Nesse sentido, a maior parte das pessoas ou empresas que aplicam capital nesses produtos não buscam maior rentabilidade, mas sim proteção contra a desvalorização da moeda.
No entanto, dependendo da composição é possível sim auferir uma rentabilidade extra com aplicação em fundos cambiais.
Os 20% que podem ser destinados a outros produtos podem garantir essa rentabilidade se aplicados de maneira eficiente pelo gestor do fundo. Em alguns casos o retorno pode chegar a 100% do CDI.
Porém é preciso estar atento a cobrança de taxas de performance e administração que podem impactar a rentabilidade da aplicação. Altas taxas de administração, por exemplo, podem inviabilizar a operação.
Ademais, é importante analisar o histórico de ganho do fundo cambial no qual se pretende investir, avaliar o cenário internacional e estudar os valores para garantir um melhor desempenho.
Além disso, uma ponderação importante acerca desse investimento é que tanto o aporte quanto o resgate do montante principal são feitos em nossa moeda, ou seja, em reais.
Por fim, deve-se considerar que o rendimento dos fundos cambiais, em geral, é menor do que o rendimento da renda variável, o que altera o custo de oportunidade.
Tributação dos fundos cambiais
Outro fator a ser considerado para projetar a rentabilidade é o tempo de aplicação que interfere no imposto de renda. No caso de investimentos em fundo cambial aplica-se a tabela de imposto de renda regressivo, que também é aplicado sobre a maioria dos investimentos em renda fixa.
Tabela regressiva de imposto de renda aplicado sobre investimentos em fundos cambiais:
- 22,5% da rentabilidade em até 6 meses de aplicação;
- 20% da rentabilidade entre 6 meses e um ano de aplicação;
- 17,5% da rentabilidade entre um e dois anos de aplicação;
- 15% da rentabilidade depois de dois anos de aplicação;
Portanto, investimentos com prazo muito curto acabam pagando maior percentual de impostos, enquanto investimentos com prazos maiores estão sujeitos à taxas menores. Nesse sentido, o tempo é um importante fator no cálculo do retorno dos investimentos.
Vantagens do fundo cambial
Embora um fundo cambial tenham como principal objetivo proteger seus investidores contra variações cambiais, ainda é possível garantir lucros com esse tipo de operação.
Nas aplicações nesse tipo de produto o investidor pode ganhar com a variação cambial para cima, beneficiando-se de uma situação normalmente desfavorável, que é a desvalorização da moeda nacional.
Nesse sentido, os fundos podem ser uma aplicação eficiente não só para quem vai realizar operações em moedas estrangeiras no futuro, mas também para investidores em busca de diversificação.
Como sabemos, a diversificação é fundamental para diluir os riscos relacionados a um determinado mercado ou ativo. Nesse sentido, o fundo cambial, além de outras vantagens, pode ajudar a diluir os riscos relacionados a participação da moeda estrangeira na bolsa.
Um fator de grande impacto na bolsa de valores no Brasil é a entrada e a saída de investidores estrangeiros. Em geral, quando há fuga de investimento externo a bolsa tende a cair, enquanto o fundo cambial tende a subir. O movimento contrário também costuma ocorrer.
Nesse cenário, manter parte do capital investido em um fundo cambial pode ajudar a diminuir a volatilidade de uma carteira de investimentos.
Desvantagens do fundo cambial
Apesar das vantagens que os investimentos em fundos cambiais possibilitam, é importante salientar, que com tudo na vida, existe também a contraparte de se investir neste tipo de fundo.
A principal dessas contrapartes se faz presente no fato de existirem as famosas taxas de administração, tradicionalmente cobradas pelos fundos, que tendem a impactar a rentabilidade da aplicação.
Outro ponto de que merece um destaque de atenção diz respeito ao Imposto de Renda (IR), que normalmente é cobrado de maneira regressiva sempre em torno da rentabilidade.
Por fim, vale lembrar que a operação cambial não é uma ciência exata e está sujeita a diversos fatores alheios, portanto não existe nenhuma garantia de comportamento do mercado.
Um câmbio estável pode passar por variações bruscas do dia para a noite diante de ações políticas ou econômicas de outros países, incluindo práticas nacionais de controle de câmbi0.
Vale a pena investir em fundos cambiais?
Os fundos cambiais aplicam obrigatoriamente maior parte de seus recursos disponíveis (pelo menos 80%) em ativos que têm relação direta ou que são sintetizados em moedas estrangeiras, mais comumente, dólar ou euro.
Portanto, seus investidores podem se beneficiar de movimentos de alta da moeda estrangeira a qual está atrelado frente ao real, ou ter perdas em casos de variação negativa nesse parâmetro.
Dessa maneira, de acordo com as suas especificidades, os fundos cambiais podem ser aplicações interessantes, sobretudo para investidores com maior disposição à riscos. Essa modalidade de investimento, no entanto, pode não ser uma boa alternativa para quem busca construir patrimônio e acumular capital.
De modo geral, um fundo cambial vale a pena principalmente para quem deseja se proteger da desvalorização da moeda nacional. Seja um pessoa que pretende fazer uma viagem para o exterior ou empresas que precisam importar matérias-primas e insumos para produção, ou ainda, pessoas ou empresas que possuam dívidas em outras moedas.
Além disso, em um grau menor, os investimentos em fundos cambiais podem ser vantajosos para investidores mais experientes ou especialistas de câmbio que podem se aproveitar do conhecimento para auferir maior rentabilidade.
Por fim, vale destacar que, apesar de os fundos cambiais se constituem em uma modalidade de investimento que pode ser vantajosa para vários investidores, antes de fazer qualquer aplicação, é necessário estar atento às desvantagens e riscos envolvidos nesse tipo investimento.
Embora os fundos cambiais contem com gestão e auxílio de diversos profissionais, o que pode minimizar alguns riscos envolvidos, outros riscos podem ser mais difíceis de serem diluídos.
Nesse sentido, além dos custos, como taxas de administração e imposto de renda, os investidores devem estar cientes que existem os riscos atrelados ao câmbio.
Como essa é uma variável que depende de diversos fatores inerentes ao mercado, como disputas comerciais entre outros países, por exemplo, sua previsibilidade nem sempre é viável.
Como investir em fundos cambiais?
Para fazer aplicação de capital em um fundo cambial o investidor deve buscar o máximo de informação possível a respeito deste tipo de produto, incluindo informações sobre rentabilidade, perfil indicado, vantagens e desvantagens.
Como investir em dólar?
Existem no mercado existem diversas modalidades de investimento que permitem aplicação em moeda norte americana. No entanto, existem algumas modalidade mais acessíveis do que outras. As quatro maneiras diferentes que podem tornar o investimento em dólar uma tarefa bem simples em dólar, são:
O que é dólar futuro?
Quando falamos de dólar futuro, estamos falando de uma maneira bastante conhecida de se investir em moeda norte americana.
O que é um cupom cambial?
O cupom é basicamente a remuneração, em dólares, dos reais investidos no Brasil. A métrica é dada através da variação da taxa de juros nacional, O CDI, menos a variação do câmbio no período de cálculo.
O que é um fundo de investimento?
De maneira simples, um fundo de investimento é um produto do mercado financeiro no qual várias pessoas aplicam o seu dinheiro em conjunto, mas não necessariamente aplicam a mesma quantidade. Em geral, cada fundo tem um valor mínimo que deve ser investido.
O que é um fundo de investimento multimercado?
Um fundo de investimento multimercado é um tipo de fundo que faz aplicações em diversos produtos. Esses fundos costumam manter aplicações em juros, ouro, ações e moedas estrangeiras como euro e dólar.